NINA

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Eu duvido muito que exista alguém mais azarado do que eu em qualquer lugar do universo

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Eu duvido muito que exista alguém mais azarado do que eu em qualquer lugar do universo. Eram apenas 8 horas da manhã e, mesmo com o frio cortante, algo me dizia que o dia só iria piorar. Enquanto caminhava pela calçada, um cara em um andaime, pintando a fachada de um prédio, derrubou dois baldes de tinta vermelha sobre mim. Meu cabelo loiro claro virou uma bagunça escarlate, e meu vestido, que eu até gostava, estava irreconhecível. Eu me sentia como a Carrie, a estranha.

— Que merda é essa, garota? — A mulher que me contratou para entregar folhetos me avaliou de cima a baixo, com um olhar de desprezo.

— Foi um acidente... Você tem um banheiro onde eu possa me limpar? — perguntei, passando a mão pela roupa manchada, tentando tirar a tinta.

— Não, você não vai trabalhar para mim assim.

— Eu sei que está ruim, mas só um pouco de água já ajuda...

— Não, você não pode entregar folhetos sobre um salão de cabeleireiro nesse estado — ela respondeu, sem margem para negociação.

— Eu preciso do trabalho, por favor — implorei, quase desesperada.

Ela simplesmente me colocou para fora, fechando a porta do estabelecimento com um barulho que ecoou na minha cabeça. Respirei fundo, tentando me acalmar, e desci as escadas do prédio pequeno em um bairro movimentado de Nova York. A chuva fina começava a cair, e eu já tinha gastado meu último centavo no metrô. Agora, eu teria que encarar a chuva e voltar para casa a pé.

— Saia da frente! — gritaram de repente.

Olhei para o lado e um ciclista apareceu a toda velocidade, me empurrando para o lado. Sem conseguir me equilibrar, caí na calçada e, antes que eu pudesse entender, um carro vinha em minha direção.

Meu corpo doía, a cabeça rodava e tudo ao meu redor parecia distante, como se eu estivesse em um sonho. As luzes de uma ambulância piscavam e, em segundos, dois paramédicos estavam ao meu lado.

— Qual seu nome? — Um deles perguntou, a voz dele soando como se viesse de muito longe.

Olhei para baixo, sentindo uma dor insuportável no tornozelo e na cabeça.

— Não se mova, vamos te levar para o hospital — disse o outro, com um tom de preocupação.

Hospital. Isso soava como mais uma dívida que eu não conseguiria pagar.

— Não, por favor... — tentei falar, mas a voz mal saiu.

O mundo foi se apagando até que eu não vi mais nada.

Quando acordei, o cheiro de desinfetante invadia o quarto, minha boca estava seca e a dor de cabeça era insuportável.

— Olá, querida, que bom que você acordou — uma enfermeira simpática tocou meu braço, parecendo animada.

— O que aconteceu? — perguntei, confusa.

— Você foi atropelada e precisou passar por uma cirurgia no tornozelo, mas agora está tudo bem — disse ela, tentando me confortar.

Olhei ao redor do quarto, com paredes brancas e luzes fluorescentes que pareciam muito brilhantes. Havia um cara parado de costas para mim, olhando pela janela, os braços cruzados. Ele usava um moletom preto e um boné, o que só deixava mais misterioso.

— Ele não saiu de perto um minuto, você é uma garota de sorte — comentou a enfermeira, sorrindo.

— Ele quem? — perguntei, intrigada.

— Vou deixar vocês a sós — disse ela, e assim que a porta se fechou, voltei a olhar para o desconhecido.

Ele virou-se para mim, e a visão quase me fez esquecer da dor. Sem dúvida, era um dos caras mais bonitos que eu já tinha visto. Mas, então, percebi que o rosto dele não era tão desconhecido assim.

Caleb Mattew, estrela da NFL, o queridinho de Nova York. Eu já tinha visto ele na TV, em revistas, em brindes do McDonald's e até no telão da Times Square. O que ele estava fazendo aqui?

— Isso é alguma pegadinha do YouTube? — perguntei, incrédula.

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