SEIS MESES DEPOIS
— Não! — Enfatizei. — Eu não vou.
— Você o prendeu!
— Eu gostaria de tê-lo matado.
— Não é assim que funciona, Brandão!
— É assim que eu sou! — Ouvi os seus passos e esperei pelo esculacho.
— Você ainda está aqui, não estar? Então segue as regras! — Olhei pra cima.
O delegado Lopes, ou, como eu gostava de chamá-lo, o meu demônio particular, tinha uma expressão irritada no rosto. Não era novidade que aquela carranca estivesse direcionada a mim, nos últimos meses, enquanto as missões brotavam, tudo o que eu via era ele e suas caretas. Já tive a dúvida se ele não estaria tendo um AVC enquanto discutia comigo. Era engraçado o quanto ele tentava me controlar.
— Vai ganhar pontos com ele se estiver lá! — Foi a minha vez de fazer careta.
— O que eu faço com esses pontos? Consigo comprar uma bolsa?
— Manuella! — Sorri do seu rosto ficando vermelho.
— Assume você essa posição idiota.
— Posição idiota? — Ele gritou e vi a saliva se chocar contra o tampo da mesa, pelo menos a minha cadeira estava longe. — Você está em primeiro lugar, porra! — Sorri ao ouvir o xingamento e o soco contra a mesa. — Você é a melhor da sua posição, mais de cinquenta agentes estão vindo para te ver e te ouvir!
— Coloque o Murilo.
— A porcaria da sua sombra não é o suficiente!
— Então vai você! — Falei irritada. — Não é a droga do meu chefe, que ordenou a prisão e a operação?
— Ahh, pelo amor de Deus!
Deus não tinha nada a ver com a minha recusa. Talvez fosse o medo. É. Isso poderia ser.
— Eu vesti uma farda, matei pessoas, prendi pessoas, incriminei pessoas por você! — Levantei. — Então, não fode! Eu não vou ficar na frente de mais de 50 pessoas e dizer o quanto me orgulho de ser uma policial... ou dá início a uma palestra idiota de como se pega na droga de uma arma!
— Eles vão idolatrar você! Porra, Brandão, sabe quanto tempo desejo ter o meu chefe sentado na plateia enquanto me gabo da droga da minha função? Eles vão te dá um troféu. — Bufei.
— Que enfiem a droga desse troféu no meio do...
— Manuella Brandão! — Bufei novamente e me virei indo na direção da porta. — Brandão! — Eu começava a odiar aquele sobrenome. — Brandão! — Me virei sem paciência.
— Eu não vou pra droga dessa cerimônia... Se quer me dispensar, fique à vontade. — Sorri. — Mas duvido que vá mandar embora a única pessoa que é fodida demais pra acatar a droga das suas ordens. — Olhei pra frente e puxei a maçaneta.
— Isso é uma ordem de cima! — Parei. — Não é minha. — Respirei fundo. — Ele te quer na droga daquele palco, sorrindo, na sua melhor roupa e falando o quanto você se orgulha da profissão que tem... e da nova operação que recebeu. — Olhei pra trás. — Parabéns, conseguiu a atenção do meu chefe e a dele, Manuella.
"Ele" em questão, era o superintendente da polícia federal do Maranhão, a onde eu estava naquele momento. O cara que, no momento, mandava e desmandava em todo o meu esquadrão, e no meu demônio particular, era ainda pior do que qualquer outra pessoa ali. Fazia um mês que eu havia sido transferida de estado e colocada numa operação especial para capturar um cara do narcotráfico que havia fugido da Itália. A investigação não havia sido fácil, mas ficar no meio do mato, dentro do mar ou escondida em cima de contêiner, não era nada comparada as outras coisas que fiz.
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O Crime Perfeito - Livro 4
General FictionUm brinde ao doce sabor da vingança. Livro contem: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Estupro Crime de Ódio Violência contra Mulher Tortura física e psicológica