𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝑳𝒖𝒛 - 𝑭𝒊𝒍𝒊𝒑𝒆 𝑹𝒆𝒕

04 - Laços

Algumas semanas se passaram desde o encontro na Lapa, e Talita estava prestes a encontrar Filipe novamente, desta vez para a tal "promessa do café." Eles haviam trocado mensagens algumas vezes, e, para sua surpresa, as conversas fluíam de forma natural. Filipe tinha um lado mais acessível do que ela esperava, e isso a deixava intrigada. O café seria uma espécie de teste para ver se essa dinâmica continuaria pessoalmente.

O encontro estava marcado para uma cafeteria discreta no centro do Rio, um lugar que Filipe frequentava quando queria fugir dos holofotes. Ao chegar, Talita logo reconheceu uma mulher de cabelos cacheados e sorriso fácil, que segurava uma câmera profissional, clicando distraidamente alguns detalhes do local.

— Oi, você deve ser a Talita, né? — A mulher perguntou com um sorriso amigável. — Sou a Steffany, fotógrafa do Filipe.

— Ah, sim! Ele já tinha falado de você — Talita respondeu, surpresa com a abordagem. — Achei que o encontro fosse só entre mim e ele.

Steffany riu, pendurando a câmera no pescoço.

— Relaxa, tô só de passagem. Vim entregar umas fotos pra ele. Mas, já que você tá aqui, queria te conhecer. Filipe falou de você esses dias. — Ela piscou, com um tom brincalhão.

— Falou de mim? — Talita arqueou a sobrancelha, sentindo a curiosidade aflorar. — E o que ele disse exatamente?

Steffany soltou uma risada baixa, claramente achando graça da reação da jornalista.

— Ah, nada muito comprometedor. Só disse que vocês tiveram uns 'esbarrões' por aí e que tava tentando te conhecer melhor. Filipe é meio fechado às vezes, mas acho que você conseguiu furar essa barreira dele.

Antes que Talita pudesse responder, Filipe apareceu na entrada da cafeteria, vestindo uma jaqueta de couro e óculos de sol. Ele se aproximou e cumprimentou ambas com um sorriso.

— Olha só, minhas duas novas melhores amigas juntas — Filipe brincou, sentando-se ao lado delas. — Steff, você já tá fazendo a Talita ficar tímida?

— Tímida? Eu? — Talita riu, cruzando os braços. — Acho que você me confundiu com alguém.

— Relaxa, Talita. A Steff é legal. Ela tá comigo faz anos, provavelmente me conhece melhor do que eu mesmo — Filipe disse, lançando um olhar brincalhão para a fotógrafa, que apenas deu de ombros com um sorriso.

Steffany, sentindo que o clima era descontraído, decidiu se sentar com eles por alguns minutos, mesmo tendo planejado sair logo. As conversas começaram leves, com piadas sobre o trabalho de cada um. Talita percebeu que Stephanie era diferente do que imaginava. Ela era extrovertida, falava com uma naturalidade cativante e, acima de tudo, era boa de papo.

— Sabe, Talita, você deve ser muito boa no que faz pra conseguir lidar com o Filipe — Steff disse, sorrindo. — Ele é um osso duro de roer. Já vi muita gente desistir.

— É? E o que faz você continuar? — Talita perguntou, divertida.

— Hábito? — Steff deu de ombros, rindo. — Ou talvez seja o desafio. Filipe me dá liberdade criativa, e isso é raro.

Filipe, que estava quieto por um momento, apenas sorriu e balançou a cabeça.

— Vocês duas se deram bem rápido demais. Devo me preocupar?

Talita e Steffany se entreolharam e riram.

— Preocupar? — Stephanie respondeu. — Acho que você devia agradecer. Se a Talita for tão boa amiga quanto parece ser jornalista, você tá com sorte.

Talita sentiu uma pontada de calor no peito. Não esperava se conectar tão rápido com alguém do círculo pessoal de Filipe, mas Steffany tinha uma energia leve, e a ideia de ter alguém com quem compartilhar aquelas situações malucas do mundo das celebridades parecia atraente.

— Bom, parece que a gente pode ser uma boa dupla, Steph — Talita disse, estendendo a mão em um gesto amigável.

— Com certeza! — Steff apertou sua mão, sorrindo largamente.

O café, que inicialmente seria apenas um encontro rápido, virou uma conversa animada entre os três. Ao final, Filipe observava as duas mulheres interagirem, mais relaxado do que jamais havia estado em um encontro. Talvez, só talvez, aquela amizade inesperada pudesse mudar sua visão sobre a própria carreira — e sobre quem ele deixava entrar em sua vida.