PRÓLOGO

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MANUELLA

Acordei no meio da noite com a Vivian chorando. Me sentei na cama, procurando a ameaça, mas não havia nada. Nada além do papel bem dobrado e largado de frente à porta fechada. Dei um pulo da cama e catei o papel. Desci as escadas e escancarei a porta da frente com pressa. Mais uma vez, nada. Amassei o papel e voltei para dentro de casa para socorrer a Vivian. Tirei a Vivian do berço, embalei-a nos braços até que se acalmasse. Nervosa, abri a mão, segurando o papel.

Acordei no meio da noite com a Vivian chorando. Me sentei na cama, procurando a ameaça, mas não havia nada. Nada além do papel bem dobrado e largado de frente à porta fechada. Dei um pulo da cama e catei o papel. Desci as escadas e escancarei a porta da frente com pressa. Mais uma vez, nada. Amassei o papel e voltei para dentro de casa para socorrer a Vivian. Tirei a Vivian do berço, embalei-a nos braços até que se acalmasse. Nervosa, abri a mão, segurando o papel.

Mas e se fosse apenas o Rodrigo armando uma emboscada?

O Rodrigo tinha mostrado as suas garras hoje cedo; sua loucura tinha feito o meu pai aparecer nitidamente na TV junto da Luana. Eu sabia que um terço daquela culpa era minha, mas a Lu era tão culpada quanto eu. A Karine tinha feito o trabalho sujo, ido ao hospital no meu lugar. Convencê-la não foi difícil; expliquei o que eu queria que ela fizesse e dei todas as instruções... Uma pena que tudo tinha culminado num desastre. No lugar de incriminar o Rodrigo por algo, agora havíamos acordado um monstro.

Mentalmente exausta, olhei para os meus braços e vi a Vivian dormindo. Devagar, levei-a até o berço. Me afastei e quase chorei por conseguir fazê-la dormir tão rápido. Me virei e, em passos lentos, abri a porta. Eu precisava de água. Nenhum barulho vinha da rua enquanto descia as escadas, nada que me fizesse ficar em alerta. Fui na direção da cozinha, e o relógio do micro-ondas marcava quase duas da madrugada. A casa estava em completo silêncio. Peguei a água e fui para o sofá. Peguei o papel de volta e desamassei... e lá estava o endereço.

Sempre era um diferente, mesmo bairro, mas um ponto novo. Suspirei, tentando raciocinar, buscando encontrar algo que eu pudesse ter deixado passar. Eu havia tentado esperar a pessoa que me enviava aquilo, mas nunca conseguia. Não havia uma constância, uma frequência certa... Nem sempre era à noite; às vezes estava entre os bancos do meu carro enquanto eu deixava as crianças na escola, dentro de uma das gavetas do meu guarda-roupa, sempre onde eu pudesse encontrar. Chegava a ser exaustivo tentar entender tudo aquilo.

O telefone tocou e, lentamente, busquei o aparelho na mesinha. Eu odiava atender aquela porcaria, mas peguei e levei ao ouvido.

— Quem morreu? — Esperei que respondessem e nada saiu. — Vamos, não tô pra brincadeira idiota! — Esperei mais um pouco e desisti.

Coloquei o telefone de volta com raiva. Meu pai tinha razão, era um doente que não tinha mais o que fazer. Me levantei do sofá e fui até a janela, coloquei o copo de lado e... O telefone voltou a tocar. Quis gritar, mas tudo que fiz foi deixar o desgraçado tocar até cair. O silêncio durou pouco tempo, ele voltou a tocar. Agarrei a cortina com raiva e fui até o telefone. Tirei-o do gancho e quase gritei:

— Qual o seu problema? Não tem ninguém pra foder uma hora dessas? Eu tenho! Tenho um belo pau pra foder e você tá atrapalhando, já ouviu falar de Xvideos? Vai lá tocar uma punheta, seu filho da puta!

Desliguei o telefone, quase arremessando-o longe. Eu não tinha mais paciência! Peguei o copo perto da janela e fui para a cozinha. Dei poucos passos e ouvi o barulho do funk saindo do meu celular. Alguém ligava para ele. Parei, colocando o copo na pia e encarando as escadas. Ele tocava no meu quarto, e xinguei baixo quando pensei na Vivian acordando outra vez. Comecei a ir até as escadas, mas, do nada, o funk parou e quase pulei quando a linha da cozinha começou a tocar.

O Crime Perfeito - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora