PAULO
Chovia forte, e o som das gotas batendo no carro me ajudava a pensar. Eu vinha acompanhando aquele filho da puta do juiz há horas, observando cada passo dele, cada movimento durante aquele maldito dia. Ele era um problema, um daqueles que não se resolvem com dinheiro ou ameaças simples. Bom, dinheiro eu nunca ofereceria, mas faria ele entender quem mandava na sua vida de merda.
Quando a porta da casa dele se abriu e ele entrou, dei o sinal. Peguei dois dos meus homens, caras discretos e eficientes, e saímos do carro. Andamos na chuva, passando despercebidos pelas ruas escuras do bairro dos bacana. O tipo de lugar onde ninguém espera que algo assim aconteça. Eles acham que estão seguros, que estão acima de nós. Idiotas.
O moleque que sabia mexer com fechaduras fez o que precisava em questão de segundos. A porta abriu, e entramos sem um ruído. Eu fechei a porta atrás de nós, deixando a noite lá fora. O ambiente estava quieto, só o som de um chuveiro ligado ecoava pela casa. Eu liderava o caminho, e os outros dois ficavam na retaguarda, sempre atentos. Subimos a escada, e cada passo que eu dava parecia mais certo. Era como se eu estivesse voltando pra casa.
Quando me aproximei do banheiro, ouvi o chuveiro parar. Os passos dele se moveram lá dentro. Era agora. Entrei no banheiro sem cerimônia, empurrando a porta devagar. O cara estava de costas, se ensaboando, sem a menor noção do que estava prestes a acontecer. Esperei ele se virar, como um predador pacientemente esperando o momento certo de atacar.
Quando ele se virou e me viu ali, o susto nos olhos dele foi quase engraçado.
— O que... quem é você? — Ele gaguejou, tentando manter a pose de homem da lei.
Eu sorri, aquele sorriso que não traz nada de bom. Ele sabia, naquele instante, que estava ferrado.
— Eu? Eu sou o cara que vai resolver todos os teu problema, doutor.
Vi a confusão em seus olhos assustados, tentando, sem sucesso, olhar pra um de nós três ali. Abri o box e o infeliz foi pra trás, se chocando contra a parede e escorregando até está sentado no chão, como um animalzinho indefeso.
— Doutor, preciso que me faça um favor. — Sorri, enquanto tirava a Glock da cinta. — Uma parada simples. — Destravei o cano. — Tem um caso em suas mãos... família Brandão. — Vi ele engolir em seco. — Quero que saia do caso, por livre e espontânea "bondade".
O juiz ficou em silêncio por um segundo, o pânico crescendo no olhar dele. Eu conseguia ver o medo crescendo no fundo dos olhos, mas ainda tinha aquele brilho, aquele resquício de esperança de que ele poderia sair dessa.
— Eu não posso... — Ele começou a falar, tentando levantar a voz, mas ela saiu fraca, tremida.
— Pode sim, doutor. — Interrompi, abaixando a Glock um pouco, só pra ele não achar que eu ia atirar de cara. Deixei a arma pendendo na mão, enquanto me agachava na frente dele, mantendo o olhar fixo nos seus. — Vai dar um jeito, vai arrumar uma desculpa. Tua saúde, tua família... inventa o que for. Só sai do caso.
— Você não sabe o que está pedindo... — Ele tentou de novo, com aquela voz patética de alguém que já tá quebrado. — Minha carreira... minha ética...
Eu ri, um riso baixo e frio, porque não tinha nada naquela situação que fosse ética.
— Tua carreira? Tua ética? Tu tá me tirando, porra? — Aproximei meu rosto do dele, deixando ele sentir a tensão no ar. — Isso aqui não é sobre tua porra de ética. Isso aqui é sobre sobreviver. Sobre fazer o que precisa ser feito pra não ter essa tua cara arrombada! Tá entendendo o pai?
Ele começou a tremer, a agarrar os próprios joelhos em completo desespero.
— Não posso... não esse. — Minha mente entendeu. E talvez até ele tenha entendido toda aquela situação. — Posso... posso tentar.
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O Crime Perfeito - Livro 4
Fiksi UmumUm brinde ao doce sabor da vingança. Livro contem: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Estupro Crime de Ódio Violência contra Mulher Tortura física e psicológica