10 - Chuva

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O show foi uma explosão de energia. Talita sentia o chão vibrar com cada batida, e a voz de Filipe comandava a multidão como se ele estivesse em total sintonia com cada pessoa ali. Ela observava, encantada com a forma como ele se entregava à música e ao público, completamente imerso em seu elemento.

Quando o show chegou ao fim, o público gritava pedindo mais, mas Filipe acenou para a plateia e saiu do palco, exausto, porém com um sorriso satisfeito no rosto. Ele encontrou Talita e Steff nos bastidores logo depois.

– E aí, o que achou? – perguntou Filipe, ainda respirando fundo após o esforço do show.

– Foi incrível! Ver tudo isso de perto é outra experiência.– Talita respondeu, os olhos ainda brilhando de entusiasmo.

Filipe sorriu, aliviado com o feedback positivo, mas logo percebeu que a equipe começava a desmontar tudo, sinalizando que era hora de encerrar a noite. Ele olhou para Talita com a familiaridade de quem compartilhou uma noite intensa e única.

– Vou te levar pra casa.– ele disse, sem dar espaço para objeções. Talita sabia que, por trás do jeito despreocupado de Filipe, havia uma preocupação genuína, e ela gostava disso.

Os dois saíram do local juntos, com o ar quente da noite do Rio de Janeiro ainda cheio de eletricidade. Filipe estacionou o carro em frente ao local do show e abriu a porta do passageiro para Talita, que aceitou a gentileza com um sorriso. À medida que ele dirigia pelas ruas ainda movimentadas da cidade, o céu começou a se fechar, nuvens escuras se acumulando rapidamente.

–Parece que vai chover– comentou Talita, olhando para fora da janela.

E, como se o tempo tivesse ouvido, logo as primeiras gotas começaram a cair, leves no início, mas rapidamente transformando-se em uma tempestade pesada. A chuva desabou de uma vez, com relâmpagos iluminando o céu e o som da água batendo contra o vidro do carro se intensificando.

Quando Filipe estacionou em frente ao prédio de Talita, a chuva estava tão forte que o som abafava a música baixa que tocava no rádio.

– Você não vai conseguir voltar pra casa com essa chuva toda. – disse Talita, olhando preocupada pela janela.

– Tá tranquilo, eu espero um pouco e depois vou– Filipe respondeu, embora ele mesmo parecesse duvidar de suas palavras, enquanto via a tempestade piorar.

Talita olhou para ele, então para a chuva torrencial lá fora, e, sem pensar muito, virou-se para Filipe e falou:

– Por que você não sobe e espera a chuva passar no meu apartamento?

Ele a olhou, um tanto surpreso, mas não demorou muito para responder. O sorriso de Filipe era leve, mas os olhos dele tinham uma intensidade que Talita já começava a reconhecer.

– Certeza? Não quero incomodar.

– Você não vai incomodar. E, sinceramente, essa chuva não parece que vai parar tão cedo.– ela respondeu, rindo. – Vem, não vamos ficar aqui no carro.

Filipe concordou, desligando o carro e saindo rapidamente para a chuva. Os dois correram para o prédio, tentando se proteger das gotas grossas que já encharcavam suas roupas. Subiram até o apartamento de Talita, os cabelos pingando e rindo da situação.

Quando entraram no apartamento, Talita rapidamente pegou uma toalha para Filipe.

– Aqui, se seca. Vou pegar algo pra gente beber.

Filipe aceitou a toalha com um agradecimento e começou a secar o cabelo, enquanto observava o ambiente acolhedor do apartamento de Talita. Era um espaço simples, mas cheio de personalidade – fotos nas paredes, uma prateleira cheia de livros e alguns vinis espalhados pela sala.

Talita voltou com dois copos de vinho e entregou um a Filipe. Eles se sentaram no sofá, ouvindo o som da chuva forte lá fora, que agora parecia mais distante e menos intensa, enquanto estavam confortáveis e quentes dentro do apartamento.

– Acho que você estava certa. Essa chuva vai demorar.– disse Filipe, rindo suavemente, os olhos fixos nos dela.

– Eu avisei. – respondeu Talita, erguendo o copo em um brinde. Eles brindaram e beberam um gole, enquanto o clima se tornava mais descontraído.

O silêncio confortável entre os dois foi preenchido pelo som da chuva e pelo calor do momento. Talita sentia o coração bater um pouco mais rápido, ciente da presença de Filipe ao seu lado. Não era só pela proximidade física, mas também por toda a intensidade que ele trazia consigo, e que, de alguma forma, ela agora começava a compartilhar.

– Sabe, foi um ótimo show... mas acho que essa parte da noite pode ser ainda melhor.– disse ela, sorrindo levemente.

Filipe a olhou por um momento, o sorriso discreto surgindo em seus lábios.

– Concordo.

𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝑳𝒖𝒛 - 𝑭𝒊𝒍𝒊𝒑𝒆 𝑹𝒆𝒕Onde histórias criam vida. Descubra agora