O Desfile

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Quando eu entro no meu quarto eu encontro, em baixo da porta, mais um daquele bilhete azul. Espero o Bill entrar e apanho o bilhete, fecho a porta. No bilhete estava escrito em letra cursiva: "Olá Arion, tome um delicioso banho, vista-se com o uniforme de treinamento que está repousado em cima da sua cama, ele vai ser a única peça de roupa que você poderá usar fora do seu quarto, exceto quando estiver no desfile ou na arena, claro. Você tem cerca de uma hora para se arrumar, iremos passar pelo penúltimo túnel para capital em poucos segundos — De repente tudo escurece e as luzes de extrema inteligência se acendem — quando estiver pronto estaremos o esperando no setor D do trem, onde desembarcaremos, em seguida, iremos para o prédio dos Tributos para a preparação pro desfile — As luzes se apagam e o dia aparece novamente nas janelas, saímos do túnel —, lá nós encontraremos seu estilista e sua equipe de produção. Beijos da titia Celly." Olho para o Bill. "Boa sorte" a voz dele rompe em minha mente.

Às oito e cinquenta da manhã eu já estou pronto para partir pra o setor D do trem, trajando o uniforme cinza e justo, uma camisa colada ao corpo ensacada em uma calça bem mais justa, um coturno preto que vai até perto da panturrilha, estou parecendo um militar, no peito direito da camisa está o símbolo da capital, no esquerdo, o do Distrito 7.

Pela janela do compartimento D, eu vejo enormes prédios curvilíneos surgindo no horizonte, A Capital! Aerodeslizadores sobrevoam toda a cidade que cada vez fica maior, a velocidade do trem é incrível, pois, a montanha que estava a quilômetros de distância está agora em cerca de cem metros. Quando, repentinamente, tudo fica escuro, quando as luzes se acendem eu vejo na sala a Circe e a Celly conversando sentadas no sofá da entrada.

— Há quanto tempo vocês estão aqui? — pergunto me aproximando delas, Bill me segue.

— O suficiente para te ver babando olhando para a capital — disse Circe, mas eu a ignoro.

— Acabamos de chegar! — disse Celly arrumando um cacho de cabelo que caiu em sua testa.

— Onde está o Ethan? — sento ao lado delas. — Ele se atrasou?

Celly olha para a Circe.

— Muito pelo contrário, meu querido, ele desistiu de ser o mentor de vocês, ele desceu na última estação e de lá deve ter pegado um trem de volta para o 7.

— O quê?! — me levanto — Ele não pode fazer isso!

De repente o vagão inteiro se iluminou, nas janelas era possível ver enormes prédios de matrizes coloridas, parecendo enormes arco-íris de sabe-se lá quantos andares, um enorme lago, no qual, estávamos passando por cima, e árvores cor-de-rosa que se espalhavam por todas as ruas junto com carros coloridos e as pessoas que passeiam nas ruas com seus penteados exóticos. As câmeras não mentiram sobre a beleza e a grandiosidade do local.

Eu a Circe corremos para as janelas.

— Adoro quando eles fazem isso! — Exclama Celly, para seus pássaros.

As janelas se fecham e uma voz rompe do teto:

— Estação de trem da Capital. Tributos, dirijam-se a porta à sua esquerda. Que a sorte esteja sempre ao seu favor...

As portas se abrem e recebemos uma saraivada de flashes, uma câmera entra voando e filma nossa saída, a Celly põe seus óculos e abre seu guarda-chuva. — Mantenham a calma, e não deem uma palavra sequer para os repórteres! — Diz ela enquanto nos dá um leve empurrãozinho para sairmos. Quando colocamos os pés fora do trem, todos os repórteres imediatamente abrem caminho, alguns nos sufocam com os microfones, enquanto outros lançam flashes.

Finalmente entramos no Centro de Transformação. Em uma pequena praça, depois das portas que fecharam nas nossas costas, nossas equipes de preparação estavam nos aguardando, no meu lado direito eu vejo uma mulher alaranjada segurando um cartaz com meu nome, na minha esquerda, um rapaz de cabelos azuis e barbicha roxa faz a mesma coisa com o nome da Circe. Nós nos separamos e acompanhamos a nossa equipe. Em seguida, fui levado para um elevador, que desceu, no espelho do elevador um homem de vestido e calças por baixo, passava um batom verde e estalava a boca, para testar a resistência do batom — eu acho — enquanto os outros me mediam com os olhos.

— Constrangedor, não? — disse a voz do Bill em minha cabeça.

— Muito — penso.

Olho para ele.

— Mas isso é normal, eles são boas pessoas, não farão nada demais com você.

— Eu sei que é normal, estou falando com um pássaro em minha mente, — Ele ri —depois disso até um homem com asas pode parecer normal.

— Parabéns, você acabou de descobrir como é seu estilista.

— O quê?!

Ele ri.

O elevador para e entramos em um longo vestíbulo branco, onde, uma cachoeira rompia do teto em cima de uma banheira, palmeiras cor-de-rosa ficavam nos cantos da sala, gavetas coloridas eram espalhadas em todos os lugares da parede, algumas passavam de uma parede para outra, sofás vermelhos foram dispostos de forma aleatória pelo cômodo.

— Uau, que lugar lindo!

— Sim, é! — disse Jason, um rapaz alto e loiro, mas com diversos piercings espalhados pelo corpo — foi meu esposo quem projetou.

— Hã? Esposo?

— Sim, ele é um ótimo arquiteto — ele disse enquanto vestia um par de luvas —, mas agora tire a roupa e entre na banheira. Glace, Eddy, Preparem os sais de banho!

— O quê? Tirar a roupa?

— Claro que é para tirar a roupa, ou como você acha que vai tomar banho? — exclamou uma mulher alaranjada que reconheci por Glace.

— Anda logo, tire a roupa! Não precisa se sentir constrangido, nós não mordemos. — retrucou Jason — exceto a Mello, mas ela tá perdendo esse costume.

Alguns soltam risadas, A Mello faz uma careta para o Jason.

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