01 - Fla x Flu

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𝘗𝘰𝘷 𝘛𝘢𝘭𝘪𝘵𝘢

O Maracanã estava lotado, como sempre acontece em um clássico FLA×FLU. A torcida do Flamengo rugia nas arquibancadas, bandeiras tremulavam no ar e os gritos de incentivo pareciam estremecer o chão do estádio. Talita, uma jovem jornalista, circulava pela zona mista com sua credencial no pescoço e o bloco de anotações em mãos, pronta para qualquer entrevista de última hora ou para capturar o clima da torcida.

Ela estava com pressa. Havia recebido uma dica de que algum jogador do Flamengo poderia dar uma declaração bombástica após o jogo, e seu trabalho era estar no lugar certo, na hora certa. Enquanto cortava caminho pelo corredor reservado, distraída com o celular e as anotações, ela esbarrou violentamente em alguém. Seu bloco de notas foi ao chão, e ela quase caiu para trás, salvando-se por pouco.

— Ei! Presta atenção, pô! — ela exclamou, ainda de cabeça baixa, agachando-se rapidamente para recolher suas coisas.

— Eu? Você que não viu por onde tava andando — respondeu uma voz masculina, carregada de irritação.

Talita levantou os olhos, pronta para rebater, quando se deparou com ninguém menos que Filipe Ret, o famoso cantor de trap, que também estava ali para assistir ao clássico. Ele vestia uma camiseta Branca com o escudo do Fluminenses , óculos escuros mesmo dentro do estádio, e exalava uma confiança que beirava a arrogância.

— Claro que é você! — ela rebateu, agora de pé, ajeitando a postura. — Esse lugar é reservado para a imprensa. O que você tá fazendo aqui atrapalhando quem tá trabalhando?

Filipe levantou as sobrancelhas, surpreso com o tom agressivo dela.

— Relaxa, 'estrelinha', tô só aproveitando o jogo. Não sabia que era proibido um torcedor passar por aqui. Aliás, quem disse que eu não tô trabalhando também? — Ele deu uma risadinha irônica, claramente provocando.

Talita bufou, cruzando os braços, sem paciência para aquela atitude.

— Trabalhando? Atrapalhando o trabalho dos outros, só se for.

— Uau, você é bem mandona, hein? — Filipe disse, agora com um sorriso de canto, claramente achando graça da situação. — Deve ser difícil de lidar.

Talita revirou os olhos, irritada com o comentário, e deu as costas para ele, decidida a não perder mais tempo. Filipe, no entanto, não deixou barato.

— Qual é o seu nome, repórter durona? — ele perguntou, acompanhando-a com o olhar.

Ela parou por um segundo, virou-se lentamente, com a mão no quadril.

— Talita. Agora, se me dá licença, tenho uma matéria para escrever — respondeu, seca.

— Boa sorte com isso, Talita. E vê se não esbarra mais em mim da próxima vez — Filipe respondeu, com um sorriso provocador, enquanto ajustava os óculos.

Talita apenas o fuzilou com os olhos antes de se afastar rapidamente. "Que cara insuportável", pensou, ainda sentindo a irritação pulsar no peito. Não tinha paciência para gente cheia de si, ainda mais em um dia tão importante para sua cobertura.

O jogo começou, mas, mesmo com toda a emoção que se desenrolava em campo, Talita ainda se pegava pensando no encontro com Filipe.

𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝑳𝒖𝒛 - 𝑭𝒊𝒍𝒊𝒑𝒆 𝑹𝒆𝒕Onde histórias criam vida. Descubra agora