011. cidade dos desejos

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A noite era envolta em uma névoa densa enquanto Agatha caminhava pela floresta de Westview. O ar parecia pesado, e o silêncio era interrompido apenas pelos sussurros do vento entre as árvores. De repente, ela avistou um grupo de bruxas ao longe, reunidas ao redor de uma fogueira. Suas vestes eram escuras, e elas murmuravam palavras de poder, atraindo a curiosidade de Agatha.

Ela se aproximou silenciosamente, atenta ao que as mulheres discutiam. Em meio a risos e feitiços, Agatha ouviu menções de uma "cidade dos desejos", um lugar místico onde se dizia ser possível trazer os mortos de volta à vida. A possibilidade de controlar o ciclo da morte parecia tentadora demais para ignorar.

Mas assim que Agatha deu um passo à frente, as bruxas sentiram sua presença. Uma das mulheres virou-se abruptamente, seus olhos faiscando ao captar a energia obscura que Agatha exalava.

- Você... sentimos a magia negra em você. Quem é você para se intrometer?

Com um sorriso debochado, Agatha não hesitou em responder com um tom mordaz, insultando a força das bruxas e seu conhecimento limitado. O grupo, ofendido, uniu-se em um gesto sincronizado, liberando uma poderosa onda de energia contra ela. No entanto, Agatha, com uma expressão de puro desprezo, ergueu as mãos e começou a absorver a energia do ataque, como se estivesse bebendo de uma fonte mágica. A força das bruxas esgotou-se rapidamente, e uma a uma, elas caíram ao chão, suas vidas drenadas em um instante.

Enquanto Agatha ainda contemplava os corpos inertes das seis bruxas, uma presença familiar e gélida surgiu à sua frente: Rio Vidal, a personificação da Morte. Envolta em seu manto verde esmeralda, com um sorriso predatório nos lábios, ela observava Agatha com uma mistura de reprovação e excitação.

- Meu amor, você sempre traz a morte para mais perto - disse Rio, a voz repleta de um tom quase carnal. - Acabei de levar alguém para baixo, e confesso que me sinto excitada... ouvi os gritos dele enquanto partia.

Agatha a olhou com interesse, levantando uma sobrancelha em um gesto provocativo.

- E por que ele gritava tanto?

Rio esboçou um sorriso divertido, seus olhos faiscando com uma sombra de malícia.

- O tolo achou que podia abusar de uma bruxa jovem. A garota possuía poderes de choque e, sem hesitar, o fulminou. Foi... revigorante.

Em seguida, Rio deixou seu olhar deslizar até os corpos inertes das seis bruxas ao redor.

- E você, Agatha... o que está aprontando desta vez? - perguntou, com um ar quase desapontado e divertido ao mesmo tempo.

Agatha apenas sorriu, sem responder diretamente, deixando que o silêncio entre elas fosse preenchido pela presença da morte ao seu redor.

A floresta permanecia envolta em um silêncio profundo enquanto Rio Vidal observava os corpos das bruxas espalhados ao redor de Agatha. Com um leve suspiro, Rio quebrou o silêncio, dirigindo-se a ela com um misto de divertimento e curiosidade.

- Eu sabia que te encontraria aqui, mas confesso que estou surpresa com a quantidade. Seis de uma vez, Agatha? Você está perdendo o controle, ou seria apenas... ambição? - Rio perguntou, seus lábios curvando-se em um sorriso enigmático.

Agatha cruzou os braços, um sorriso desafiador surgindo em seu rosto.

- Digamos que certas pessoas não sabem a hora de calar a boca, especialmente quando o assunto é algo tão valioso quanto uma cidade dos desejos. Acha que vou me segurar por causa de meia dúzia de bruxas?

Rio riu suavemente, a voz como um sussurro gélido.

- Ah, minha querida... você realmente não muda. Sempre buscando algo além da sua própria compreensão. E o que pretende fazer com esse "desejo", se realmente encontrar esse lugar? Trazer alguém de volta, talvez?

Agatha hesitou por um instante, e então, com um tom de voz mais sombrio, respondeu:

- E se for isso? Um simples desejo não deveria ser algo que uma bruxa como eu possa realizar?

Rio arqueou uma sobrancelha, intrigada.

- Você acha que eu desconheço o preço disso, Agatha? Nada é tão simples assim. Cada desejo, especialmente aquele que desafia as leis naturais, cobra um preço. E esse preço, minha querida, é sempre mais alto do que se pode imaginar.

Agatha bufou, impaciente.

- Que seja, Rio. Eu lido com as consequências depois. Se há algo que aprendi, é que sacrifícios são inevitáveis.

Rio deu alguns passos à frente, ficando perigosamente próxima a Agatha. Seus olhos escuros e penetrantes focaram-se intensamente nos dela, quase como se tentassem enxergar o fundo de sua alma.

- Ah, você fala isso com tanta certeza, mas... e se, ao final, o sacrifício for você mesma? Está disposta a isso? A me encontrar novamente em circunstâncias menos... voluntárias?

Agatha manteve-se firme, mas seu olhar traiu um breve momento de incerteza. Com um sorriso ousado, ela recuperou a compostura.

- E você, Rio, não acha que gosta um pouco demais de me ver trazer a morte? Parece que isso te excita de uma forma especial, não?

Rio riu, sua voz ecoando na floresta, carregada de um misto de ameaça e diversão.

- Ah, minha bruxa arrogante, você me diverte. Eu vivo para esses encontros, para esses momentos em que a linha entre a vida e a morte é tão frágil... e você sempre a torna mais tênue.

Ela se virou para os corpos das bruxas caídas e disse, com um tom quase possessivo:

- Agora, deixe-me cuidar do que é meu. E, Agatha, não se esqueça... quanto mais você brinca com esses poderes, mais rápido a morte virá para cobrar. Talvez da próxima vez, eu não esteja aqui apenas para conversar.

Agatha observou Rio afastar-se entre as sombras da floresta, mas antes que a Morte desaparecesse por completo, ela falou, em um tom de desafio:

- Estarei esperando, Rio. Sempre estou.

Rio virou-se por um instante, um brilho predatório em seus olhos.

- Até o próximo encontro, minha bruxa.

𝐒𝐨𝐛 𝐨 𝐯é𝐮 𝐝𝐚 𝐦𝐨𝐫𝐭𝐞-𝐀𝐠𝐚𝐭𝐡𝐚𝐫𝐢𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora