07 - Café

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O amanhecer invadiu o quarto com uma luz suave e dourada, filtrada pelas cortinas semiabertas. Talita mexeu-se lentamente entre os lençóis, ainda sonolenta. O ambiente estava calmo, o som distante das ondas batendo na areia era a única coisa que preenchia o silêncio. Aos poucos, ela foi se lembrando da noite anterior — do calor dos beijos, do toque de Filipe, e de como eles haviam se perdido na intimidade, sem pressa, mas com uma intensidade arrebatadora.

Ela abriu os olhos devagar, sentindo o corpo relaxado, quase em um estado de transe. Ao olhar em volta, percebeu que estava sozinha na cama, mas o travesseiro ao lado ainda trazia o cheiro dele, o que fez um sorriso suave se formar em seu rosto.

Antes que pudesse se levantar, ouviu o som de passos leves, seguidos pelo som familiar de xícaras tilintando. Filipe apareceu na porta do quarto, carregando uma bandeja de café da manhã. Ele vestia apenas uma calça de moletom, e o cabelo estava um pouco bagunçado, como se tivesse acabado de acordar. Mas o sorriso que ele trazia era o mesmo de sempre — aquela mistura de charme e provocação.

— Bom dia, durona — ele disse com a voz rouca da manhã, enquanto se aproximava da cama.

Talita não pôde deixar de rir ao ouvir o apelido. Ela se ergueu um pouco na cama, puxando o lençol até os ombros, sentindo-se deliciosamente confortável com a situação.

— Bom dia — respondeu, ainda com um sorriso brincando nos lábios. — Achei que você já tivesse fugido.

— Fugido? — Filipe arqueou uma sobrancelha, colocando a bandeja sobre a cama, ao lado dela. — Você tem uma ideia bem errada sobre mim, Talita. Se eu sou bom em algo, é em ficar.

Ele se sentou na beirada da cama, e Talita deu uma olhada rápida na bandeja. Havia uma xícara de café, torradas, frutas cortadas, e até um suco de laranja fresco. Era um gesto simples, mas carregado de uma atenção inesperada. Talita não pôde deixar de se sentir tocada.

— Então, café na cama? — ela brincou, pegando a xícara e levando aos lábios. — Isso parece... inesperado, vindo de você.

— Inesperado, como você sempre diz, pode ser bom — Filipe deu de ombros, inclinando-se um pouco mais perto dela. — Além disso, achei que você merecia um agrado depois de ontem.

A noite anterior ainda estava fresca em sua mente, e a maneira como ele a olhava agora só intensificava tudo o que havia sentido.

— Talvez eu mereça mesmo — ela disse, com um sorriso que revelava um pouco de malícia, mas também uma admiração que estava começando a florescer.

Filipe observou-a por um momento, seus olhos escuros percorrendo o rosto dela com uma suavidade que contrastava com a imagem pública que ele costumava exibir. Ali, naquele quarto, ele parecia menos o trapper famoso e mais um homem, genuíno, interessado em compartilhar algo mais profundo do que apenas um flerte passageiro.

— Sabe... — Filipe começou, pegando uma fatia de torrada e olhando para ela com um sorriso meio pensativo — ...não achei que isso fosse acontecer. Quer dizer, eu e você. A gente não parecia combinar muito no começo.

Talita riu suavemente, tomando mais um gole de café.

— Não vou mentir, eu também pensei a mesma coisa. Mas, aparentemente, você é bom em surpreender, né?

Filipe deu de ombros, inclinando-se mais para perto, agora com um olhar mais sério, embora ainda carregado de leveza.

— Acho que você me fez querer mostrar mais do que a maioria vê. Às vezes, a gente coloca uma armadura, sabe? Especialmente no meu meio. Mas com você... as coisas parecem mais... fáceis.

Talita deixou a xícara de café na bandeja e olhou para ele por um momento, sentindo o peso daquelas palavras. Não era comum Filipe falar assim, e aquilo mexeu com ela mais do que imaginava. Havia algo mais profundo ali, algo que ela começava a perceber que ambos estavam construindo, mesmo sem perceber.

𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝑳𝒖𝒛 - 𝑭𝒊𝒍𝒊𝒑𝒆 𝑹𝒆𝒕Onde histórias criam vida. Descubra agora