Riquele estava determinada a manter a compostura e ganhar a confiança de AgustD para encontrar uma brecha. Sabia que teria que ser cautelosa e paciente para descobrir os pontos fracos dele. Quanto mais tempo passava, mais aprendia sobre ele e sobre a rotina da mansão.
AgustD continuava obcecado, mas havia momentos em que, ao observá-lo, Riquele percebia uma vulnerabilidade escondida por trás do controle. Era uma leve hesitação nos olhos dele, algo que ela não conseguia ignorar. Sabia que explorar essa fraqueza poderia ser arriscado, mas era também sua única chance de sair dali.
Naquela manhã, enquanto tomavam café no salão luxuoso, Riquele decidiu testar até onde podia ir. AgustD estava distraído com um tablet, analisando relatórios, mas logo percebeu que ela o observava.
— Está me estudando, querida? — ele perguntou com um sorriso afiado. — Cuidado, pode acabar se perdendo.
Riquele manteve a expressão neutra, mas escolheu suas palavras com cuidado.
— Só estou tentando entender você. — Ela deslizou os dedos pela borda da xícara, encarando-o de forma desafiadora. — Você esconde tanto sobre si mesmo... como espera que eu aceite algo que não conheço?
Ele ergueu uma sobrancelha, intrigado.
— E o que você acha que precisa entender? — ele perguntou, sem tirar os olhos dela.
— Quero saber por que você age assim, como se a possessão fosse suficiente para manter alguém ao seu lado, — respondeu ela, sua voz suave, mas carregada de intenção.
AgustD soltou uma risada, mas, por um breve instante, seu olhar pareceu perder a intensidade fria de sempre.
— Eu aprendi cedo que controle é tudo. Se você tem controle, tem poder. E se tem poder, pode conseguir o que quiser, — ele disse, como se estivesse recitando algo já decorado.
Riquele notou a rigidez em sua resposta, como se ele tentasse convencer a si mesmo tanto quanto a ela. Aproveitando a oportunidade, ela continuou:
— Você fala de controle como se fosse tudo, mas... e se algo sair do seu controle? — Ela deu um sorriso suave. — Você já pensou nisso?
Por um momento, ele ficou em silêncio, a mandíbula tensa. Então, sorriu, embora não houvesse humor em sua expressão.
— Nada sai do meu controle, Riquele. E você não será a primeira a conseguir isso. — A voz dele soava dura, mas havia uma ligeira hesitação em seu olhar, um toque de insegurança que ela reconheceu como uma oportunidade.
Ao longo dos dias seguintes, Riquele adotou uma nova tática. Ela começou a se aproximar dele, a falar mais, a agir com uma leveza que contrastava com a resistência anterior. AgustD parecia estar mais à vontade, acreditando que ela finalmente aceitava o cativeiro. Aos poucos, ele relaxava, permitindo-se momentos de vulnerabilidade que Riquele observava cuidadosamente.
À noite, eles começaram a passar mais tempo juntos, e ela fez questão de aproveitar cada segundo para extrair informações sobre a mansão e as operações dele. Sabia que teria apenas uma chance, e estava disposta a esperar o momento certo.
Em uma dessas noites, quando estavam no salão, Riquele o surpreendeu ao perguntar sobre o passado dele.
— Você tem tantas camadas, AgustD. Nunca deixa ninguém ver além da superfície. — Sua voz era baixa, quase compreensiva.
Ele suspirou e desviou o olhar, como se pesasse as consequências de se abrir para ela.
— Eu nunca tive a chance de confiar em alguém, de verdade. Cada pessoa que apareceu na minha vida ou era uma ameaça ou algo que eu precisava controlar. Então eu fiz o que era necessário, — ele disse, os olhos fixos na parede distante.
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Sombras de Seoul
FanfictionRiquele, uma jovem brasileira de espírito livre e determinada, é transferida para Seoul para uma nova fase de sua vida. Logo, ela se vê envolvida no mundo perigoso de Min Yoongi, um mafioso frio e calculista, também conhecido como Suga. Em um mundo...