Ceasar Flickerman's Show

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Não se passaram nem cinco minutos e nós já estávamos na entrada do Ceasar Flickerman's Show, onde diversas câmeras devoravam nossa entrada. O show só começaria às oito horas da noite, às sete horas nós ainda estávamos no corredor para entrar no palco, o Sean disse que ficaria na plateia, ele me disse que quando eu ficasse nervoso, era só olhar pra ele em uma das primeiras fileiras. Um pouco mais à nossa frente eu vejo meus amigos do Distrito 5 - Misty e Kyle - eles acenam modestamente pra mim, já que os Tributos devem manter o mínimo contato possível com os outros, retribuo o aceno e olho para o telão onde eu posso ver os primeiros Tributos entrando em cena.

Distrito 1, eles mal puseram os pés no palco, e toda a plateia os recebeu com uma saraivada infinita de aplausos, o Tributo masculino retribuiu com beijinhos modestos para algumas moças, que desmaiavam. Ceasar não hesitou em elevar o ego dos dois, até porque o Distrito 1 é o favorito de todos, mesmo com um Distrito 7 tentando roubar a cena. Os próximos Distritos foram o 2, com Nolan e Zoe, em seguida veio o brilhante Distrito 3 trazendo Diderot e Vênus, o 4 arrancou suspiros da plateia com o corpulento Rick, seguido do encantador sorriso da Marissa, o Distrito 5 impressionou a todos quando o Ceasar pediu para que o Kyle mostrasse as coisas que ele poderia fazer com o braço mecânico, e a Misty tinha um vestido que soltava faíscas em sua manga, causando inveja, pelo menos, pra metade das mulheres da arquibancada; a plateia choramingou ao ver que tinham duas crianças de doze anos em um mesmo Distrito, o 6, mas isso foi logo superado por um "Awn..." quando eles se abraçaram e ergueram as mãos.

Ceasar se despede dos Tributos do Distrito 6 com um: "Que crianças adoráveis", e convida o Distrito 7 para entrar. Dessa vez não são as damas primeiro, uma Avox segura a minha mão e me guia até o palco.

- Aí está ele! - diz Ceasar quando me vê entrar no palco.

Eu entro pelo lado direito do palco, onde uma outra Avox me entrega um microfone. Eu dou alguns passos e algo vindo de dentro de mim me obriga a acenar para a plateia quando eles me recebem com fortes aplausos, sorrio e ando até Ceasar.

Ele me abraça e me beija nas duas bochechas.

- Querido, é impressão minha ou a sua camisa está mudando de cores? - Ele segura a gola da minha camisa para ver melhor, ou, talvez, para mostra para as câmeras.

Procuro por Sean em toda arquibancada, vejo-o acenando, sentado na terceira fileira de cadeiras.

- Ela está, realmente, mudando de cor! - desabotoo o smoking - Ela não lembra as estações do ano?

- Oh! - exclama Ceasar - você vê tudo isso no Distrito 7?

- Ah, claro! - digo - eu moro ao lado de uma enorme floresta.

- Esta camisa está apurando cada vez mais a minha vontade de habitar o 7!

- Ah, Ceasar, você deveria visita-lo regularmente...

- Sim, sim. Farei isso! - disse Ceasar com um tom de quem gostaria de mudar de assunto, pois ficou chato - Bem, me conte uma coisa...

- Pode falar Ceasar... - interrompo.

- Como você se sente sabendo que sua irmã pode te matar na arena, e vice-versa?

- Ah, meu querido Ceasar, a vontade que ela tem de me matar não é de hoje...

- Como assim, Arion? Me explique! - Ceasar fica pasmo.

- Ah, não, não é o que você está pensando... - rio - Desde que eu pintei todo o nosso quarto de azul e não de rosa, como ela queria, ela ficou muito chateada comigo ao ponto de querer me matar. - rio.

- Ah, bom, agora já sei como conquistar a Circe... - retruca Ceasar - Vou mandar pintar todo o quarto dela de rosa.

- Não, não Ceasar, o quarto tem que ser metade azul também, eu durmo nele.

- Então vou mandar pintá-lo metade rosa e metade azul, está bom pra você, Circe?

Ela entra no palco saltitando e mandando beijinhos na palma da mão para a plateia, que aplaude. Ela fica ao meu lado e aperta as mãos de Ceasar.

- Estou satisfeitíssima, Sr. Ceasar!

Ele sorri.

- Vejam que fofa!

Ceasar se vira sério para Circe e pergunta:

- Minha querida Circe, você acha que o elo de irmãos que vocês têm, será útil para uma futura aliança na arena?

- Ah, com certeza, Ceasar... - ela passa seu braço por volta da minha cintura e me abraça, apoiando sua cabeça em meu abdômen - Nós somos inseparáveis. Não é, Arion?

- É? - Penso.

Eu envolvo a Circe em meus braços.

- Claro, eu não me vejo sem a minha pequena irmãzinha. - digo.

- Tudo que for possível fazer para nos manter juntos, nós faremos, Ceasar. - disse Circe.

A plateia se emociona com a nossa encenação e o Ceasar não se mostra diferente.

Ele coça a garganta.

- Bem, esse foi o comovedor e instigante, Distrito 7...

Circe me solta.

- Não, espere, Ceasar! - interrompe Circe - Eu tenho uma surpresa, que veio diretamente da cabeça do meu estilista!

Ela anda até o centro do palco e estende as mãos em um movimento instantâneo, em seguida ela começou a rodopiar, de início eu não vi diferença qualquer, mas depois, aos poucos, as folhas de baixo de seu vestido começaram a se soltar, fazendo o vestido se desmanchar em diversas folhas que se exibiam em pleno voo pelo palco do Ceasar Flickerman's Show, a plateia se atirava por todos os lados tentando pegar uma mísera folha qualquer.

Quando a minha pequena irmã parou de girar no meio do palco, a única coisa que lhe restou foi uma blusa vermelha embaixo de um macacão típico dos lenhadores do 7.

A plateia foi ao delírio aplausos e mais aplausos romperam, assovios e tudo mais invadiu o palco junto da Circe, mas como o tempo corre e ainda faltavam entrevistas com mais cinco Distritos o Ceasar teve que nos interromper.

- Bem, como eu disse, esse foi o comovedor, instigante e admirável, Distrito 7. Aplausos aos Tributos, Arion Axeman e Circe Axeman!

A plateia, claro, aplaudiu euforicamente.

Nos despedimos do Ceasar e descemos as escadas da saída de mãos dadas ainda acenando.

Estávamos em um ponto onde as câmeras não podiam nos devorar.

- Circe, - digo - o que aconteceu hoje no palco...

- Ah, não ligue - disse ela - era só encenação mesmo.

Ela soltou minha mão e saiu andando pelo corredor. A única coisa que eu podia ouvir nesse momento eram os passos surdos dos sapatos da minha irmã batendo no corredor, e cada vez mais surdos.

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