Capítulo 89

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O caminho era longo, mas o clima estava agradável: o sol brilhava no céu, refletindo sua luz nas águas do rio. Resolvemos não o atravessar como de costume, apenas seguimos o caminho entre ele e o deserto de rochas; depois desse local, dava para notar que de um lado do rio ficava a floresta, e do outro apenas um longo caminho rochoso, com muitas montanhas à frente.

Nosso grupo seguia em silêncio por um tempo, cada um imerso em seus pensamentos. Amy caminhava isolada, mantendo uma expressão séria, enquanto o restante de nós trocava olhares aleatórias.

Depois de um bom tempo, Sheal quebrou o silêncio, como sempre:

— Então, Ayumi, como está se sentindo sobre ter perdido a corrida? Afinal, se Amy não participou, quem perdeu foi você.

— Ah! Eu não ligo para isso! — revirei os olhos. Sheal gargalhou.

— E sobre enfrentar um novo Lord, como se sente?

— Acho que estou preparada. Tenho minhas razões para buscar Lord Rayner; além de ajudar Hyara a descobrir mais sobre seu passado, há algo pessoal nisso para mim.

— Tem a ver com aquela história que Emma contou sobre sua descendência? Sobre você ser da primeira linhagem?

— Sim! Eu quero saber exatamente como a tal mãe nasceu: como ela se tornou a primeira slayer, e saber o porquê de ela ter criado as linhagens para destruir os humanos. Afinal; por que ela quis destruir a todos?

— Deve ter um motivo odioso — disse Sheal. — Mas... se ela é a mãe de todos os Slayers, significa que eu sou assim apenas por causa dela?

— Quem sabe — disse Hyara. — Ela deve ter criado uma linhagem de slayers malucos e barulhentos, e você veio dela.

— Ah, cale essa boca! — Sheal mostrou a língua.

— E o que exatamente você procura, Hyara? — perguntei.

Ela suspirou, então disse:

— Qualquer pista sobre meu passado. Talvez possamos descobrir quem eram meus pais, ou pelo menos o motivo de terem me deixado. Ou o porquê de eu estar caída, desmaiada e com uma lança atravessada em minha barriga.

Enquanto continuávamos, uma figura misteriosa apareceu na estrada à frente; todos ficamos tensos e em posição de combate. Amy sacou sua espada e encarou seriamente aquele ser. Notei que era Shearu, resolvendo aparecer em vez de continuar nos seguindo silenciosamente. Ela surgiu das sombras das árvores e nos alcançou.

Amy lançou a ela um olhar frio, mas estava visivelmente amedrontada.

— Essa Slayer se parece com Sheal — murmurou ela.

— Ah, não se preocupa — disse Sheal. — Ela não vai fazer mal a você. Essa é minha irmã.

— Sua... irmã? Você tem uma maldita irmã a solta por aí?!

— Ei! Calma aí! Não fale dela dessa forma. Só eu posso xingá-la.

— Olá! — cumprimentou Shearu, se aproximando, com suas asas enormes abertas de uma forma intimidadora.

— Abaixe isso — falei, me aproximando. — Está a assustando — olhei para Amy.

— Você a conhece? — Amy me lançou um olhar desacreditado.

— É! Digamos que sim.

— Ainda acha que eu estou errada ao desconfiar de você? Eu vou retornar agora mesmo — ela virou as costas.

— Boa sorte por aí — falei. — Mas está quase escurecendo, e você levará a madrugada toda para retornar. Acha que consegue chegar inteira caminhando sozinha por aí durante a noite?

Fúria Das ÁguasOnde histórias criam vida. Descubra agora