Agatha estava de volta à floresta, o mesmo lugar onde havia enterrado Nick. A dor daquele momento ainda era recente em seu coração, como se cada partícula de terra ali carregasse o peso da perda. Mas agora, cavando novamente naquele solo sagrado, sentia algo diferente. Não era só uma busca desesperada; era um ato de fé, uma última esperança de trazer seu filho de volta.
Com cuidado, ela colocou os objetos ao redor do buraco: o broche com fios de cabelo de Nick, o pé de coelho para a sorte, as canelas que sustentavam o poder de cura e, por último, o amuleto dado por Rio, imbuído de proteção. Olhou para o céu escuro e murmurou, como se sua voz pudesse tocar as forças que controlavam a vida e a morte.
— Isso tem que dar certo. — Seu sussurro era um pedido, uma ordem e uma prece ao mesmo tempo. — Eu não posso falhar.
Ela fechou os olhos, pronunciando as palavras da antiga invocação, aquelas que ela havia guardado na memória desde sua juventude: — Eu te chamo, filho meu, para retornar do além.
De repente, o céu se iluminou com um raio, e o vento assobiou ao redor, como se o próprio universo respondesse ao seu chamado. Mas então, o silêncio caiu. Agatha sentiu o medo subir pelo peito. — Tem que dar certo, — ela repetiu com a voz trêmula, sua esperança pendendo no ar.
Quando abriu os olhos, viu Rio ali, ao lado de Nick. Com os olhos cheios de vida, o menino correu para ela.
— Mamãe! — Nick gritou, e a voz dele foi como música para Agatha, que se ajoelhou, os braços abertos para recebê-lo.
As lágrimas escorreram pelo rosto dela ao sentir o abraço do filho, o calor de seu pequeno corpo. — Nick... meu menino. — A voz dela saiu embargada. — Nunca mais vou te deixar ir. Nunca mais.
Rio ficou observando a cena, um sorriso gentil em seu rosto, compartilhando silenciosamente o alívio de Agatha.
— Eu nunca vou te deixar, mamãe, — Nick murmurou, aninhando-se em seu abraço, com o sorriso doce e sincero de uma criança que encontrou o caminho de casa.
Ainda sentindo a presença de Rio ao seu lado, Agatha enxugou as lágrimas e se levantou, segurando a mão de Nick. Juntos, os três começaram a voltar para casa. Cada passo dissipava a dor, substituída por uma sensação de paz e completude. Agatha sabia que não seria fácil, que as marcas do passado sempre estariam lá, mas com sua família reunida, nada mais parecia impossível.
Quando chegaram, Agatha levou Nick para o quarto que havia preparado para ele. Ao entrar, os olhos do menino brilharam, admirando cada detalhe. A cama, os brinquedos, tudo estava ali como ela havia imaginado para ele.
— Mamãe, é lindo! — Nick exclamou, com um sorriso que iluminava o quarto. Ele pulou na cama com uma risada alegre.
Agatha se aproximou e passou a mão pelo cabelo dele, um carinho delicado e amoroso. — É seu lar agora, Nick. Você está em casa.
Ela o olhou com ternura e gratidão. Por mais que o mundo trouxesse desafios, Agatha sabia que, com Rio e Nick ao seu lado, ela tinha tudo o que precisava.
Com o coração finalmente tranquilo, Agatha se levantou e sorriu para Nick, que ainda admirava o quarto, como se fosse um sonho. — Eu vou tomar um banho, filho. Qualquer coisa, é só me chamar, está bem? — Ela tocou carinhosamente a cabeça dele.
Nick a olhou com um afeto profundo e, com um brilho de emoção nos olhos, disse: — Mamãe, eu te amo.
As palavras encheram o coração de Agatha de uma felicidade indescritível. Ela sorriu e respondeu com a voz suave e cheia de emoção: — Eu te amo muito mais, meu menino púrpura.
Acariciando o rosto dele uma última vez, Agatha se afastou e olhou para Rio, que estava pronta para sair. Antes de ir, disse, confiante: — Mamãe Rio vai sair para o trabalho dela, mas qualquer coisa, Nick, ela está aqui para você também.
Rio acenou e sorriu, mas Agatha sabia que Rio, na verdade, iria para o quarto delas.
Depois de deixar Nick em seu quarto, Agatha seguiu para o banheiro, onde, finalmente, poderia relaxar e absorver tudo o que tinha acontecido. Ela fechou a porta, tirou a roupa devagar, sentindo o peso dos últimos dias se dissipar a cada peça que retirava. De frente para o espelho, seus olhos observavam cada marca de cansaço, mas também um brilho renovado, um novo começo.
Quando estava prestes a entrar no banho, ouviu a porta do quarto se abrir. Pelo reflexo do espelho, viu Rio entrar silenciosamente, com um sorriso enigmático nos lábios. Rio olhou diretamente para Agatha, com aquele olhar firme e penetrante que a fazia sentir-se desafiada e segura ao mesmo tempo.
Agatha se virou, completamente nua, enfrentando Rio com um leve sorriso de provocação. Rio, sem tirar os olhos dos dela, começou a tirar a própria roupa devagar, cada movimento calculado, quase hipnótico. A forma como ela dobrava e colocava cada peça na cesta de roupa era cheia de graça e firmeza. Havia um magnetismo entre elas, um entendimento silencioso e profundo.
Elas se encararam por um instante, sem dizer nada, as palavras eram desnecessárias. Agatha ergueu o dedo, chamando Rio para mais perto, o gesto carregado de intenções. Rio se aproximou devagar, seu olhar não se desviava, cada passo parecia parte de uma dança.
Quando estavam finalmente frente a frente, as respirações quase sincronizadas, Agatha provocou: — Vai finalmente cumprir o que me prometeu? — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro, mas cada palavra era carregada de desejo e expectativa.
Rio sorriu de canto, deslizando uma mão até o rosto de Agatha, tocando-a com suavidade, mas com firmeza. — Prometi que ia terminar o que comecei, e é exatamente isso que eu vou fazer, — respondeu Rio, com uma voz calma e penetrante, que fazia o ar ao redor delas vibrar com uma tensão deliciosa.
Elas se encararam por mais um instante, tão perto que podiam sentir a respiração uma da outra. Rio traçou uma linha suave com o polegar no rosto de Agatha, que fechou os olhos por um momento, aproveitando o toque, o calor, a presença de Rio.
— Então vamos ver do que você é capaz, — disse Agatha, sua voz um pouco rouca de emoção, mas os olhos cintilavam com um brilho desafiador.
Rio a puxou delicadamente, aproximando suas bocas, num toque suave que logo se intensificou. Era um beijo que falava por si só, que prometia o mundo, que mostrava a força e a suavidade de tudo o que sentiam uma pela outra.
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𝐒𝐨𝐛 𝐨 𝐯é𝐮 𝐝𝐚 𝐦𝐨𝐫𝐭𝐞-𝐀𝐠𝐚𝐭𝐡𝐚𝐫𝐢𝐨
RomanceContinuação da série agathario Aghata desafiou a própria morte e voltou ao mundo dos vivos, desobedecendo as leis que regem o sobrenatural. Rio Vidal, uma bruxa verde original e sua paixão, não consegue levar Aghata de volta ao mundo dos mortos, poi...