PAT
A porta abre fazendo eu olhar para ela pelo que deve ser a milésima vez essa noite, e mais uma vez me decepciono. O rapaz acena para um grupo de amigos e vai até eles, todos parecem felizes com a sua chegada, mas estão bêbados demais pra saber se essa alegria é real. Vejo o horário e sei que é hora de aceitar que ele não vem, logo fecharemos e eu terei que ir pra casa.
O barulho do trânsito entra quando a porta é aberta mais uma vez, mas ainda não é ele, cansado de toda essa tensão eu pego um pano e vou limpar as mesas, é melhor deixar tudo pronto pra ir embora de uma vez.
— Vai contar o que está acontecendo? Você chegou aqui todo animado e agora parece que perdeu um grande amor.
É assim que eu pareço?
— Não está acontecendo nada, só estou cansado, fiquei acordado assistindo o jogo ontem a noite.
— Que merda, pelo menos o seu time venceu.
Não consigo controlar o sorriso com a lembrança, o Liverpool realmente venceu, mas a melhor parte foi observar o professor assistindo, quem imaginaria que ele fala tantos palavrões em inglês? O que será que ele diria se soubesse que torço para o time adversário?
— Viu só, nem tudo está ruim.
O Wai bate no meu ombro e se afasta, ele é um idiota na maior parte do tempo, mas as vezes consegue ser legal.
Quando o relógio bate meia noite fechamos o bar limpamos rapidamente tudo que não conseguimos antes por causa dos clientes, meia noite e quinze já estamos prontos pra sair. Vou até o meu armário guardar o meu avental e vejo a sacola que eu trouxe, não queria levar isso comigo, mas também não posso deixar aqui, então sem alternativa eu saio com a sacola na mão.
Estou ouvindo o Wai falando do vento frio ao abrir a porta quando olho para o outro lado da rua e vejo ele, em um instante aquela sensação estranha toma conta de mim, primeiro eu achei que era algo instintivo em mim que queria proteger ele por ser todo tímido, não conhecer ninguém e parecer com um gatinho assustado, mas assim que as memórias de ontem voltaram nessa manhã eu finalmente entendi que é mais que isso, eu me sinto atraído por ele.
Nem acredito que beijei ele daquele jeito ontem, por mais que ele parecesse estar interessado e eu bêbado, sei que foi errado, mesmo assim, nossa... Eu fico com tesão só de lembrar da sensação dos meus lábios no seu corpo e das respostas que ele dava a cada toque meu. E o seu beijo hoje? Era mais do que querer me beijar, era como se ele precisasse fazer isso e não conseguisse mais se segurar.
Os meus lábios formigam com a lembrança enquanto os meus olhos continuam presos aos seus. Porque ele não entrou? Porque está ali parado?
— O que o professor gatinho está fazendo aqui de novo? Que tal me apresentar dessa vez?
O Wai me cutuca fazendo eu quebrar o contato visual.
— Ele já falou que você não tem chance, apresentar pra que, Wai?
— Eu posso fazer ele mudar de ideia.
— Ele é comprometido.
— Sério?
De onde eu tirei isso? Não sei.
— Sim, então fica longe dele.
Sem dizer mais nada eu atravesso a rua e vou até o Pran, quando paro na sua frente ele fica vermelho, é engraçado, nunca gostei desse tipo de coisa, prefiro pessoas decididas e confiantes, mas a timidez do professor simplesmente me encanta.
— Você veio...
Ele responde com um aceno e ficamos em silêncio, sei que as coisas entre nós estão complicadas, mas eu não me seguro, dou um passo na sua direção e ele recua. Como imaginei, vou ter que ir devagar para não o assustar.
— Eu quero te levar em um lugar, tudo bem?
O professor me olha em dúvida, mas concorda mais uma vez, o silêncio dele me incomoda, gosto da sua timidez, mas também gosto do seu tom desafiador. Faço um sinal para a direita e ele me acompanha, quando viramos a esquina encontramos a porta pela qual vamos entrar, bato duas vezes e o James abre pra mim, nos cumprimentamos brevemente, ele pergunta quando vou deixar o bar e voltar a trabalhar aqui e nos deixa passar.
Acho que pela música o professor já entendeu onde estamos, ele não questiona, tão pouco parece feliz com a minha escolha, mesmo assim eu abro a sacola na minha mão e tiro uma das máscaras de dentro, é uma máscara simples, toda branca e cobre apenas os olhos, mostro para ele poder ver e levanto as mãos.
— Hoje todos estão usando máscaras.
Ele hesita, mas acaba virando de costas pra mim, eu amarro as faixas da máscara tomando cuidado para não apertar demais e dou um beijo no seu pescoço, sinto que ele congela, mas quando me afasto percebo que os pêlos do seu pescoço estão arrepiados. Coloco a máscara que faz par com a dele, muito parecida, mas a minha é preta, quando estou pronto seguro a sua mão e o levo para dentro da boate.
Mesmo com a máscara e a pouca luz eu percebo que o professor está desconfortável, penso em pegar uma bebida pra ele relaxar, mas não seria justo usar esse tipo de tática, quero que ele se sinta a vontade comigo, mas não assim. Então ainda segurando a sua mão eu o levo para o meio da multidão de corpos que pulam, dançam e se abraçam no ritmo frenético da música, nós paramos e ficamos nos encarando por um momento.
Acho que os olhos são o que eu mais gosto no professor, eles são tão expressivos, nesse momento, por exemplo, ele está nervoso e envergonhado, apesar disso os seus olhos não escondem o seu desejo. Claro que eu posso estar projetando os meus próprios desejos, mas espero que não.
Alguém bate nele o empurrando para cima de mim e de repente ele está nos meus braços, tornando impossível resistir a proximidade. Eu seguro o seu queixo e faço ele olhar pra mim, me aproximo devagar para ter certeza que o professor também quer isso, quando vejo o consentimento nos seus olhos eu o beijo.
Por um momento ele prende a respiração e tudo parece ficar em silêncio a nossa volta, mas quando ele segura a minha cintura me puxando até o meu corpo colar o seu, tudo explode em gritos, música e muito tesão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Daddy
FanfictionPat, um pai solteiro que enfrenta as dificuldades de criar seu filho sozinho, e Pran, um professor primário recém-chegado que luta para ser aceito em seu novo emprego, têm seus caminhos cruzados quando Pran começa a dar aulas para o filho de Pat. Em...