Capítulo 8: Além das Sombras

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A madrugada estava silenciosa, e o relógio marcava três horas da manhã quando Riquele e Yoongi se viram sentados na pequena mesa da cozinha, um oposto ao outro. As sombras do passado e do presente se entrelaçavam na penumbra, com a tensão preenchendo cada espaço. Ambos tinham a expressão fechada, enquanto seus olhos trocavam promessas silenciosas de proteção e determinação.

Yoongi descansava uma mão na mesa, seus dedos tamborilando levemente, um gesto quase imperceptível, mas que revelava sua ansiedade. Ele se inclinou para frente, os olhos castanhos escuros se fixando nos dela com uma intensidade que quase a fez prender a respiração.

— Eu sei que já dissemos isso, — ele começou, a voz baixa, quase um sussurro — mas a partir de agora, não haverá margem para erros. Temos que confiar um no outro como nunca confiamos em ninguém antes.

Riquele assentiu, seu rosto suavizando enquanto pousava a mão sobre a dele, sentindo o calor que, apesar de tudo, ainda a reconfortava.

— Yoongi, — ela começou, decidida, — preciso saber exatamente quem está por trás disso. Cada detalhe. E, principalmente, preciso saber o que exatamente eles querem de você.

Ele hesitou, mas cedeu ao ver a determinação nos olhos dela. Começou a explicar os detalhes da organização, como ela operava nas sombras, manipulando poderosos de dentro para fora, e o motivo pelo qual eles viam Yoongi como uma ameaça. Ele nunca havia feito concessões a ninguém, nunca deixara brechas, e sua reputação como um líder independente e implacável agora lhe custava caro.

— Eles querem o controle absoluto, — Yoongi continuou, — e qualquer um que não se submete, que oferece resistência, é considerado inimigo. Por isso, me veem como uma fraqueza. E agora, com você... — Ele interrompeu a frase, o olhar perdido.

— Comigo, eles acham que têm algo para usar contra você, — Riquele completou. — Mas eles subestimam o que somos juntos. Eu não vou deixar que tirem isso de nós.

Naquele momento, Yoongi percebeu que Riquele estava realmente disposta a lutar ao lado dele, e aquilo, de uma maneira contraditória, lhe trouxe um novo alívio e um temor profundo. Ela era mais do que um ponto vulnerável; era sua força, seu ponto de equilíbrio. E ele sabia que teria que agir rápido para protegê-la.

***

Mais tarde, com o céu ainda pintado de um tom escuro profundo, Yoongi levou Riquele para uma casa segura, uma espécie de refúgio discreto escondido entre as ruas movimentadas da cidade. Lá dentro, o lugar era modesto, com apenas o essencial para garantir que poderiam se manter escondidos e seguros por algum tempo. O som da cidade era abafado, mas mesmo assim, ambos sabiam que a paz era temporária.

Enquanto Yoongi analisava documentos e fazia contatos para descobrir a próxima jogada da organização, Riquele revisava mentalmente cada informação que obtivera

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Enquanto Yoongi analisava documentos e fazia contatos para descobrir a próxima jogada da organização, Riquele revisava mentalmente cada informação que obtivera. Ela pegou o celular e, hesitante, enviou uma mensagem a Seokjin, que até então permanecera à distância, mas tinha informações vitais. A resposta foi instantânea:

"Encontro. Amanhã. Praça da Velha Torre. Esteja atenta."

Ao ver a mensagem, Yoongi franziu o cenho, o rosto assumindo uma expressão de preocupação.

— Seokjin pode ser confiável, mas devemos estar prontos para o pior, — ele disse. — Não sabemos até onde vão os laços dele com essa organização.

Riquele engoliu seco, sentindo um peso no estômago, mas sabia que não poderia hesitar. Aquela era uma oportunidade de descobrir a verdade — de confrontar o perigo com a cabeça erguida. Ambos se entreolharam, e, pela primeira vez, viram uma determinação mútua que os deixava mais fortes.

***

Na manhã seguinte, a praça estava envolta em uma névoa fria. A Velha Torre erguia-se imponente, como uma testemunha silenciosa de tudo que estava prestes a acontecer. Riquele se aproximou lentamente, com Yoongi ao seu lado, ambos atentos a cada movimento, a cada figura desconhecida que se aproximava.

Seokjin estava ali, parado ao pé da torre, as mãos nos bolsos e um olhar grave no rosto. Quando os viu, fez um sinal breve com a cabeça, e Riquele sentiu um frio percorrer sua espinha ao notar a expressão séria que ele mantinha. Mesmo de longe, os olhos de Seokjin diziam mais do que ele queria que soubessem.

— Vocês realmente têm coragem, — ele murmurou ao se aproximarem, os olhos se desviando levemente ao redor, atentos. — A situação está pior do que imaginam. A organização decidiu que vocês precisam ser eliminados. Agora, não há lugar seguro.

Yoongi o encarou, a expressão firme, mas Riquele pôde ver a fúria queimando nos olhos dele.

— Então vamos acabar com isso, — ele respondeu, a voz baixa e determinada. — Onde eles estão? Qual é a próxima jogada deles?

Seokjin suspirou, como se a resposta pesasse em seus ombros. Ele olhou para Riquele, e seu rosto endureceu.

— Yoongi, eles sabem que a única maneira de enfraquecê-lo é através dela. Já fizeram a primeira tentativa e vão tentar novamente. Querem que você a deixe para que ela pague pelo preço da sua resistência. Para eles, isso é apenas o começo.

A raiva de Yoongi era palpável, e Riquele sentiu o coração apertar ao ver o quanto ele estava disposto a arriscar por ela. Ela se aproximou dele, segurando sua mão, o toque delicado em contraste com a tensão que pairava no ar.

— Estamos juntos nisso, — ela murmurou para ele, os olhos cheios de uma determinação feroz. — Que eles venham. Que tentem.

Yoongi puxou-a para perto, como se precisasse daquele último toque antes do inevitável. Seokjin os observava, seu olhar carregado de uma mistura de respeito e tristeza.

— Vocês não têm muito tempo. Eles estarão prontos para atacar hoje à noite, — Seokjin continuou. — Mas há algo que posso fazer para ajudá-los. Precisam de um plano, algo que os mantenha à frente, e só há uma chance.

Riquele e Yoongi trocaram um olhar. Sabiam que aquele era o momento decisivo. Entre a bruma da praça e a iminência do perigo, eles estavam prontos para lutar até o último instante. Estavam juntos, e aquele amor, a força que ambos compartilhavam, era tudo que precisavam para enfrentar as sombras que os ameaçavam.

Assim, deixaram a praça, cada um com seu papel no plano. Estavam preparados para aquela batalha final, sabendo que, ao lado um do outro, poderiam vencer qualquer coisa.

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