Capítulo 12: Distância Crescente

18 5 0
                                    

Os dias seguintes foram um borrão para Clara. Ela se afundava no trabalho, mas não conseguia evitar a crescente angústia que tomava conta de seus pensamentos. A distância entre ela e Luísa parecia aumentar a cada dia, e cada mensagem não respondida ou ligação ignorada era como um golpe em seu coração.


Clara olhava para o celular constantemente, esperando, desesperada por qualquer sinal de Luísa. As mensagens que ela enviava eram respondidas com poucas palavras ou até mesmo com silêncios que a deixavam ainda mais ansiosa.


Naquela semana, enquanto Clara trabalhava em mais um longo turno no hospital, uma emergência envolvendo um incêndio trouxe um grupo de bombeiros até a entrada. Clara reconheceu Luísa imediatamente, carregando uma mulher desmaiada nos braços. O rosto de Luísa estava coberto de fuligem, os olhos focados no paciente à sua frente, mas ela não pôde deixar de notar Clara parada ao longe.


Clara hesitou, mas se aproximou, mantendo o olhar fixo em Luísa enquanto ela passava. O coração de Clara batia acelerado, não apenas pela adrenalina do momento, mas pela tensão que pairava no ar entre elas. Luísa a olhou rapidamente, uma troca de olhares que durou apenas um segundo, mas que carregava uma infinidade de sentimentos não ditos.


- Precisamos conversar – Clara disse, a voz suave mas carregada de urgência, enquanto acompanhava Luísa até a sala de emergência.


- Não é o momento, Clara – Luísa respondeu, sem desviar o olhar do paciente. 


Seu tom era firme, mas havia uma tristeza oculta ali, algo que Clara reconhecia, mas não conseguia decifrar completamente.


Clara ficou ali, observando Luísa se afastar com o paciente, sentindo-se impotente. Ela queria correr atrás dela, exigir respostas, mas sabia que não poderia fazer isso naquele momento, não ali. Mais uma vez, Luísa estava fora de seu alcance.


À medida que o dia passava, Clara não conseguia tirar Luísa da cabeça. O olhar dela, a forma como parecia estar carregando o peso do mundo sozinha, sem compartilhar nada com Clara, era doloroso de se ver. E a incerteza do que estava acontecendo entre elas estava começando a consumir Clara por dentro.


Naquela noite, Clara voltou para casa exausta, tanto física quanto emocionalmente. Ela se jogou no sofá, segurando o celular na mão, mas sem coragem de enviar mais uma mensagem. Em vez disso, fechou os olhos, tentando afastar a sensação de perda que começava a se instalar permanentemente em seu peito.

À Prova de Fogo ( ROMANCE LESBICO )Onde histórias criam vida. Descubra agora