Floresta

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— É melhor irmos para a floresta, — eu falei para quebrar o gelo — estamos muito expostos aqui.

— Concordo! —disse Kyle.

— Zoe, você acha que pode seguir caminho? — perguntei.

— Sim, — ela respondeu se levantado e segurando um pedaço de atadura rente ao nariz — claro que posso!

Os primeiros raios do sol do segundo dia de arena despontavam sobre as paredes, engolindo a escuridão da madrugada, os pássaros da manhã cantarolavam e as andorinhas dançavam no céu azul-marinho, as folhas das trepadeiras estavam molhadas pelo orvalho da noite. O cenário estava lindo, mas não para alguém que está no meio de uma arena e que acabara de se livrar de uma luta com um ser nada comum.

Subi mais uma vez pelas heras para ver se estávamos próximos, ou não, da floresta. Ela não estava tão distante, mas também não estava tão perto assim. Tínhamos muitos metros pela frente.

Desci esfregando as mãos, como sempre.

— Estão com fome? — perguntei.

— Um pouco, mas dá para aguentar até chegarmos à floresta. — respondeu Kyle.

— É melhor comermos agora, — eu disse — não é muito bom ficar muito tempo com fome.

Andei até a minha mochila e peguei a bolsinha térmica.

— Dois saquinhos de frutas secas, uma maçã e duas caixinhas de suco. — eu contei.

— Nós comemos as frutas secas agora e deixamos os outros pra depois, que tal? — disse Kyle.

Entreguei um dos sacos para Kyle comer com Misty e eu dividi o meu com Zoe.

— Eu nunca gostei tanto de frutas secas em toda a minha vida. — disse Misty saboreando cada mordida que ela dava nos pêssegos e damascos que ela tinha em mãos.

— Eu achava que eu ia ganhar patrocínio, mas nenhum sinal de paraquedas... — falei quando desci das heras outra vez.

— Não esquenta, Arion! — disse Misty passando seu braço direito por cima do meu ombro, eu me virei para olhá-la— Não precisamos de patrocínio, nós somos uma equipe!

Sorri um sorriso amarelo.

— Isso mesmo, — disse Kyle — nós temos uns aos outros, não precisamos de patrocínio.

Pena que só um de nós será o vencedor. Pensei.

— Somos uma equipe! — eu disse, por fim.

Continuamos andando na direção em que eu havia apontado. O chão de cascalho fazia barulho aos nossos passos, eu até dava passos sem ritmo para fazer barulhos diferentes. Os cantos dos pássaros pareciam mais fortes, e o das cigarras mais agudos. Estávamos nos aproximando da floresta, do ponto onde estávamos era possível ver as copas das árvores mais altas.

— Até que enfim! — eu disse olhando com os olhos semicerrados para o alto das copas das árvores, um sorriso se formou nos cantos da minha boca e me virei olhando para todos, — Vamos, gente! — gritei — A floresta está bem na nossa frente! — comecei a correr para a floresta. Todos se entreolharam rindo e correram atrás de mim, até a Zoe machucada.

As paredes se acabavam em um longo corredor, diminuindo de tamanho e se espalhando em diversos pontos, o chão foi de substituído de cascalho por terra, novamente, mas dessa vez com alguns arbustos dispostos aleatoriamente. As árvores estavam bem na nossa cara, se expandido em uma infinidade de tamanhos, e cores, algumas já atingindo a coloração laranja do outono. Os tons agudos das aves já pareciam bem próximos, o vento sacudia a copa das árvores, balançando a sombra que elas faziam no chão.

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