A tensão era tão densa que parecia preencher o ar ao redor deles, sufocante e envolvente. Yoongi não largava o papel, seus dedos crispados em volta dele como se pudesse esmigalhar a ameaça ali escrita. Para Riquele, a expressão em seu rosto era mais alarmante do que qualquer perigo externo.
De volta ao carro, o silêncio entre eles parecia quase palpável. Riquele sentia que havia algo que ele precisava dizer, mas Yoongi estava fechado em seus próprios pensamentos, o rosto imóvel, uma máscara de aço. Finalmente, incapaz de suportar o peso da quietude, ela tocou o braço dele.
— Yoongi... — Sua voz saiu baixa, insegura, mas o suficiente para trazê-lo de volta ao presente.
Ele virou-se para ela, os olhos escuros buscando os dela, tão profundamente que ela sentiu que não havia um canto da sua alma que ele não conseguisse ver. E talvez ele tivesse visto, porque suspirou pesadamente, deixando que sua mão descansasse por cima da dela.
— Eu deveria ser mais forte do que isso — ele murmurou, com a voz baixa e rouca. — Mas, Riquele, você não tem ideia de como me desestabiliza.
Ela sentiu o calor subir às bochechas, um misto de medo e atração. Yoongi não era só um homem que a encantava, era alguém que a fazia questionar tudo sobre si mesma, o bem e o mal, certo e errado.
Ele apertou a mão dela, como se ancorado por aquele toque.
— Eu preciso de você segura. — Sua voz estava suave, mas havia uma urgência desesperada nela. — Promete que vai confiar em mim? Que vai ficar ao meu lado, mas... sem arriscar tanto?
Riquele o encarou, a determinação em seus olhos refletindo o quanto estava decidida a enfrentar tudo o que viesse. Ela sabia que, ao lado dele, o perigo era constante, mas também sabia que a única coisa mais assustadora do que estar ali era imaginar uma vida sem ele.
— Eu prometo — ela disse, segurando seu olhar com uma firmeza inesperada. — Mas só se você prometer lutar ao meu lado, seja qual for o perigo.
Yoongi assentiu, e algo nele parecia se aquecer, suavizando suas feições por um breve momento. Ele a puxou para mais perto, deixando que seus rostos se encontrassem no espaço limitado do carro.
— Eu só vou lutar ao seu lado, Riquele — sussurrou ele, os olhos intensos e suaves, uma promessa que ia além de qualquer coisa que ele já fizera antes.
E, então, ele a beijou, um beijo carregado de tudo o que as palavras não conseguiam dizer. Era um beijo de necessidade, de amor e desespero, como se ele soubesse que aquela poderia ser a última vez que estariam juntos.
***
Na manhã seguinte, Yoongi desapareceu antes do amanhecer, deixando para trás uma breve mensagem em um bilhete amassado no criado-mudo ao lado da cama: "Cuide-se. Volto logo."
Riquele leu as palavras repetidamente, tentando decifrar o subtexto. Mas uma coisa era clara: Yoongi estava planejando algo, algo que ele preferia mantê-la longe.
Sem querer se tornar um fardo para ele, mas determinada a não ficar de fora, ela começou a fazer suas próprias pesquisas, rastreando a última localização de Yoongi através de contatos que fizera desde que chegou à Coreia.
O caminho a levou a uma boate no subsolo de um hotel de luxo, onde as pessoas dançavam e riam, alheias ao mundo sombrio que ela agora habitava. Mas Riquele sabia que aquele lugar era apenas uma fachada, uma cortina de fumaça que escondia segredos e jogadas calculadas.
Com os olhos alertas, ela finalmente o encontrou: Yoongi estava no fundo do salão, conversando com um homem de aparência poderosa. Seus olhares se cruzaram por um breve momento, e ele parecia surpreso, quase desesperado. Ela pôde ver que ele estava tenso, a mandíbula travada, mas não desviou o olhar dela.
De repente, uma sombra de preocupação cruzou o rosto de Yoongi. Ele fez um gesto sutil, quase imperceptível, pedindo que ela não avançasse mais. Mas antes que pudesse se mover, um dos homens do salão a avistou, aproximando-se dela rapidamente.
Riquele sentiu um frio na espinha, mas manteve a postura. Não ia recuar agora.
— Você não deveria estar aqui — murmurou o homem, a voz baixa e ameaçadora.
— Talvez, mas já estou — ela respondeu com um ar de desafio.
Yoongi fez um movimento rápido, surgindo ao lado dela e encarando o homem com um olhar letal.
— Solte-a. Agora.
O homem hesitou, mas a ordem de Yoongi era clara. Ele recuou, e Yoongi, sem esperar por um segundo a mais, pegou a mão de Riquele e a puxou para fora do salão.
Uma vez do lado de fora, ele parou, ofegante, seus olhos queimando de raiva e medo.
— Eu te pedi para ficar longe disso, Riquele!
Ela olhou para ele, cheia de determinação, sem ceder.
— E eu te disse que não ia ficar longe, Yoongi. Eu estou com você, não importa o que aconteça.
Por um momento, ele a encarou, a frustração e o amor lutando em seu olhar. Finalmente, ele suspirou, a expressão suavizando, e segurou seu rosto entre as mãos.
— Então, você tem que prometer, Riquele. — Sua voz era quase um sussurro, carregada de intensidade. — Prometa que nunca vai parar de lutar, que nunca vai desistir de nós.
Ela sorriu, o coração acelerado, e respondeu sem hesitação:
— Eu prometo, Yoongi.
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Sombras de Seoul
FanfictionRiquele, uma jovem brasileira de espírito livre e determinada, é transferida para Seoul para uma nova fase de sua vida. Logo, ela se vê envolvida no mundo perigoso de Min Yoongi, um mafioso frio e calculista, também conhecido como Suga. Em um mundo...