Bestante

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Eu acho que eles não nos viram, pois, se eles tivessem nos vistos, eles teriam corrido atrás da gente para tentar nos matar, e eu quero adiar a minha morte.

Andamos um bocado em pleno silêncio, até eu quebrar o gelo.

— Você é a garota do Distrito 2, não é?

— Sou sim, — ela me olha e imita a voz do Ceasar para falar: — Zoe Unique, Distrito 2.

Eu rio.

— Mas, me conta, como foi aquela luta na cornucópia?

Ela engole em seco, mas fala.

— Ainda não me caiu a ficha de que tudo aquilo aconteceu, foi horrível! — ela olha pro chão — Bem, por sorte, eu esbarrei com o meu companheiro de Distrito, o Nolan, então nós resolvemos nos juntar e para irmos pro labirinto maior, mas eu o fiquei perturbando para irmos para a cornucópia, pois, como eu disse: o chicote é a minha melhor arma, e eu precisava dele. No labirinto nós encontramos a Dafne, a garota do 8, e o Trevor, do 6, todos nos unimos e fomos para a cornucópia. — ela respirou fundo — Quando chegamos lá, nós encontramos a garotinha do 7, ela estava com as mãos nas costas e pensávamos que ela estivesse sozinha, a Dafne se aproximou dela para perguntar se ela estava bem, então a garotinha levantou o machado, que ela estava segurando nas costas, e o enfiou na cara da Dafne, eu e o Nolan recuamos, mas um cara enorme surgiu atrás da gente, torceu o pescoço do Nolan e o jogou no chão, ele me deu um soco tão forte na nuca que eu saí tonta até cair na poça do sangue da Dafne e me fingir de morta, eu fiquei com um dos olhos abertos foi aí que eu vi o Trevor sair correndo para dentro do labirinto e todos os carreiristas atrás dele. Foi então que vocês apareceram. O Nolan era o meu melhor amigo.

— Nossa! — exclamou Kyle — Que horrível!

— Sinto muito. — digo.

— Não, tudo bem, a perda é algo muito comum na minha vida, já me acostumei.

O som do canhão soou mais duas vezes até chegarmos no semicírculo em que deveriam ficar os Tributos femininos. Nenhum sinal da Misty. Lá só se encontravam dois corpos de meninas jogados no chão, um com uma pedra grande e suja de sangue enfiada no crânio e o outro com a cabeça virada para as costas. Eu tentava imaginar o tipo de luta que ocorrera ali.

— Droga, o que será que aconteceu com a Misty? — disse Kyle se sentando no tablado do Distrito 5 — Bem, nós ouvimos cinco canhões, e até agora só vimos quatro corpos... Será que ela é o quinto? — ele apoia a cabeça nas mãos e fica olhando para o chão.

— Calma, Kyle, — digo — Ela deve ter ido para o lado dos Tributos masculinos, para procurar você! — eu digo isso, mas dava para sentir a incerteza saindo da minha boca.

— Não, não... — ele me olha — eu disse a ela que, em qualquer lugar que ela estivesse, me esperasse. E, agora, eu não sei se ela está viva ou não, só vou saber disso quando estiver de noite e os Tributos mortos aparecerem no céu, mas eu nem tenho certeza de que estarei vivo até a noite. — ele volta a apoiar a cabeça nas mãos.

— Mas, Kyle, deve ter acontecido alguma coisa aqui, e ela resolveu fugir. Ninguém sabe...

Eu fui interrompido pelo estouro do canhão seguido de um grito feminino.

— Misty! — Kyle falou — MISTY! — ele gritou, soltou a maleta no chão e saiu correndo em direção ao som.

Eu olhei para a Zoe, apanhei a maleta e coloquei a mochila nas costas. Começamos a correr atrás dele.

Ele entrou no labirinto ignorando os nossos pedidos de espera. Eu entreguei a maleta pra a Zoe e seguimos ele tentando correr o máximo que pudéssemos. Ele corria muito, sua respiração podia ser ouvida de onde eu estava. Ele dobrou, pelo menos, uns cinco cunhais até ser parado por uma menina loira, de cabelos cacheados, segurando um arco, com uma aljava nas costas e extremamente assustada.

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