Capítulo 11: Silêncios e Olhares Distantes

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Após uma tarde relaxante e cheia de risos, Luísa deixou Clara em casa. Enquanto Clara se aproximava da porta de entrada, notou uma caixa de flores delicadamente embrulhada, repousando no capacho. O cartão, em letras elegantes, dizia apenas "Para a bela Clara". O gesto a fez sorrir, e Clara ponderou sobre quem poderia ter enviado as flores. Seu sorriso, porém, se desfez um pouco quando percebeu que Luísa parecia apressada e não fez menção alguma ao presente, apenas se despediu rapidamente.


Nos dias que se seguiram, a mudança no comportamento de Luísa tornou-se cada vez mais evidente. Clara notou que suas mensagens e ligações eram respondidas com respostas curtas e desanimadas. Luísa parecia distante e Clara, preocupada, começou a refletir sobre o que poderia estar acontecendo. Decidiu dar um espaço a Luísa, acreditando que ela poderia estar passando por um momento difícil que preferia enfrentar sozinha.


A ausência de Luísa começou a pesar sobre Clara. Ela sentia a falta das conversas e da conexão que compartilhavam. Na esperança de distrair-se e talvez encontrar alguma resposta para a distância de Luísa, Clara decidiu sair com amigas para um bar na noite de sexta-feira. O ambiente animado e a companhia de suas amigas inicialmente ajudaram a levantar seu ânimo.No entanto, conforme a noite avançava e as bebidas eram consumidas, Clara começou a se comportar de maneira mais desinibida. Ela se entregou à música e à dança, deixando-se levar pelo momento e pelos estranhos que a cercavam. Clara dançava com um grupo de homens, tentando esquecer a angústia que a consumia. A bebida havia a deixado despreocupada, mas também a deixou mais vulnerável.


Enquanto isso, Luísa, que estava tentando se distrair em outro lugar da cidade, decidiu entrar no mesmo bar para um drinque rápido. Quando a avistou, seu coração apertou ao ver Clara naquela condição. Luísa percebeu que Clara estava claramente alterada, perdida na multidão e nos efeitos do álcool. A cena a deixou profundamente preocupada e decidida a intervir.Luísa a seguiu até o banheiro feminino, onde Clara estava se apoiando na pia, os olhos vermelhos e lacrimejantes. O ambiente era barulhento e cheio de ecos, e a visão de Clara naquela situação partiu o coração de Luísa.


- Clara, precisamos conversar – Luísa falou com uma voz suave, tentando não ser intrusiva.


Clara se virou, com o rosto manchado de lágrimas. Seu estado emocional estava à flor da pele.


- Não, Luísa, não agora – Clara tentou se afastar, mas Luísa a segurou pelo braço com firmeza.


- O que está acontecendo com você? – Luísa questionou, sua voz transbordando preocupação.


- Estou... eu estou bem– Clara começou a chorar mais forte, o som das lágrimas sendo interrompido por soluços. – Tá doendo, me solta. Não é só o trabalho, é tudo. Eu estou tão cansada, me sinto perdida, eu não sei o que fazer.


Luísa, ao ver a dor genuína nos olhos de Clara, a puxou para um abraço apertado. O som do bar parecia desaparecer ao redor delas, e Clara se entregou ao consolo que Luísa oferecia.


À Prova de Fogo ( ROMANCE LESBICO )Onde histórias criam vida. Descubra agora