Capítulo 39 - Brincando no escuro

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Consegui reunir um pouquinho de coragem que me restava ,não sei como, e me levantei para checar se era alguém conhecido. Mas com aquele escuro, eu não conseguia distinguir nada. Andei a passos lentos, e quase podia ouvir a música de suspense ao fundo. Pensei ter ouvido algo ás minhas costas então me virei. Nada. Dou um passo para trás, na direção que eu ia, de costas ainda. E esbarro em alguém. Vocês não imaginam o meu susto naquela hora. Eu usei todo o ar dos meus pulmões para gritar o mais alto que eu pude.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - eu e a pessoa desconhecida gritamos no mesmo instante, apavoradas. Noto pelo timbre de voz que é um menino. Recuo uns três passos para trás e o menino aponta uma lanterna, provavelmente do telefone, para mim. Meus olhos ficam cegos pela luz por um instante.

- Mas que droga! Que susto Letícia. O que você tá fazendo aqui?

- Q-Quem tá aí? - falei meio trêmula, com o coração ainda batendo a mil.

- Zayn. - não sei se fico feliz por ter alguém lá comigo ou se fico zangada por aquele alguém ser ele. Justo ele.

- Eu que pergunto. O que você está fazendo aqui? - perguntei, friamente.

- Eu estava ensaiando e acabei pegando no sono. Acho que me esqueceram aqui. E você?

- Fiquei tempo demais terminando o projeto e quando percebi, as luzes estavam todas apagadas.

- Hum, eu estava indo ligá-las, tem uma caixa de força logo atrás do palco. Eu pensava que você tinha medo do escuro, mas parece que você superou isso não é? - minha voz estava razoavelmente sem vestígio de medo, mas por dentro era totalmente ao contrário. Mas eu nunca falaria isso para ele.

-Isso não vem ao caso. O que está fazendo aqui ainda? Vai ligar essa bendita luz logo.

Vi razoavelmente ele levantar as mãos para o alto, como se dissesse: Cuidado com ela! A luz do seu telefone estava agora se afastando de mim e eu sentia a escuridão me engolir e minha garganta se fechar de medo de ficar ali sozinha. Mas o que eu podia fazer? Pedir para ele ficar aqui ou me levar junto estava fora de cogitação. O jeito era me sentar em uma daquelas poltronas do auditório e esperar as luzes acenderem. Depois de uns cinco minutos, ele apareceu de novo, mas apenas a luz do palco tinha sido acesa.

- Parece que o único interruptor que funciona independente é esse daqui. Os outros precisam de um comando de fora. - ele falou e eu murmurei um "hum" enquanto continuava sentada. Abracei meus joelhos e apoiei a cabeça neles. Não queria olhar para ele.

Ok, eu confesso. Eu não sabia como agir perto dele depois de tudo que tinha dito. Então era isso, nós ficaríamos a noite toda sem nos falarmos? Sim, eu sentia falta dele, mas não daria o braço a torcer. Um pouco de amor-próprio não faz mal a ninguém. Ele parecia não saber o que fazer também, tanto que olhou algumas vezes para mim e depois sentou-se umas cinco fileiras à minha frente, esfregando os olhos. E depois, o silêncio tomou conta da sala. Foi desconfortável. Fiquei imóvel naquela posição por algum tempo, mas eu não consegui ficar sem fazer nada. Precisava ocupar a minha mente para certos pensamentos não ficarem rondando a minha cabeça. Caminhei para o palco, o único lugar iluminado e sentei no chão, apoiando as costas em uma caixa da parte direita dele. Tirei um caderno de dentro da bolsa e comecei a desenhar. Meus primeiros traços não tinham coerência, mas logo, começaram a tomar a forma do auditório visto do ângulo de onde eu me encontrava.

Quase inconscientemente, vi a mim mesma desenhando as fileiras da frente. E uma determinada poltrona estava começando a tomar uma forma diferente das outras. Continuei desenhando até que reconheci ser uma pessoa sentada nela. Pelo modo que a pessoa estava sentada, parecia estar me observando. Até que eu me toquei que eu tinha desenhado o Zayn. Arranquei a folha do caderno e amassei, jogando-a longe. Olhei para frente e lá estava ele, do mesmo modo que eu tinha desenhado. Tá, agora eu fiquei com medo. Será que ele estava me observando há muito tempo?

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