05 - Beijo

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O tempo passava e o clima entre Talita e Filipe parecia esquentar a cada encontro. Embora ambos fossem independentes e focados em suas carreiras, havia uma química difícil de ignorar. Desde o primeiro café com Stephanie, os dois começaram a se encontrar com mais frequência, às vezes para trabalhar, outras só para relaxar.

Naquela noite, eles haviam combinado de ir a uma exposição de arte na Gávea. Filipe, que raramente aparecia em eventos públicos sem que fosse sobre música, tinha mostrado interesse no tema da exposição: uma série de quadros retratando o futebol carioca, tema que, obviamente, fazia os olhos de Talita brilharem. Ela aceitou o convite sem pensar duas vezes, intrigada com a escolha dele.

Quando chegaram à galeria, o ambiente estava vibrante, com luzes baixas e música suave tocando ao fundo. Os quadros exibiam momentos icônicos do futebol, desde dribles lendários até as emoções das torcidas. Filipe e Talita circulavam entre as obras, conversando sobre as peças, enquanto Filipe fazia comentários sagazes que arrancavam sorrisos de Talita.

— Esse aqui me lembra o clássico do Maracanã — ele disse, parando diante de uma pintura que retratava uma torcida em êxtase. — Só faltou o esbarrão com a jornalista mais mandona do Rio.

Talita deu um sorriso irônico, cruzando os braços.

— Ainda com essa história, Filipe? Vai ser seu tema favorito pra sempre?

— Não vou mentir, foi um bom começo — ele respondeu com um sorriso provocador, inclinando-se um pouco mais perto dela.

Aquela proximidade fez o coração de Talita disparar, e ela percebeu que seus sentimentos estavam começando a se misturar com a razão. Havia algo no jeito como Filipe a olhava, algo que ela ainda não tinha decifrado completamente. Um misto de admiração e desafio, como se ele estivesse sempre à beira de uma nova provocação.

— Um bom começo? — ela repetiu, encarando-o de perto. — Não sei se concordo. Eu diria... inusitado.

— Inusitado pode ser bom — Filipe murmurou, com um sorriso de canto, aproximando-se ainda mais. — Na verdade, inusitado é o que eu gosto.

Talita sentiu uma corrente elétrica correr pelo corpo. A tensão entre os dois era palpável agora, e Filipe parecia saber disso. Seus olhares se cruzaram, e o barulho ao redor da galeria desapareceu, deixando apenas os dois naquele momento.

— Talita... — Filipe sussurrou, hesitante por um segundo, mas seu olhar não desviava do dela.

Ela não respondeu, mas também não se afastou. O coração batia forte, e, naquele instante, ela percebeu que não havia mais por que lutar contra o que estava acontecendo. Tudo parecia levá-los para aquele exato momento.

Com uma leve hesitação, Filipe se inclinou e, com uma delicadeza inesperada, seus lábios finalmente encontraram os de Talita. O beijo começou suave, quase como uma pergunta não verbalizada, mas logo se intensificou conforme ambos cederam ao momento.

Talita fechou os olhos, sentindo o calor do corpo de Filipe se aproximar mais, e sua mão subiu instintivamente para o ombro dele. Havia algo ali, algo que ela não esperava encontrar. A intensidade que Filipe normalmente usava em suas provocações estava agora concentrada naquele toque, naquele beijo.

Quando finalmente se separaram, ambos abriram os olhos devagar, como se ainda estivessem absorvendo o que havia acabado de acontecer. Filipe, com o sorriso que ela já conhecia tão bem, manteve o rosto próximo, sem dizer nada por um momento, apenas a observando.

— Isso foi... inusitado — Talita murmurou, tentando esconder o sorriso.

— E bom? — Filipe perguntou, a voz rouca.

Talita mordeu o lábio, pensando por um segundo, mas seus olhos entregavam a resposta antes mesmo que ela falasse.

— Talvez... — disse ela, provocando, antes de dar um leve empurrão nele com o ombro. — Só talvez.

Eles riram juntos, e a tensão de minutos atrás foi substituída por uma leveza nova, como se o beijo tivesse derrubado as últimas barreiras entre os dois. Agora, o desafio não era mais o esbarrão no Maracanã ou as provocações. O desafio era descobrir até onde aquela conexão os levaria.

— Quer sair daqui? — Filipe perguntou, ainda com o sorriso no rosto, olhando para a saída da galeria.

Talita concordou, ainda sentindo o sabor daquele primeiro beijo.

— Acho uma boa ideia. Vamos.

𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝑳𝒖𝒛 - 𝑭𝒊𝒍𝒊𝒑𝒆 𝑹𝒆𝒕Onde histórias criam vida. Descubra agora