𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝑳𝒖𝒛 - 𝑭𝒊𝒍𝒊𝒑𝒆 𝑹𝒆𝒕

18 - Rivalidade á Parte

Na semana seguinte, enquanto Talita revisava algumas matérias no CT , seu celular tocou. Era uma mensagem de Éverton Ribeiro, algo que ela não esperava. Desde a entrevista, ele e os outros jogadores haviam sido extremamente cordiais, mas mantinham as interações no campo profissional.

"Oi, Talita! Eu e Marília vamos organizar um jantar aqui em casa com o pessoal do elenco. Achei que seria legal vocês virem também. O Filipe tá convidado, claro. Vai ser algo bem tranquilo. O que acha?"

Talita sorriu, surpresa com o convite, e logo respondeu, confirmando que adorariam comparecer. Quando contou a novidade para Filipe mais tarde, ele reagiu com um riso hesitante.

– Jantar com o elenco do Flamengo? – Filipe perguntou, cruzando os braços, claramente cético. – Sabe que eu sou Fluminense, né? Isso pode ficar meio estranho.

Talita riu e balançou a cabeça.

– Ah, deixa de besteira! Vai ser divertido. Além do mais, é só um jantar. Nada de rivalidade hoje à noite.

Filipe suspirou, mas sabia que Talita estava animada. E por ela, ele estava disposto a encarar a situação. Além disso, ele não era alguém que se deixava abater por essas rivalidades futebolísticas fora do campo, especialmente em um ambiente social.

Na noite do jantar, Talita e Filipe chegaram à casa de Éverton e Marília, onde foram recebidos calorosamente. A casa tinha um clima acolhedor, com uma decoração discreta e moderna. O elenco do Flamengo já estava lá: Gabigol, Matheusinho, Bruno Henrique, e até o técnico Jorge Sampaoli, todos acompanhados de suas respectivas esposas ou namoradas. Filipe cumprimentou todos com um sorriso educado, embora mantivesse sua postura mais reservada. Ele se sentia um pouco fora de lugar entre tantos rubro-negros, mas sabia que aquela noite não era sobre futebol. Era sobre Talita.

– Ei, Filipe, fica tranquilo – disse Gabigol, percebendo o leve desconforto de Filipe. – Hoje não tem competição. Só amizade, música e boa comida.

Filipe riu e relaxou um pouco, aceitando um copo de vinho. Talita, por sua vez, estava em seu elemento, conversando com todos e já se sentindo parte do grupo.

Marília, esposa de Éverton, logo se aproximou de Talita com um sorriso gentil. Ela era baixa, de cabelos castanhos e olhos expressivos, que refletiam uma simpatia natural.

– Prazer em te conhecer, Talita. O Éverton falou muito bem de você depois daquela entrevista – Marília comentou enquanto servia alguns petiscos. – Fico feliz que vocês tenham vindo.

– O prazer é todo meu – Talita respondeu, admirada com a simplicidade e acolhimento de Marília. – A casa de vocês é linda, e todo mundo parece super legal.

– Obrigada! Tentamos manter as coisas simples. O futebol já traz muito agito, né? – Marília disse com uma risada suave. – E seu namorado... Ele parece estar sobrevivendo bem aqui, né? Sei que ele é tricolor.

Talita riu, olhando para Filipe, que naquele momento estava em uma conversa descontraída com Matheusinho sobre música. Ele parecia mais à vontade do que ela imaginava.

– É, ele é. Mas ele sabe que em dias como hoje a rivalidade fica de lado – Talita respondeu. – Acho que o ambiente aqui ajuda.

Marília concordou, e logo as duas engataram em uma conversa fluida sobre a vida de casada no mundo do futebol, a exposição na mídia e como equilibrar tudo isso com a vida pessoal. Talita se sentiu conectada a Marília de uma forma genuína, como se tivessem mais em comum do que imaginava.

Enquanto a noite avançava, Filipe foi se soltando cada vez mais. Embora ainda mantivesse uma leve cautela sobre estar cercado de jogadores do Flamengo, ele percebeu que a rivalidade não tinha espaço ali. Ele e Gabigol até riram juntos sobre algumas provocações nas redes sociais entre torcedores, mas no fim, a amizade e o respeito prevaleceram.

– Você é bem mais tranquilo do que eu imaginava, cara – disse Filipe, ao terminar uma conversa com Éverton. – Juro que pensei que ia ser mais tenso pra mim hoje.

Éverton riu.

– Aqui é paz, meu amigo. No campo a gente se mata, mas fora dele, somos todos iguais. E, pra ser sincero, admiro muito o trabalho da Talita. Ela tem um futuro brilhante.

Filipe sorriu, orgulhoso.

– Isso eu não tenho dúvida.

Mais tarde naquela noite, enquanto voltavam para casa, Talita olhou para Filipe e sorriu.

– Viu? Sobreviveu a um jantar com o Flamengo inteiro e ainda fez amigos.

Filipe balançou a cabeça, rindo.

– Pois é. Quem diria? Acho que você me faz quebrar umas barreiras que eu nem sabia que tinha.

– Bom saber – Talita respondeu, segurando a mão dele. – Agora só falta você me levar pra um jogo do Fluminense...

– Ah, isso é fácil – Filipe disse, piscando para ela. – O problema é você aguentar os tricolores.

Eles riram juntos, sabendo que o equilíbrio entre suas diferenças era o que tornava a relação deles ainda mais especial.