Fogo

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A floresta estava completamente seca, os galhos das árvores formando garranchos graúdos, os arbustos e as ervas estavam mortos e murchos no chão, nem um sinal de folha verde, nenhum sinal de pássaros, esquilos ou qualquer animal. Um símbolo igual aos anteriores estava gravado em uma pedra no chão. Não parecia o símbolo de água, nem o de terra. Parecia com uma chama crepitante. Fogo.

Uma voz rompeu do céu azul acima de nossas cabeças.

— Olá, Tributos! — disse a mesma voz feminina que havia falado conosco nas ultimas duas vezes — Vocês, finalmente, chegaram às Salas de Provas do Labirinto. — ela fez uma pausa — Sala de Fogo. — ela fez uma outra pausa, era como uma voz robótica, programada para falar as mesmas coisas, com o mesmo tempo de pausa. A única diferença era o tema da sala — A floresta onde vocês se encontram, começará a ser consumida pelo fogo ardente em instantes quando eu der o sinal. Vocês devem tentar sair daqui correndo até uma parede, que deve ser escalada, no extremo norte. A partir do momento em que vocês começarem a correr, o cronômetro contará vinte minutos até ela ser fechada. Cuidado com as incertas durante o percurso. Se algum tributo não conseguir escalar a parede, no tempo certo, não há mais nada que ele possa fazer. A fogo o devorará, e o infeliz tributo morrerá incinerado. — olho imediatamente para Kyle, ele tem apenas um braço, não dá pra escalar. Ela interrompe meu pensamento — Entenderam?

Zoe me olha e olha para Kyle. Eu entendo o que ela estava pensando.

— Sim! — confirmo.

Uma enorme bola de fogo surgiu no céu, caindo cada vez mais. Balançando suas chamas no ar. Então BUM! Ela explodiu no chão em milhares de centelhas que voavam no ar em diversas direções, incendiando arvores e arbustos.

O impacto do meteoro no chão nos fez sair voando até cair em um conjunto de arbustos secos que nos arranharam.

Em poucos segundos a mata em nossa volta estava crepitando em chamas vermelhas e amarelas. Era hora de correr. O mesmo besouro que apareceu da última vez, surgiu bem na nossa frente refletindo -19:59 no ar.

No levantamos sacudindo e jogando os arbustos, que se agarraram a gente, no ar.

Depois da queda eu não sabia o que era leste, oeste e muito menos o extremo norte. Mas acima das copas secas das árvores era possível ver um enorme conjunto de paredes que se sobressaiam.

— Para lá! — gritei apontando com o indicador.

O fogo era voraz, queimava pinheiros e carvalhos em instantes. Ele dançava e se balançava engolindo árvores.

Corremos para onde eu havia apontado, Kyle ia na frente desta vez. Eu e a Zoe em seu encalço.

Não havia vento, ar. Somente uma fumaça espessa e negra que cobria toda parte. Os galhos estalavam sucumbindo ao fogo ardente, arvores despencavam atrás de nós. Eu tentava respirar, mas somente fumaça era inalada. Tossi. Cuspi. Tossi novamente. Minha garganta ardia. Queimava. Meus olhos pegavam fogo.

Me vi sufocado. Caí no chão tentando puxar fôlego, mas eu só engolia fumaça, o que me fazia tossir cada vez mais. Zoe se aproximou de mim e me levantou. Ela segurava a gola da camisa em cima do nariz. Olhei para Kyle, ele fazia o mesmo.

— Cubra o nariz com a camisa, — sua voz estava abafada — isso melhora.

Levantei a gola da camisa e imitei o gesto que eles estavam fazendo. Consegui me reestabelecer. E continuei correndo.

-17:32. O besouro nos seguia, desviando de galhos com extrema habilidade.

BUM! O som do canhão soou bem próximo. Isso significava que não éramos os únicos sendo perseguidos pelo fogo.

Olhei para cima e vi um galho de enorme do que já fora um carvalho despencando em chamas. Ele caiu bem à nossa frente impedindo nossa passagem.

Olhei para trás. Kyle e Zoe estavam me olhando também. Eu era o líder. Eu teria que tomar alguma providência.

Olhei para o cronômetro.- 15:03.

— Me sigam! — gritei por cima do som do crepitar das arvores.

Corri para o lado, desviando do galho enorme que sucumbia nas labaredas. Eles me seguiram. Passei por cima de alguns troncos caídos. E já estávamos de volta no nosso curso.

- 11:40. Um estouro ribombou atrás ne nós e acertou em cheio uma arvore na nossa frente, que despencou e caiu. Levantando pequenas faíscas. Mais estouros foram disparados. Olhei para trás. Eram bolas de fogo

Não muito maiores que uma maçã. Uma passou zunindo em meu ouvido e eu me atirei no chão quando outra vinha em minha direção.

— Tomem cuidado, — gritei — façam o que eu faço!

Uma bola de fogo acertou a minha mochila. O impacto foi tão forte que eu saí rolando no chão. Minha bolsa estava em chamas.

Kyle puxou a minha mochila das minhas costas e a atirou bem longe.

— Tudo bem? — ele perguntou.

Tossi. Levei a camisa de novo até o nariz.

— Aham! — me levantei com a ajuda da Zoe.

— Não temos tempo para isso, — disse Zoe — Vamos!

Não estava tudo bem. Meu braço estava todo arranhado. E sangrando.

Pareciam quase infinitos os pequenos meteoros que nos seguiam. Mas finalmente cessaram.

- 8:00.

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