Aquele cara

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PRAN

O seu nariz sobe deslizando pelo meu pescoço ao mesmo tempo que as suas mãos pressionam a minha barriga fazendo o meu corpo encaixar no seu. O Pat se move no ritmo da música me levando junto, enquanto os meus lábios deixam a minha pele formigando por onde passam. A música é agitada demais, estou cansado e com sede, mas algo nele me faz querer continuar nessa noite sem fim.

Ele segura a minha cintura me girando e beija o meu pescoço mais uma vez, acho que o Pat está fazendo isso pra me torturar ou pra me fazer perder a cabeça, é sempre o mesmo, depois de beijar o meu pescoço ele desce até o ombro, segura a minha mão e beija, estão os seus lábios deslizam pelos braços até encontrar o meu ombro novamente, eu espero o momento em que os seus lábios finalmente vão reinvindicar os meus, mas ele não parece ter pressa.

A música para e outra começa, as pessoas a nossa volta gritam pulando no lugar quando as luzes se apagam, olho em volta tentando entender o que está acontecendo, mas o Pat segura o meu rosto virando na sua direção, sinto a sua respiração se aproximando, está tão perto agora que eu consigo sentir o calor do seu corpo, o meu desejo é acabar com isso de uma vez, mas eu já fiz isso antes, não quero parecer desesperado e não quero me entregar demais.

Ouço ele dizendo alguma coisa, mas a sua voz é levada pela música, então me aproximo pra gritar no seu ouvido.

— O que?

Ele faz o mesmo para responder, mas não grita, a sua voz sai um pouco mais alta que um sussurro, sendo o suficiente pra fazer o meu corpo inteiro se arrepiar.

— Quer ir embora?

Isso foi tão repentino e imprevisível que não sei como reagir, eu achei que nós... Merda! Eu aqui esperando ele me beijar e ele pensando em ir embora? Sério?

Acho que ele toma o meu silêncio como uma resposta, pois segura a minha mão e me puxa, mas eu não consigo sair do lugar, porque finalmente a ficha cai, e se ir embora significar mais que ir embora? O jeito que o Pat me toca e me beija deixa claro que ele pode ir além sem medo, mas eu não estou pronto pra isso, nem tenho certeza se estou fazendo o certo estando aqui. Quando vê que não estou me movendo ele volta pra mim e toca o meu rosto, agora iluminado por uma luz fraca que vai e vem lentamente.

Tento decidir se vou para casa, sigo ele ou se fico aqui, a decisão devia ser simples, eu quero beijar ele, porque não beijar?

Ele fala no meu ouvido um pouco mais alto, dessa vez os arrepios são substituídos por uma corrente elétrica que se espalha pelo meu corpo.

— Você está bem?

Eu aceno confirmando e vejo ele se afastar, mas já cansei dessa brincadeira, se ele quer mesmo fazer isso, vamos fazer direito!

Seguro o seu pescoço fazendo ele ficar onde está e dou um passo na sua direção, o Pat levanta a mão, mas antes que toque o meu rosto eu impeço e olho nos seus olhos.

Eu posso fazer isso, só hoje, posso fazer o que quiser. Posso deixar tudo do lado de fora e ser eu mesmo, pelo menos o que costuma a ser, posso ser aquele cara de fraternidade que era DJ e adorava dançar, o cara que não se preocupava com promessas e julgamentos, o cara que já teria arrastado o Pat para o banheiro e feito o que quisesse com ele. Só hoje, nesse lugar desconhecido, protegido por essa mascara eu posso ser aquele cara, ser apenas o Pran.

Sem me dar chance de mudar de ideia eu seguro a sua cintura e puxo o seu corpo até mim, encaixo a minha perna direita entre as suas e me movo no ritmo da música, ele parece surpreso, mas me deixa assumir o controle, quando a luz se apaga mais uma vez eu o beijo,  sem reservas, sem ressalvas, sem medo.

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