Capítulo 7: Jogo de Sombras

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Naquela mesma noite, o ar ao redor do apartamento estava denso, como se até as paredes estivessem conscientes do peso que cada momento carregava. Riquele e Yoongi se moviam em silêncio, cientes de que qualquer palavra poderia romper a tênue paz que haviam encontrado. Mas, no fundo, ambos sabiam que o intervalo de tranquilidade era apenas o prelúdio para a tempestade que estava por vir.

Yoongi fitava a cidade pela janela, os olhos distantes e sombrios. Ele sempre mantivera sua vida protegida, mas, com Riquele ao seu lado, havia uma nova vulnerabilidade, algo que tornava impossível ignorar o perigo iminente. Ele percebeu que ela o observava, e, quando a encarou, sentiu o peso de sua preocupação.

— Você sabe que não precisa fazer isso — ele disse, finalmente rompendo o silêncio. — Pode voltar para uma vida normal. Eu... eu daria tudo para mantê-la fora disso.

Riquele se aproximou, determinada, os olhos brilhando com uma coragem que ele respeitava, mas que ao mesmo tempo o assustava.

— Uma vida sem você não seria normal, Yoongi, — respondeu ela, a voz firme. — Estamos juntos nisso, e nada vai me fazer desistir.

Um leve sorriso curvou os lábios de Yoongi, mas havia uma dor implícita nele. Ele a envolveu em um abraço apertado, como se precisasse dela para suportar o fardo que carregava. E, por um breve momento, ali estavam eles, unidos e determinados, ainda que cercados por um mundo que conspirava contra eles.

***

Poucas horas depois, Yoongi saiu mais uma vez para uma reunião crucial. Ele havia sido informado de uma movimentação suspeita de seus inimigos, e aquela era a chance de antecipar o próximo golpe. Riquele insistiu em ir junto, mas Yoongi fora firme; ele precisava mantê-la em segurança, e ela sabia que insistir mais poderia desestabilizá-lo.

Enquanto ele estava fora, Riquele decidiu investigar o conteúdo do laptop de Yoongi, esperando encontrar pistas sobre a organização que os ameaçava. Sentia-se inquieta, mas determinada. A tela do computador revelava uma série de arquivos criptografados, dados que pareciam impossíveis de acessar sem os códigos corretos. Desanimada, ela estava prestes a desistir quando uma mensagem chegou no celular dele, esquecida em cima da mesa.

A mensagem era de um número desconhecido, mas o conteúdo a fez parar.

"Ele não poderá protegê-la para sempre. E você sabe disso."

Riquele sentiu o coração acelerar. Aquilo era uma ameaça direta, e quem quer que fosse sabia que ela estava envolvida. O medo subiu por sua espinha, mas ao mesmo tempo, uma coragem nova cresceu dentro dela.

Ela se virou rapidamente para guardar o celular quando uma sensação gelada tomou conta dela. Um ruído quase imperceptível, como o farfalhar de roupas, vinha do corredor. Riquele prendeu a respiração, seu corpo entrando em alerta, enquanto tentava localizar o som. Ela não estava sozinha.

Com passos lentos, ela se moveu em direção à cozinha, onde pegou a faca mais próxima, o coração disparado. A porta da frente estava entreaberta, e a sombra de alguém cruzou o umbral.

A figura avançou, e ela apenas viu o relance de um sorriso frio e calculista. Ele se moveu rápido, mas Riquele não hesitou. Com um movimento firme, ela lançou a faca, que passou rente ao rosto do intruso, arrancando um brilho de surpresa dos olhos dele. O homem recuou, irritado, mas antes que pudesse fazer algo, a figura de Yoongi surgiu no corredor, a expressão cheia de fúria contida.

— Eu avisei para não tocar nela, — sua voz era um sussurro mortal, e o intruso deu um passo para trás, ciente de que havia ultrapassado todos os limites.

O homem soltou uma risada amarga antes de fugir, deixando um ar de tensão e ameaça no ambiente. Riquele, ainda ofegante, correu para Yoongi, que a envolveu em um abraço firme, mais possessivo do que nunca, como se precisasse assegurar que ela realmente estava ali, viva e ilesa.

— Eles estão tentando chegar a mim através de você, — murmurou ele, a voz carregada de uma raiva quase palpável. — Mas isso foi longe demais.

Ela segurou o rosto dele entre as mãos, o olhar determinado.

— Estamos juntos nessa, Yoongi. Não vou a lugar algum. Vamos terminar isso.

Ele assentiu, mas havia um brilho de tristeza nos olhos dele, como se soubesse que a batalha final seria ainda mais sombria e perigosa do que poderiam prever.

Aquele momento foi um marco. Ambos sabiam que não poderiam mais recuar, que a guerra contra os inimigos era iminente e que, dali em diante, cada passo teria que ser calculado. Envoltos na escuridão de um amor intenso e em uma lealdade inabalável, estavam prontos para enfrentar qualquer coisa — juntos.

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