Fallen Angels

31 - Não vou mentir eu amo isso.

Quando chega o carro que Bright insistiu que me leve para a casa dos meus pais em Oyster Bay, uns bons quarenta e cinco minutos fora da cidade, o emaranhado de nós no meu estômago se agita. Não esperava ter essa conversa com eles, nunca, mas depois dos eventos da noite passada, preciso ter certeza de contar sobre Bright, em vez de eles ouvirem sobre isso através da imprensa. Se tinha alguma dúvida sobre ele e eu sermos notícia, o fato de os repórteres quase se jogarem na maldita janela quando saio de seu prédio, só confirma.

Jesus, esta será minha vida agora? Ter a imprensa me seguindo pela cidade, esperando do lado de fora do apartamento dele ou, merda, do meu? Qualquer um deles pode estar nos seguindo agora, embora pelo menos não possam passar pelos portões do condomínio para chegar à casa de meus pais. Não estou nem um pouco preparado para lidar com a atenção, mas os caras me avisaram que aconteceria, e não escutei. Por que... Quem eu sou? Ninguém.

"Você não precisa sair. Posso fazer isso."
Digo ao motorista, Arnold, quando abre a porta.

Antes que possa sair, de qualquer maneira, eu escorrego do banco de trás e, em seguida, me inclino para perguntar:

"Você estará aqui quando eu terminar?"

Arnold parece perturbado com a maneira que o impedi de fazer o seu trabalho, mas balança a cabeça e levanta o braço.

"Sem pressa, Sr. Win."
Quase sorrio para isso. Ninguém nunca me chamou de "Sr." antes, e soa tão ridículo quanto você imagina.

"Obrigado, Arnold."

Fecho a porta e me viro para olhar para a casa colonial cinza claro em que passei minha adolescência. Meus pais queriam que eu e Tontawan crescêssemos fora de Manhattan, nos subúrbios de classe média alta, enquanto ainda permanecíamos próximos o suficiente da cidade para os shows de mamãe e nossas escapadelas mensais de fim de semana. Essas saídas sempre foram repletas de visitas a museus, espetáculos teatrais, óperas, shows e qualquer outro evento cultural em que meus pais pudessem nos levar, o que era praticamente qualquer coisa. Minha irmã e eu éramos ávidos por aqueles fins de semana passados na cidade, e assim que nos formamos, foi para lá que nos dirigimos.

Por um momento, meus pensamentos se voltam para Bright e sua criação muito diferente. Sinto uma pontada de culpa por crescer com dois pais ricos, que conseguiram oferecer oportunidades para minha irmã e para mim, que tantos outros não puderam. Isso me faz sentir grato e desconfortável, especialmente quando penso na mãe dele trabalhando em vários empregos, e ainda assim encontrando maneiras de colocá-lo na música, e fazendo o melhor para criar uma criança rebelde.

Sorrio enquanto penso em um Bright adolescente aterrorizando todos ao redor dele, passando suas noites com uma guitarra no colo, aprimorando seus talentos de composição. Não importa que não foi a algum conservatório chique de música ou que nunca teve dinheiro para comprar instrumentos de ponta, Bright forjou seu próprio caminho e olhe para ele agora. Uma lenda do rock versátil.
Como diabos ele é meu?

Subo os degraus de pedra e pego a chave de casa do meu bolso. Mandei um texto para mamãe antes, para ter certeza de que estariam em casa, então já me esperam. Só espero que não tenham ligado no noticiário. Ou tenham lido o jornal. Ou amigos ligaram perguntando o que diabos está acontecendo.

Quando entro, os sons suaves da música clássica encontram meus ouvidos. Não é o som de um dos meus pais tocando, mas o ruído de fundo constante que flutua por toda a casa e faz com que pareça mais uma casa. Isso alivia um pouco os nós no meu estômago. Isso é familiar. Essa é minha família. Não tenho nenhum motivo para estar nervoso... Tenho?

"Win? Estamos no escritório."
Mamãe grita, e caminho para o escritório na parte de trás do primeiro andar.

As portas duplas do escritório estão abertas, minha mãe sentada no braço do sofá ao lado de onde meu pai trabalha em sua mesa. Ele aponta para alguma coisa na tela do computador enquanto ela cantarola, mas quando me vê na porta, para, e um largo sorriso cruza seu rosto.