Capítulo 34 - Amanhecer de Novos Sentimentos

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Os primeiros raios de sol invadiam o quarto através das cortinas entreabertas. Clara abriu os olhos lentamente, sentindo o calor do corpo de Luísa contra o seu. O cheiro familiar de pele e suor da noite anterior ainda pairava no ar, misturado com o perfume suave de Luísa. Ela se moveu devagar, tentando se ajustar na cama sem acordar Luísa, mas ao se virar, viu que os olhos dela já estavam abertos, observando-a.

– Bom dia – Luísa murmurou, sua voz ainda rouca de sono.

Clara sorriu, sentindo o coração acelerar ao ver aquele olhar tão carinhoso. – Bom dia – respondeu, passando os dedos levemente pelo cabelo bagunçado de Luísa.

O silêncio entre elas era confortável, preenchido apenas pelos sons suaves do amanhecer lá fora. Mas Clara sabia que havia mais a ser dito, mais a ser compreendido sobre o que estavam construindo juntas. Ela tomou coragem e quebrou o silêncio.

– Sobre ontem à noite... – começou Clara, escolhendo cuidadosamente as palavras. – Foi... incrível, mas... você estava muito bêbada, Luísa. Como está se sentindo agora?

Luísa sorriu de lado, aquele sorriso que Clara tanto amava, e se virou de lado para ficar mais próxima.

– Eu sei, eu estava um pouco fora de controle, né? – disse Luísa, com um leve rubor nas bochechas. – Mas, não me arrependo de nada. Só... espero que eu não tenha passado dos limites.

Clara sentiu um calor se espalhar pelo peito ao ouvir a sinceridade na voz de Luísa. Ela segurou o rosto de Luísa com carinho, seus polegares acariciando a pele macia de suas bochechas.

– Você nunca passaria dos limites comigo – disse Clara, suavemente. – E sim, foi incrível. Mas, vamos tentar não beber tanto da próxima vez, ok? Quero que a gente aproveite esses momentos plenamente, juntas, de forma consciente.

Luísa assentiu com um sorriso tímido, aproximando-se para um beijo suave. Seus lábios se encontraram de maneira lenta, sem a urgência da noite anterior, mas com a mesma intensidade de sentimentos. Elas ficaram ali por alguns segundos, saboreando a proximidade e o calor.

– O que você acha de tomarmos um café da manhã decente? – sugeriu Clara, enquanto se afastava um pouco, mas ainda segurava a mão de Luísa.

– Acho uma ótima ideia – Luísa respondeu, esticando o corpo como um gato preguiçoso.

Ao descerem as escadas da casa de praia, Clara e Luísa encontraram o grupo de amigos reunido na área externa, próximo à piscina. O clima estava perfeito, o céu azul e o som das ondas quebrando ao longe deixava o ambiente ainda mais relaxante. Luísa, mais à vontade após a noite anterior, andava ao lado de Clara, trocando olhares cúmplices de vez em quando.

Mas o clima leve foi interrompido assim que Pedro, o amigo insistente de Luísa, se levantou da cadeira e caminhou direto até Clara, esboçando aquele sorriso que já havia se tornado incômodo.

– Clara, você parece estar radiante hoje. Será que é o sol ou você que tem esse brilho todo? – disse Pedro, com uma tentativa mal disfarçada de charme.

Clara sorriu sem graça, buscando com os olhos o apoio de Luísa, que observava a cena de perto.

– Obrigada, Pedro... Acho que é só o clima mesmo – respondeu Clara, tentando ser educada enquanto desviava de seu olhar invasivo.

Antes que Pedro pudesse continuar, Luísa se aproximou, colocando uma mão firme na cintura de Clara, como um lembrete silencioso de que Clara não estava sozinha.

– Pedro, já estávamos indo nos sentar, por que você não se junta ao grupo? – disse Luísa, em um tom que, embora amigável, deixava claro que a aproximação de Pedro era indesejada.

Pedro hesitou por um momento, percebendo o recado nas entrelinhas. Ele deu um passo para trás, soltando um riso forçado.

– Claro, Luísa, claro. Eu só estava conversando com a Clara. Nos vemos ali, então – ele disse, antes de voltar para perto dos outros.

Clara soltou um suspiro aliviado, inclinando-se para Luísa com um sorriso agradecido.

– Você sempre aparece na hora certa, não é? – sussurrou Clara.

Luísa retribuiu o sorriso, apertando levemente a cintura de Clara. – Sempre estarei aqui por você, amor. Pedro vai aprender a dar um tempo.

Elas seguiram juntas até a área externa, onde o resto do grupo estava reunido, todos animados para começar o dia de diversão. Mas Clara percebeu rapidamente que não seria um dia totalmente tranquilo. Do outro lado da mesa, Carla, uma das amigas de Clara, estava observando Luísa com um olhar que Clara conhecia bem.

Carla, com seu estilo despojado e jeito desinibido, sempre fora a amiga que não se intimidava por nada. Clara a conhecia desde a faculdade, e, por mais que confiasse em Luísa, sabia que Carla era do tipo que gostava de provocar.

Assim que Luísa se sentou ao lado de Clara, Carla se inclinou na direção delas, com um sorriso malicioso.

– Luísa, parece que você fica ainda mais bonita a cada vez que a gente se vê – disse Carla, em um tom que claramente indicava algo além de um simples elogio.

Clara observou a interação com atenção, mas Luísa, mantendo sua compostura, apenas sorriu de volta.

– Obrigada, Carla. O clima aqui realmente faz a gente se sentir bem – respondeu Luísa, tentando não dar corda para o flerte.

Carla, no entanto, não desistiu tão facilmente. Ela riu e lançou um olhar provocador para Clara antes de voltar o olhar para luisa... 

À Prova de Fogo ( ROMANCE LESBICO )Onde histórias criam vida. Descubra agora