Fallen Angels

36 - Corra; se não quiser ser pego.

A música pulsa, uma batida alta e pesada que vibra por todo o meu corpo, e fica cada vez mais rápida à medida que a plataforma em que fico embaixo do palco começa a subir.
É isso, primeiro show da Fallen Angel na turnê Corruption, e meu coração bate tão forte que quase abafa o som de Dew na bateria. Meses de planejamento e ensaio nos trouxeram a isso, um estádio lotado de fãs gritando, e desta vez, não é o nome de Mick que chamando, é o meu.

Carrego o microfone frouxamente ao meu lado enquanto respiro fundo, seguro, então exalo, tirando o resto da minha tensão com isso. Passei a última hora andando de um lado para o outro nos bastidores, tentando aliviar a ansiedade que posso sentir tentar entrar em meus ossos. Tentei assistir Sonic Edge, a banda que abriu para nós, mas não funcionou, porque fui incapaz de ficar quieto; a excitação tirava meu nervoso, mas muito pouco. Bright desistiu de tentar me acalmar, me deixando para se preparar para esta noite, no entanto, eu precisava disso. Sua maneira de se preparar é relaxar nos bastidores com uma bebida e brincar com os caras. Isso é muito calmo para como me sinto.

Só preciso ter esse primeiro show no meu currículo. Preciso provar não só para mim, mas para os fãs, que posso comandar a atenção deles por duas horas e dar a eles a porra de um show incrível.
Uma cortina de névoa me envolve quando a plataforma se nivela com o topo do palco, grossa o suficiente para obscurecer minha visão de Bright e dos outros, onde já começaram a tocar no escuro. Espero pelo meu sinal, um padrão de bateria de Dew e quando o ouço, uma série estonteante de luzes azuis, roxas e cor-de-rosa brilham no palco, e levanto o microfone para cantar "Dark Angel."

Mesmo com os fones intra-auriculares, posso ouvir o rugido da multidão, a energia que irradia deles explode em minha direção e quase me derruba. Mantenho minha posição quando a névoa começa a clarear e me dá uma visão do estádio lotado, as pulseiras que cada um deles usa pisca no ritmo da música nos mesmos tons que as luzes no palco. A partir daqui, posso ver cada um deles, e quando termino o primeiro verso, falo:

"Atlanta, você está sexy para caralho hoje à noite."

Começa outra rodada de gritos enquanto desço a escada. Dew sorri para mim quando passo por sua bateria, e mais alguns degraus abaixo, Natt ergue o queixo do seu jeito, cercado por todos os lados por vários teclados. Vou até o palco principal para ficar na frente e no centro, entre Nani e Bright, mas quando Bright olha por cima do ombro, seus olhos vagam por cada centímetro meu, e quase esqueço minha próxima letra.

Porra, como esqueci o quão potente ele é no palco?

Uma coisa é observá-lo quando ensaiamos, mas é inacreditável a maneira como se "aproxima" da multidão de setenta mil pessoas. Sua calça de couro preta está baixa em seus quadris, e no momento, usa uma camisa vermelha meio aberta, que não tenho dúvidas de que vai sair em mais algumas músicas, e Deus me ajude então.
Bright me dá uma piscadela e, felizmente, olha de volta para a multidão enquanto me lanço no resto do primeiro verso. Com o fervor da plateia me seguindo, caminho pelo palco, e deixo a música me preencher por dentro para que não haja pensamento, nenhuma preocupação, nada além de mim e da música. Isso é o que acontece toda vez que piso no palco: A ansiedade desaparece quase instantaneamente e me lembro do porque adoro me apresentar. Parece que estou voltando para casa.

Quando os últimos acordes da música ecoam pelo estádio, limpo o suor da testa e me abaixo para apertar as mãos dos fãs que lotam o palco.

"Jesus, vocês estão implorando por isso esta noite, hein?"

Minhas palavras saem roucas quando rapidamente me recupero antes de avançar para a próxima música, e o barulho de aprovação da multidão me faz sorrir quando olho de volta para os membros da minha banda.