Devoto

115 27 30
                                    

PRAN

Eu tento com todas as forças, mas eventualmente eu acabo olhando pra ele. Apesar de estar aliviado por continuar sentado no banco, me pergunto porque ele está la.

Empurro o balanço mais uma vez e me assusto quando o Dean pula pra fora dele, corro até ele que levanta batendo a mão pra limpar a areia e me olha sorrindo.

— Titi, posso brincar lá?

Ele aponta para o trepa trepa e imediatamente eu lembro do seu pai contando sobre ter medo do brinquedo depois que o filho caiu quebrando o dente. Não consigo evitar e olho na sua direção, ele sorri pra mim, mas logo levanta preocupado, quando percebo o Dean já está subindo no brinquedo, faço um sinal pro pai saber que está tudo bem e vou cuidar para que nada aconteça com o menino.

Fico observando o Dean subindo e descendo pelas barras, quando precisa de ajuda eu o seguro até ter certeza que não há perigo, sempre confiro como o Pat está, mesmo preocupado ele voltou para o banco e continuou assistindo a distância.

Vejo o Dean colocando as pernas para fora de uma das barras e seguro o seu braço, ajudo ele a descer e espero enquanto ele escolhe em qual brinquedo vai dessa vez, quando corre para uma caixa de areia eu vou atrás sentando no chão para fazer um castelo de areia com ele, está torto, mas considerando que está fazendo com as mãos está ficando muito bom, ele é muito criativo.

O Dean está fazendo uma torre quando olha para o lado e levanta as mãozinhas sujas acenando para o pai, o Pat retribui com aquele lindo sorriso, primeiro para o filho, depois para mim, eu disfarço e coloco um pouco mais de areia na torre que o menino está construindo.

— Titi...

Olho para o Dean e espero ele dizer o que quer, mas ele não diz, o que é estranho, porque ele sempre fala sem parar, seja fazendo perguntas ou contando as suas histórias.

— Algum problema, Dean?

Ele olha para o Pat e pra mim, então suspira do mesmo jeito que o pai faz quando está frustrado.

— Você pode ser amigo do meu papai e cuidar dele?

Isso foi tão inesperado que não sei como reagir, o menino olha triste para o castelo e continua falando.

— O meu pai não tem amigos por minha causa... As pessoas são más com ele... Não falam com ele... Elas brigam com ele... — Ele para e olha pra mim com os olhos cheios de lágrimas e uma maturidade que não devia estar ali. — Você pode ser amigo do meu papai e cuidar pra não brigarem com ele como faz com os meninos maus que brigam comigo na escola?

O pedido dele é tão puro e verdadeiro que parte o meu coração, claro que eu sei que as pessoas fazem isso com o Pat, eu mesmo já vi acontecer, mas odeio que tenham feito na frente do seu filho, odeio mais ainda que a criança esteja sofrendo por isso.

— Vem aqui, Dean.

Ele levanta e eu o abraço, quando vejo o Pat está se aproximando.

— Esta tudo bem?

O Dean se afasta e me olha assustado, eu sorrio e aperto a sua bochecha.

— Acho que ele está com fome, não é?

O garoto sorri e olha para o pai.

— Podemos levar o Titi pra almoçar lá em casa?

— Claro! Quer almoçar com a gente, professor?

Os dois me olham de um jeito que é praticamente impossível recusar, tenho certeza que vou me arrepender disso mais tarde, mas acabo concordando.

Levou apenas alguns segundos para eu me arrepender e ainda estou tentando achar um jeito de me livrar dessa, mas quando o Pat abre o portão da sua casa o Dean segura a minha mão e me puxa para dentro.

DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora