O amanhecer parecia trazer um peso a mais ao esconderijo; cada canto preenchido por sombras que apenas aumentavam a tensão entre eles. Yoongi e JungKook, com os rostos ainda marcados pelas farpas trocadas, encontraram-se em silêncio, cada um mergulhado em pensamentos turbulentos. Mas sabiam que a missão era inevitável, e hoje, mais do que nunca, precisariam se concentrar para cumprir o que tinham prometido a Riquele.
Ela tentava se preparar para a missão iminente, mas o impacto do confronto ainda a atormentava. As palavras afiadas, as revelações e as emoções que tinham rasgado a noite eram agora um peso em seu coração. No entanto, mesmo na dor e na dúvida, Riquele sentia que, de alguma forma, esse caos a estava forjando, preparando-a para algo maior e mais doloroso. Precisava ser forte, não apenas por eles, mas por ela mesma.
Seokjin entrou na sala, a voz baixa e firme. — Vocês dois, venham aqui. Precisamos definir o plano para a infiltração. Hoje é o dia.
Yoongi e JungKook se aproximaram da mesa improvisada, onde Seokjin desenhava a planta do local da missão. Riquele se juntou a eles, sentindo os olhares pesados dos dois, mas sem recuar. Ela percebeu que não havia mais espaço para hesitação. E, à medida que o plano era traçado, uma urgência quase palpável crescia entre eles. Este seria o teste final — tanto para a missão quanto para a confiança que eles ainda tentavam reconstruir.
Quando o plano estava claro, Seokjin olhou diretamente para Riquele, que assentiu com um aceno determinado. Ela seria a primeira a se infiltrar, abrindo caminho para que o resto do grupo se posicionasse. Os segundos se arrastaram quando finalmente entraram no prédio, cada um assumindo seu posto. E, naquele silêncio quase esmagador, algo quebrou.
Yoongi sussurrou no comunicador, direcionando-se diretamente a JungKook, embora Riquele soubesse que havia mais em suas palavras do que orientação tática. — Não desperdice isso, JungKook. Este é o momento para provar que você está realmente ao lado dela.
JungKook respondeu com um tom igualmente carregado. — Não precisa me dizer o que fazer. Eu já decidi isso há muito tempo.
E então, em meio à escuridão e à tensão, tudo aconteceu rápido demais.
O som de passos e vozes ecoou pelo corredor, e Eunha apareceu, acompanhada por seus capangas. Riquele viu a chance perfeita de agir, mas hesitou por uma fração de segundo ao sentir um par de olhos gelados a observando. Eunha sorriu, e naquele instante, Riquele soube que essa missão não seria apenas uma batalha física, mas um confronto definitivo com a verdade.
Ela se esquivou para o lado, gesticulando para que Yoongi e JungKook tomassem posições seguras. Mas Eunha foi mais rápida, lançando um olhar venenoso na direção de Riquele. — Então aqui estamos, — disse ela, o sorriso ampliando-se, cheio de malícia. — Todos os segredos à tona. Pronta para escolher entre os dois? Porque acho que nem eles sabem ao certo quem é o verdadeiro inimigo aqui.
A provocação foi demais para Yoongi, que se adiantou, sua expressão revelando uma mistura de dor e raiva. — Você já fez muito estrago, Eunha. Isso acaba aqui.
JungKook, ao lado de Yoongi, estava igualmente resoluto, mas um tanto ofendido com o fato de que Eunha parecia manipular a situação para explorar suas inseguranças. Ele virou-se para Riquele, o olhar firme, como se dissesse sem palavras que estava ali, por ela, acima de qualquer jogo.
De repente, uma troca de tiros e golpes tomou conta do lugar. Eunha tentava escapar, mas Riquele e JungKook a cercaram. Yoongi desviava dos ataques com destreza, seu olhar concentrado, mas a sombra de tudo que haviam passado juntos pairava sobre cada movimento.
Quando a poeira da luta finalmente baixou, Eunha estava caída no chão, capturada e derrotada. Mas enquanto Yoongi e JungKook se recuperavam, o peso do que tinham passado — as verdades não ditas, os sentimentos machucados — parecia mais presente do que nunca.
Riquele olhou para ambos, o coração apertado ao ver os rostos deles cheios de expectativas e incertezas. A escolha ainda a perseguia, mas algo dentro dela já sabia o que precisava ser feito.
— Eu amo vocês, de formas diferentes, mas de forma profunda, — ela disse, a voz baixa e cheia de sentimento. — Mas preciso entender meu caminho sozinha antes de decidir se vou ficar ao lado de algum de vocês.
Os olhos de Yoongi se suavizaram, uma compreensão triste nos traços. JungKook respirou fundo, assentindo em silêncio, respeitando o espaço que ela pedia.
E enquanto deixavam o esconderijo juntos, Riquele soube que o amor era um campo de batalha onde nem sempre havia vencedores, apenas pessoas tentando encontrar a paz entre as ruínas.
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Sombras de Seoul
FanfictionRiquele, uma jovem brasileira de espírito livre e determinada, é transferida para Seoul para uma nova fase de sua vida. Logo, ela se vê envolvida no mundo perigoso de Min Yoongi, um mafioso frio e calculista, também conhecido como Suga. Em um mundo...