Capítulo 15: No Olho do Furacão

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A manhã trouxe uma tensão palpável ao esconderijo. A fraca luz do amanhecer filtrava-se pelas persianas, lançando sombras trêmulas nas paredes do quarto de Riquele. Ela estava deitada, mas o sono parecia um luxo distante. A ameaça velada de Eunha ainda ecoava em sua mente, misturando-se com o olhar sombrio de Yoongi e a intensidade misteriosa de JungKook. Um nó se formava em seu peito, pesado, sufocante.

Levantou-se, colocando os pés no chão frio. As horas seguintes seriam decisivas, e ela sabia que cada passo poderia ditar o futuro do grupo e seu próprio destino. Respirando fundo, foi até a cozinha improvisada do esconderijo, onde encontrou Seokjin já acordado, examinando mapas sobre a mesa.

— Você está com a mente em outro lugar, — ele comentou, observando-a com atenção. — Isso pode ser perigoso, sabe disso, não é?

— Eu sei, — ela respondeu, num sussurro. — Mas não consigo parar de pensar no que Eunha disse. Existe algo mais profundo aqui... algo que parece escapar ao nosso entendimento.

Seokjin balançou a cabeça. — Cuidado para não deixar que essas palavras a desestabilizem. Eunha sabe exatamente como manipular.

As palavras de Seokjin trouxeram algum alívio, mas, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Yoongi entrou na cozinha, com uma postura decidida e um brilho focado no olhar. Ele acenou para Seokjin, que rapidamente se retirou, deixando-os a sós.

— Precisamos conversar, — ele disse, com uma firmeza que quase a fez recuar.

Ele se aproximou, segurando delicadamente seu rosto entre as mãos e fitando-a com uma intensidade que fazia o mundo ao redor sumir.

— Riquele, — ele começou, sua voz grave e baixa, — eu preciso saber se você está realmente comigo. Isso tudo... está mexendo com a minha mente de formas que eu não consigo explicar. E... eu não sei como reagir quando vejo você e JungKook juntos.

Ela engoliu em seco, sentindo as palavras dele atingirem seu coração com uma força avassaladora.

— Yoongi, — ela sussurrou, quase sem voz, — eu estou com você. Desde o início. Mas há... há algo entre nós três que eu ainda não consigo decifrar. E, de alguma forma, isso só torna tudo mais intenso.

Ele a beijou suavemente, como se quisesse selar o que existia entre eles, antes de se afastar e abrir a porta para o corredor.

***

Mais tarde, na sala de planejamento, o grupo estava reunido, estudando o próximo passo. Eunha ainda era uma ameaça que pairava sobre todos, e o plano era simples: dividir-se e atacar a organização por dois flancos. Yoongi e JungKook ficariam responsáveis pela incursão no prédio principal, enquanto Riquele e Seokjin fariam o reconhecimento de uma entrada secundária. Era um esquema arriscado, mas não tinham outra escolha.

— Cuidado, — disse Yoongi, quando todos já estavam a postos, o olhar dele sustentando o de Riquele. — Qualquer movimento em falso pode ser fatal.

Ela assentiu, captando o subtexto. Não se tratava apenas da missão; ele estava falando do sentimento que existia entre eles e das linhas tênues que os separavam.

Com cada um em sua posição, Riquele e Seokjin começaram o trajeto em direção à entrada lateral. Ao longe, ouviu-se o som abafado de tiros, provavelmente provenientes do confronto entre Yoongi, JungKook e os seguranças da organização. Seokjin olhou para ela e sinalizou para seguirem em frente, a tensão entre eles crescendo conforme se aproximavam do ponto de entrada.

Ao se infiltrarem no prédio, os passos eram rápidos, e cada canto escuro parecia uma ameaça oculta. Riquele sentiu a pulsação aumentar quando ouviu uma voz familiar. Era Eunha, conversando ao telefone no andar de cima. O instinto foi mais rápido que o medo, e ela subiu as escadas sem pensar duas vezes.

Eunha não demonstrou surpresa ao vê-la.

— Bem-vinda, Riquele. Eu sabia que você apareceria mais cedo ou mais tarde, — disse, com aquele mesmo sorriso enigmático.

— O que você quer? — Riquele exigiu, tentando controlar a voz.

— Ah, querida, eu quero exatamente o que você quer: destruir essa organização. Mas a diferença entre nós é que você é cega demais para entender os verdadeiros alvos.

Eunha deu um passo à frente, parando perigosamente perto.

— Há algo que você não sabe, Riquele. Yoongi é um deles.

Aquelas palavras pareciam ecoar por um vazio profundo. Ela negou internamente, mas Eunha continuou:

— Por mais que ele tente, ele é parte dessa teia. Por isso ele sempre se coloca na linha de frente. É uma tentativa de redenção.

Com o impacto da revelação, Riquele mal notou JungKook chegando. Ele olhou para Eunha com desprezo e depois para Riquele, percebendo a confusão no rosto dela.

— Não a escute, Riquele, — ele disse, a voz cheia de urgência. — Ela está tentando destruir tudo o que construímos.

Eunha deu uma risada baixa. — Vamos ver por quanto tempo consegue manter essa farsa.

JungKook respirou fundo, com uma intensidade que a fez questionar ainda mais o que era real. Ele segurou sua mão e a puxou para fora dali, enquanto Eunha continuava a rir, as palavras dela deixando uma sombra permanente em suas mentes.

***

Quando finalmente se afastaram, Riquele olhou para JungKook, sem saber o que fazer com as revelações.

— É verdade o que ela disse? Sobre Yoongi?

Ele hesitou, mas então suspirou.

— Yoongi tem uma conexão com a organização, sim. Mas ele nunca escondeu isso de mim. Só não queria que você soubesse... porque isso poderia colocar você em risco.

Riquele sentiu o coração despedaçar. A confiança que depositara em Yoongi agora parecia frágil, mas o olhar determinado de JungKook era uma âncora. Ele a segurou pelos ombros, o toque dele transmitindo um conforto estranho, e ela se deixou envolver.

— Riquele, — ele sussurrou, os olhos fixos nos dela. — Eu prometo proteger você... a qualquer custo.

O toque dele parecia intensificar tudo o que ela tentava esconder. JungKook a puxou para um abraço, mas, antes que qualquer palavra pudesse ser dita, um som explosivo reverberou ao longe.

Eles se separaram rapidamente e voltaram correndo para o ponto de encontro. O esconderijo estava sob ataque.

Yoongi estava lá, lutando para conter os invasores. Quando ele a viu, uma mistura de alívio e desespero passou por seu rosto.

Eles se uniram para combater os atacantes, os três juntos em um confronto feroz. Em meio ao caos, Riquele viu que havia algo mais em jogo do que apenas a sobrevivência; ela precisaria escolher em quem confiar e qual caminho seguir.

No final, a batalha terminou com a fuga dos invasores, mas a tensão entre eles não havia se dissipado. Riquele, agora, sabia que tudo estava mudado. Ela teria de confrontar Yoongi sobre seu passado, encarar seus sentimentos por JungKook e decidir seu próprio futuro.

E ao ver Yoongi e JungKook se afastarem, ela sentiu que sua vida estava prestes a desmoronar — ou talvez, renascer.

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