AINDA QUE MARCELA tivesse pedido a Jonas que usasse a porta da frente para visitá-la, o garoto insistia em manter os hábitos antigos e bater à porta dos fundos. Estava parado diante dela, trazendo cafés aromatizados com cumaru e espiando a cozinha para se certificar de que a garota havia preparado o doce de abóbora que ele havia pedido.
Marcela revirou os olhos, depositando um beijo rápido em seus lábios e meneando a cabeça para indicar que o doce estava quentinho, fumegando em uma panela no fogão. Jonas deu passos pomposos pela cozinha, satisfeito.
— E então? — Questionou ele, se esforçando para soar casual. Mas foi em vão. Marcela sabia que ele estava esperando por uma conclusão para aquele conto de fadas às avessas, embora ela própria já tivesse mudado o curso da história em seu coração. — Pendências resolvidas?
— Sim.
— Se quiser conversar sobre...
— Acho melhor não.
Seria desrespeitoso com Sofie se Marcela expusesse os motivos dela para não revelar sua identidade. Se fosse algo tão trivial como não querer ser vista conversando com a garota esquisita, alta demais e com o cabelo desgrenhado, carregando livros velhos de páginas amareladas pelos corredores da escola, ela diria isso a Jonas.
Mas não era.
Em um acordo não verbalizado, ela sabia que Sofie tampouco revelaria seus segredos às gêmeas. Era uma cortesia mútua, que as duas honrariam daquele ponto em diante.
— Mas vocês colocaram um ponto final na história — Jonas insistiu, mas não era uma pergunta. Ele estava se certificando de alguma coisa. Era ele que precisava disso, para acalentar suas próprias dúvidas e se libertar do primeiro enredo. De como o garoto tinha se convencido de que aquela história terminaria.
— Sim. — Marcela sorriu, confiante. — Entendo o que você está querendo saber. E você não tem com o que se preocupar. Todos os contos de fadas precisam de um final. Definitivo, limpo, arredondado. Sem pontas soltas. E foi o que eu senti quando deixei Sofie ontem. Não temos nada mais entre nós.
A garota pensou em acrescentar um "nunca tivemos" para assegurar Jonas de que tinha certeza dos próprios sentimentos. Mas não seria honesto, e Jonas Levi não desejaria que ela mentisse para poupar sua insegurança.
— Nesse caso... — Jonas murmurou, e se colocou imediatamente sobre um dos joelhos diante da garota, tomando uma de suas mãos na dele. — Ainda quero dizer aquelas coisas.
— Que coisas?
— As não ditas. As que prometi te contar, no segundo em que seu conto de fadas tivesse um ponto final.
— Meu conto de fadas é você. — Marcela repetiu o que já havia dito a ele, ainda que seu coração estivesse dançando de alegria em seu peito.
— Estou incrivelmente orgulhoso de você — Jonas falou, a emoção transbordando em sua voz. — Em uma situação tão única como a sua, seria esperado que você assumisse o papel de vítima, mas você não fez isso. Enfrentou sua madrasta. Tomou a decisão mais difícil, que é ficar por conta própria. Enfrentou Sofie e em nenhum momento usou o relacionamento de vocês contra ela, mesmo sabendo a dinâmica daquele grupo e o que significaria para ela guardar um segredo como esse.
Marcela sentiu uma única lágrima rolando por seu queixo. Não tinha parado para pensar nas coisas daquela forma. Como algo que mereceria algum tipo de prêmio ou reconhecimento. Era apenas a coisa certa a se fazer – para ela mesma, no caso da situação com a madrasta, e para Sofie, quanto ao segredo que pertencia somente às duas, e a mais ninguém.
Estava orgulhosa de si mesma. E feliz por ter Jonas, no final de tudo aquilo.
Após uma pequena pausa, ele prosseguiu.
— Muitas pessoas ficariam revoltadas ao descobrir que vinham sendo enganadas por alguém tão próximo. Pelo menos as pessoas que eu conheço exigiriam algum tipo de retaliação. Mas você perdoou Sofie, mesmo depois de passar pelo maior teste de caráter de todos, que é sofrer uma injustiça. Eu sempre soube que você é, mas agora, eu tenho certeza.
Jonas depositou um beijo terno no dorso da mão de Marcela.
— Marcela Leone, eu estou apaixonado por você. Caso não esteja óbvio. Eu penso em você com uma frequência vergonhosa e nunca quis tanto estar ao lado de alguém. Te admiro. O modo como a sua mente funciona me fascina. Eu nunca estive tão interessado em alguém como estou por você, e mal podia esperar pelo momento adequado para te perguntar. Você me daria a honra de ser a minha namorada?
Como um passe de mágica, Marcela e a princesa dos contos de fadas que tinha escolhido para lhe emprestar o nome, tinham mais de uma coisa em comum.
Ela também tinha conseguido o seu "felizes para sempre".
𖥔‧₊˚ ⊹˖ ࣪ ⊹*:・゚✮
n/a: FIMMMMMMMMM! E VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE!
obrigada por mais essa, babes. foi um sonho contar a história da nossa cinderela para vocês.
temos uns extrinhas programados ainda ok? e uma novidade chegando em um outro formato dia 05/02. lá no meu perfil oficial do instagram você fica sabendo melhor sobre 😉
por favor por favor por favor, tire um tempinho para se certificar de que você votou em todos os capítulos da história. aproveita que vai voltar para conferir e deixa um comentário para mim? agora que a história foi concluída, votos e comentários são o que vai impulsionar CINDERELA ÀS AVESSAS para novos leitores.
eternamente grata,
B
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Cinderela às avessas
Teen FictionPalácios, vestidos brilhantes e sapatinhos de cristal não fazem parte da realidade de Marcela Leone. Órfã de mãe desde bebê e de pai pela metade de sua vida, a garota foi obrigada a convencer seu coração sonhador de que não há fadas madrinhas ou prí...