Riquele acordou com o brilho suave do amanhecer entrando pelo vasto quarto decorado com luxos que jamais imaginara. Era o segundo dia que passava naquela mansão opulenta, e a cada detalhe sutilmente colocado para impressioná-la, sentia mais a urgência de escapar. Mas sabia que precisava manter as aparências; AgustD era observador, perspicaz e, acima de tudo, perigoso.
Ela se levantou, aproximando-se da janela e observando a paisagem montanhosa e as árvores que cercavam o lugar, como se fossem um exército de vigilantes, mantendo-a prisioneira. O som leve de uma batida na porta a tirou dos pensamentos. Era AgustD, que entrou no quarto sem esperar por um convite.
Ele estava impecável, trajando um terno preto bem cortado, com um leve brilho no tecido que revelava seu gosto sofisticado. Segurava uma pequena caixa de veludo azul, que estendeu em direção a ela. Quando abriu a tampa, revelou um colar de diamantes e safiras, que reluziam na luz do sol que entrava pela janela.
— Para você, — ele disse, sua voz baixa e quente, com um sorriso satisfeito ao ver o olhar dela recair sobre a joia. — Acredito que o brilho combina com você.
Riquele tentou esconder o desconforto, sabendo que cada gesto seu precisava transmitir uma certa aceitação para que o plano de enganá-lo se sustentasse. Ela sorriu, delicadamente, enquanto ele se aproximava, ficando perigosamente perto.
— Posso colocar em você? — perguntou ele, inclinando-se ligeiramente, com a voz em um sussurro quase íntimo.
Ela assentiu, sentindo seu coração bater rápido. Ele contornou-a, deslizando o colar em volta de seu pescoço com cuidado, mas a proximidade fazia com que ela percebesse o calor que emanava de seu corpo e a fragrância amadeirada de seu perfume. Com movimentos lentos, ele fechou o fecho atrás de sua nuca, os dedos roçando levemente a pele dela, como um toque intencional, íntimo.
Ela engoliu em seco, mantendo-se imóvel enquanto ele afastava o cabelo para o lado, deixando os dedos demorarem-se um segundo a mais do que o necessário. Quando ele finalmente recuou, o sorriso que ele lhe lançou era tão cheio de confiança e posse que ela sentiu um frio na espinha.
— Está perfeito, — comentou ele, observando-a com um olhar que era quase devorador. — Agora vamos. O café da manhã nos espera.
Na sala de jantar, tudo estava perfeitamente arranjado. Uma longa mesa coberta por uma toalha de linho e adornada com louças finas, flores frescas e uma variedade de pratos cuidadosamente preparados esperavam por eles. AgustD, sempre o cavalheiro calculado, puxou a cadeira para ela sentar-se, fazendo questão de cada gesto parecer um ritual.
Sentando-se à frente dela, ele a observava enquanto ela tomava um gole de suco, um olhar astuto e curioso como se estivesse tentando ler os pensamentos mais profundos dela. E ele se inclinava em sua direção, como se cada palavra trocada fosse um segredo.
— Sabe, Riquele, eu poderia fazer desse lugar o seu lar, — comentou ele, a voz grave e cheia de uma promessa sedutora. — Imagino você se acostumando com o conforto, o poder... sendo tudo o que nasceu para ser.
Ela manteve o sorriso, porém, internamente, cada palavra dele parecia um grilhão, acorrentando-a a algo que ela jamais desejou. — Agradeço, mas talvez seja... um pouco demais para mim, — murmurou ela, controlando a voz para não revelar qualquer traição de seus verdadeiros sentimentos.
Ele arqueou uma sobrancelha, divertindo-se com sua resposta. — Não é nada demais. É exatamente o que você merece, — afirmou ele, a intensidade no olhar aquecendo o clima entre eles.
Depois do café, ele estendeu a mão para ela, convidando-a a segui-lo pelo corredor até uma sala luxuosamente decorada, com amplas janelas de onde se via a paisagem das montanhas ao longe. Ali, um piano de cauda reluzia sob a luz suave do meio da manhã. Ele a conduziu até a frente do instrumento, permanecendo ao lado dela, com a mão na cintura de Riquele.
— Eu toquei muitas vezes aqui, sozinho. — AgustD abaixou o rosto, a voz carregada de um calor suave que ela jamais esperaria dele. — Mas agora tenho companhia. Acho que finalmente esse lugar começa a ganhar vida.
Ele tocou algumas notas, o som ecoando pela sala em uma melodia sutil e melancólica, algo que parecia refletir um lado seu que ela não conhecia. Sentindo que ele aguardava uma resposta, Riquele deslizou os dedos sobre as teclas e começou a tocar levemente, acompanhando o som que ele iniciara.
AgustD a observou, seus olhos profundos e enigmáticos. Parecia ver algo mais nela, algo que talvez ele mesmo não tivesse compreendido por completo. Quando a música terminou, ele não se afastou; pelo contrário, seu olhar a segurou.
— Vamos dançar, — disse ele suavemente, segurando sua mão com uma gentileza surpreendente.
Riquele hesitou, mas sorriu para ele, aceitando a mão estendida. AgustD envolveu a cintura dela, aproximando-se mais, enquanto a outra mão guiava a dela. O ritmo lento da música preenchia o espaço entre eles, e a proximidade era quase sufocante. Os corpos quase se tocavam enquanto ele a conduzia, e o toque dele, deliberadamente suave, fazia cada movimento parecer uma promessa sussurrada.
Conforme dançavam, AgustD a olhava com uma intensidade perigosa. Seus olhos brilhavam com uma paixão avassaladora, e ele parecia determinado a convencê-la de que aquele era o lugar dela. A mão que repousava em sua cintura apertava-a um pouco mais, puxando-a para mais perto, enquanto ele se inclinava, aproximando o rosto do dela.
Ela sentiu a respiração dele contra seus lábios, uma proximidade que a fez engolir em seco. — Riquele, — ele sussurrou, com um sorriso sedutor nos lábios. — Tenho tudo aqui... Tudo o que poderia desejar, e tudo o que você merece.
Ele foi se aproximando para um beijo, seus olhos fixos nela, desafiando-a a recusar. Por dentro, Riquele sentia o coração acelerado, mas sabia que, por mais que fosse desconfortável, precisava seguir com o disfarce. Desviou ligeiramente o rosto, como se resistisse com uma timidez fingida, um gesto que ele interpretou como hesitação, e não como repulsa.
— Talvez... seja um pouco cedo para isso, — murmurou ela, um sorriso leve nos lábios, como se ainda estivesse considerando as palavras dele.
AgustD deu um meio sorriso, recuando ligeiramente, mas com os olhos brilhando de expectativa. — Tudo bem, minha querida. Temos tempo. — Ele a soltou devagar, embora mantivesse o olhar fixo nela, como se estivesse calculando seus próximos passos. — Um pouco de paciência é a chave para conquistar o que se deseja.
Ele se afastou, deixando-a no salão, e ela observou enquanto ele se dirigia para a porta. Antes de sair, ele virou-se uma última vez, o olhar desafiador, cheio de uma intensidade que era quase avassaladora. — Aproveite a noite, Riquele. Teremos muito mais tempo para... explorar o que temos juntos.
Quando finalmente ficou sozinha, Riquele desabou em uma cadeira, sentindo uma mistura de alívio e inquietação. AgustD era implacável, um manipulador calculista que sabia exatamente como envolver as pessoas em sua teia. Mas ela era mais forte do que ele imaginava. E, com sorte, logo Yoongi e seus amigos estariam ali para resgatá-la.
No entanto, por enquanto, tudo o que podia fazer era manter o jogo, sustentar o papel que ele acreditava que ela interpretava e, principalmente, jamais perder de vista sua determinação.
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Sombras de Seoul
FanfictionRiquele, uma jovem brasileira de espírito livre e determinada, é transferida para Seoul para uma nova fase de sua vida. Logo, ela se vê envolvida no mundo perigoso de Min Yoongi, um mafioso frio e calculista, também conhecido como Suga. Em um mundo...