𝟯𝟮. Segredinho sujo

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Abrir os olhos demanda um esforço além da compreensão para Noah

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Abrir os olhos demanda um esforço além da compreensão para Noah.

Ele desiste nos primeiros segundos de tentativa.

Sua consciência ora oscila entre a superfície, ora afunda numa névoa sonífera. Mesmo com certas percepções sobre os arredores e o que fez nos últimos instantes lhe escapando a lembrança, o fato de encontrar-se deitado sob algo confortável não torna difícil deduzir que ele esteja em seu quarto, ou em um quarto. O colchão macio o acomoda, a temperatura agradável inibe o calor que o verão vinha trazendo consigo nas últimas semanas e além disso há a presença de outro corpo ao lado.

Noah sequer faz ideia de como chegou onde está, e tentar forçar a memória desperta uma dor de cabeça latejante. Mas ele tem certeza que Sina é quem ocupa seu lado na cama. Quem mais ocuparia?

Ele ultrapassa um braço sobre a curvatura de uma cintura, trazendo a dona mais para perto. Ouve um murmúrio contente e manhoso em resposta. É sempre bom ter Sina consigo, ainda que não se recorde de como ela fora parar ali. Deve ter ligado para a loira em algum momento, quando melhorou um pouco.

Quando afunda o rosto nos cabelos compridos e um aroma destoante da típica essência de bala de framboesa a qual está habituado domina meus sentidos, ele desperta na hora, abrindo os olhos de forma assombrada.

Não era a namorada que vinha aconchegando em seus braços.

Uma mistura de alerta e confusão dispara através das terminações nervosas dele, acordando de uma única vez todos os sentidos ao visualizar a imagem de Bianca dividindo a cama comigo. Para piorar, ela está completamente nua.

Noah dá um salto para longe, caindo da cama devido a exasperação no processo. Percebe enfim que não se encontra em seu quarto específico, mas no da mulher com ele. Se vê coberto somente com a cueca boxer amarrotada no cós e sem uma recordação de como fora parar naquele lugar e naquele estado.

Pânico puro e desesperador o domina.

Ele não pode ter traído Sina. Nunca faria tal coisa. Abominava a infidelidade como ninguém. E acima de tudo, a amava demais para sentir necessidade por outra mulher.

Sua cabeça lateja incessantemente como se tocassem uma bateria em seu cérebro. Noah tenta rememorar o que havia acontecido, porém tudo é um breu sem fim. A última coisa da qual tem noção era ter apagado com o rosto encostado na janela do carro por aplicativo.

Faltam as peças restantes do quebra-cabeça. O que aconteceu depois daquilo? Como foi parar na cama de Bianca daquele jeito?

Com o estômago aos embrulhos, ele tateia o chão em busca das roupas e trata de se recompor como pode. Até as peças estavam espalhadas pelo piso, como se o cenário fosse verídico. Como se frissasse o quanto era um homem desprezível e incapaz de guardar o pau nas calças.

𝗗𝗲𝘀𝗽𝗿𝗲𝘁𝗲𝗻𝘀𝗶𝗼𝘀𝗼, 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁Onde histórias criam vida. Descubra agora