Os Escolhidos

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No caminho inteiro o silêncio predominou. De vez em quando a Circe batucava no porta-luvas, ou perguntava se podia pintar o quarto de rosa caso eu fosse sorteado — ela odeia rosa —.

Assim que chegamos no centro do Distrito, nós somos abordados por uma moça que pergunta se já inscrevemos nossos nomes e, após furar nossos dedos, guia-nos até as filas. A Circe encontra uma amiga e fica com ela na fila dos doze anos, minha mãe e meu pai vão para as arquibancadas com o rosto um tanto fúnebre, o Argos fica na fila dos que tem dezessete anos e eu me misturo aos adolescentes de dezesseis. Alguns batiam os pés, coçavam os braços ou até mesmo desmaiavam. Enquanto a Circe só sorria.

A praça da prefeitura estava lotada, um palanque estava montado em frente ao prédio da justiça. — que é no lado oposto da prefeitura — Nele era possível ver três cadeiras, um pódio e duas enormes bolas de vidro cheias de papel, uma para os garotos e outra para as garotas. Na cadeira da direita estava um homem gordo com um rosto melancólico, o prefeito, na cadeira do seu lado estava sentada uma mulher que sussurrava algo no ouvido dele. Com certeza ela era da capital, usava um vestido marrom com uma jaqueta vermelha, seu cabelo verde parecia a copa de uma árvore com alguns pássaros no topo, na lapela da jaqueta era possível ver um broche com o emblema da capital, de vez em quando os pássaros saíam voando e pousavam de volta em seu cabelo. A mulher sorria freneticamente. Ao lado da mulher da capital estava sentado um homem alto e forte, calmo demais para um vitorioso, mas nobre demais para ser um cidadão comum, ele era filho do prefeito, e, era sim, um vitorioso, ela ganhou a última edição dos jogos, por isso ele teria que ser mentor dos Tributos sorteados.

Quando o relógio dá as badaladas, indicando que são duas da tarde, o prefeito vai ao pódio e começa o discurso. Ele começa a falar sobre a história de panem, um lugar que antigamente era chamado de América do Norte, onde ocorreram vastos desastres. Tempestades que acabaram com costas e montanhas, incêndios que destruíram florestas e uma alta elevação do mar que fez com que grande parte da terra fosse engolida e uma devastadora e brutal guerra pelo pouco que havia restado. O resultado disso tudo foi Panem, uma majestosa capital de treze Distritos que viviam e pulsavam em harmonia, trazendo paz e desenvolvimento para os cidadãos, até que vieram os "Dias Escuros", quando os Distritos se uniram e fizeram um levante contra a capital, doze foram derrotados e o décimo terceiro foi aniquilado. Então, foi criado O Tratado da Traição, no qual, trouxera novas leis — Mais rígidas — para recuperar a paz. E como uma lembrança de que os dias escuros jamais deveriam se repetir, nasceram os Jogos Vorazes.

Em seguida o prefeito lê a lista de vencedores do nosso Distrito nos últimos 74 anos. A cada Tributo que no qual o nome era lido, o prefeito olhava para a plateia procurando uma salva de palmas ou até mesmo um "viva!", mas a multidão respondeu com um silêncio duro feito pedra.

O prefeito coçou a garganta.

— Uma salva de palmas aos nossos únicos e inigualáveis vitoriosos! — disse o homem gordo de rosto melancólico tentando quebrar a grossa camada de gelo que se formara entre ele e a plateia.

O prefeito coçou a garganta novamente.

— Agora, daremos início ao sorteio. Com vocês, Celly winterfield!

O prefeito se afasta e ela anda até o pódio acenando e mandando beijinhos para os futuros Tributos.

— Oh, como eu amo isso! — Ela sorri. O Distrito 7 não.

Olho para a ala das meninas de doze anos e encontro a Circe lixando as unhas enquanto conversava com a amiga.

Celly fala sobre a honra que é estar participando do seu primeiro ano na produção dos jogos vorazes e o quanto é bom estar no Distrito da madeira, porém, todos sabem que ela quer logo acabar com aquilo e partir para outro Distrito.

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