TRÊS MESES ANTES
Encarei os seus olhos azuis por um tempo e quase fui de volta pro quarto quando ele se levantou do meu sofá. Desci o último degrau e me virei pra porta, pronta pra desaparecer da sua frente.
— Nós precisa conversar. — Travei e respirei o mais fundo que eu conseguia.
As crianças ainda dormiam, o meu pai e a Luana permaneciam trancados no quarto e o sol tinha acabado de surgir... encarar o Conan não era algo que eu deveria fazer naquele momento. Não depois daquela madrugada. A madrugada que quase fui de encontro ao mar achando que fodi com o 2K. Tentar contra minha própria vida, foi o meu limite.
— Manuella.
— Eu não posso fazer isso agora.
— Há três soldados meu do lado de fora. Dois tem ordens de seguir você pelo Vidigal enquanto estiver aqui. — Fechei os olhos sentindo a mágoa aumentar. — O outro tem ordem exclusiva pra matar qualquer filho da puta que se aproximar de você.
Tentei não rir, mas não consegui evitar.
— O que acha que eu vou fazer quando sair por essa porta, Conan? — Me virei e encarei o gigante há poucos metros de mim. — Colocar uma arma na cabeça da tua mulher e apertar o gatilho?
Ele fechou os punhos e se aproximou de mim... eu pude sentir o cheiro de menta e cigarro do seu hálito quando ele parou bem na minha frente. Seus cabelos soltos caíram quando ele se aproximou do meu rosto.
— Não ameace a Sofia, ela não tem nada a ver com isso. O problema aqui...
— O problema aqui sou eu! — Completei, sem conseguir esconder a raiva que sentia de mim, dele e de todos ao meu redor. — Sempre foi eu! A Manuella não pode assumir uma empresa porque ela não é boa o suficiente pra comandar. A Manuella não pode se envolver com um ADA porque ele não é digno de uma "herdeira" do Comando Vermelho. A Manuella não pode criar os próprios filhos porque é mentalmente instável!
— Manuella...
— A Manuella não pode sair por aquela porta porque é completamente louca, e é bem capaz de tocar fogo na favela inteira!
— Você tá passando dos limites!
— Quem está passando dos limites são vocês!
— O que você quer que eu faça quando a minha própria irmã tenta se matar!? — Ele grita me fazendo fechar a boca. — Quer que eu sente e aplauda a merda que cê tá transformando a tua vida?!
— Eu só quero que você me deixe viver!
— Você tentou se matar!
— Porque tudo isso está me machucando, Conan!
A sua boca se fechou e eu me senti mau. Não era culpa dele. A falta que eu sentia, a mágoa e toda a dor que meu coração se envolvia, não era por causa dele. Dei um passo na sua direção e parei vendo o azul intenso dos seus olhos se inundarem. Suspirei.
— Não tente me deter, não tente me fazer seguir as suas regras.
— Você é... você... eu preciso te proteger!
— Eu não sou a Sofia.
— Você é minha irmã!
— Isso! — Respondi e sorri. — Sua irmã, apenas a sua irmã. Eu não quero que você se torne o nosso pai, não me dê ordens como ele faz... se você fizer, eu vou te odiar.
Sua boca se abriu, mas não houve resposta.
O Conan era protetor com tudo a sua volta, eu entendia a sua necessidade de controle com a Sofia, com a Flavia e com todos no seu comando, mas comigo aquilo não era possível. O homem que poderia até colocar um dedo nas minhas decisões, não estava mais ali.
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O Crime Perfeito - Livro 4
General FictionUm brinde ao doce sabor da vingança. Livro contem: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Estupro Crime de Ódio Violência contra Mulher Tortura física e psicológica