Elementais das Trevas - Os Cavaleiros do Inferno #2

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— É um prazer em conhece-la, Selene Midnight.

Selene encarou o homem que a cumprimentou. Ele provavelmente teria seus 40 anos e muitos anos, cabelos finos, lisos e brancos, possuía uma barba avolumada, sobrancelhas levantadas e olhos metálicos, as linhas da idade percorriam o rosto do homem que trajava um terno acinzentado. O Presidente das Academias está aqui, ecoou a voz de Maze em seus ouvidos. Então era este o Presidente. Selene sentia a presença marcante e imponente do homem que também a encarava de forma cortês, o queixo erguido com um ar de superioridade. Ele era superior, afinal de contas, pensou Selene por um breve instante.

— É um prazer em conhece-lo, acho. – Disse ela mantendo a voz obstinada e sustentando o olhar. Sebastian a cutucou na cintura com o cotovelo.

— Peço desculpas pelo incômodo, soube que esta Academia lutou contra demônios no dia anterior. – Selene percebeu o sotaque carregado do Presidente. Italiano, talvez? – Meu nome é Chronos Benjamin, Presidente das Academias. Presumo que esteja confusa neste momento, srta. Midnight.

— Claro, isso é óbvio. Imagino o assunto que você queira falar comigo. – Ela claramente não sabia como se portar diante de um presidente. Escondendo o nervosismo, Selene cruzou os braços para impedir que alguém visse seus dedos tremendo e congelando. Esquecera de colocar luvas.

— Por favor, nos diga o que imagina. – Chronos gesticulou como estivesse apresentando o restante das pessoas presentes na sala. Aos dois lados do Presidente haviam um homem e uma mulher; ambos morenos com cabelos castanho-escuros, olhos verdes presos em Selene e com uma postura autoritária e séria. Suas roupas eram sociais e acinzentadas assim como o terno de Chronos.

Os olhares voltaram para Selene, esperando sua resposta. Ambos os Exorcistas, Monitores e diretora pareciam imaginar o que ela falaria, pois estava óbvio. Eles se importavam com o que ela imaginava de fato?

— Imagino que seja por causa de Maze e Sebastian. Irá manda-los embora, não irá? – Sua voz foi firme e lutou para que não saísse de modo trêmulo e hostil. Selene não queria que tal coisa acontecesse.

— Então Jason disse a mensagem que enviei. Sobre os Exorcistas violarem as regras. – Os olhos de Chronos foram para Jason por um instante cujo cerrou o maxilar. – Você aparenta estar com medo que isto aconteça, não é, srta. Midnight?

Selene ficou espantada. O que fora isso? O Presidente conseguia ler seus pensamentos? Estreitando o olhar, ela percebeu alguma marca por baixo do colarinho do terno de Chronos, localizado no centro do pescoço flácido. A Marca do Espírito.

— O que quer realmente com ela, sr. Chronos? – disse Angelie, a voz impaciente. Selene olhou para ela e notou os olhos inflamarem em brasas raivosas. – Se queria conversar com os Exorcistas, não era necessário a presença de Selene nesta sala. Nem convocar os Generais.

Chronos fitou Angelie inexpressivamente.

— Ela é a causadora para que ambos violassem as regras, não é mesmo? Tudo o que faço é necessário, sra. Crystal. – disse – Srta. Midnight, você guarda rancor de Hastings e Hayden? Se os visse fora de seus cargos, seria triunfante ao fazê-lo e seu rancor desapareceria? – Voltou-se para Selene, franzindo o cenho.

Exceto as pessoas que estavam em volta da mesa, todos emitiram um ruído de perplexidade. O que ele está dizendo, pensou Selene. Rancor? Triunfante por ver Maze e Sebastian fora da Academia? O que ele pensava dela?

— Com todo o respeito, sr. Chronos – a voz de Angie saiu estremecida. – Não está pensando que Selene é...

— Fora constatado que Selene convenceu Maze Hayden e Sebastian Hastings a fazerem uma patrulha particular por conta de sua preocupação com a família. – Disse o homem ao lado de Chronos. A voz era ríspida, chamando a atenção de todos no recinto. Selene fez uma careta no momento em que o homem havia dito "convenceu". Ela não havia convencido, Maze e Sebastian fizeram suas próprias escolhas! – E colocou a vida dos Exorcistas em risco lutando contra um grupo de vampiros.

— E Selene Midnight não obedeceu às regras impostas pela Academia; em caso encontrassem um demônio nível Exorcista, - prosseguiu a mulher do outro lado – atraíssem-no para os responsáveis pelo grupo, ou seja, Maze Hayden e Sebastian Hastings.

— Então ela colocou a vida de outros Selecionados em risco? – Perguntou uma mulher do lado à direita da mesa. Ela possuía feições asiáticas, trajava roupas justas de combate, cabelos lisos e negros. A blusa que usava mostrava sua Marca na clavícula, a Marca da Água.

— Eu não... – Selene tentou protestar diante de tantas acusações sem sentindo, entretanto, foi interrompida.

— Demônios são criaturas sérias. – Concedeu um homem alto ao lado da mulher asiática, no entanto, ele tinha aparência inglesa com o mesmo sotaque.

— Esperem! – Protestou ela afinal, recebendo o olhar assustado de todos. – O que querem dizer? Que eu estou tentando matar Maze e Sebastian, além dos outros Selecionados? Pensam que eu sou... que eu sou... – Um demônio, ela completou mentalmente, sentindo-se atordoada.

— Oh, mantenha a calma, srta. Midnight. – pediu Chronos, tranquilo. – Estamos esclarecendo os fatos. Apenas nos diga o que a levou a fazer tudo isso.

Selene estava além de incrédula. O que se passa na mente dessas pessoas?

— As medidas já foram feitas, Benjamin. – Respondeu Jason, a voz mordaz atravessando a sala. – Já foram punidos como mereciam. Não há nada para ela responder, já o relatamos em relação a isso.

— É mesmo? – Chronos olhou para ele, franzindo as sobrancelhas, parecendo confuso. – Até porque no exato momento em que havia uma batalha contra demônios e Exorcistas na Academia, Selene Midnight saiu desta sem ao menos pedir autorização. O que adiantou puni-la se ela comete os mesmos erros?

Jason arregalou os olhos.

— Me desculpe – Selene interrompeu os olhares mortíferos entre o Monitor e o Presidente, cerrando os dentes com fúria – Sai da Academia pois queria impedir que um dos Elementais das Trevas fosse invocado por completo, pois queria proteger quem eu acho que é importante para mim. Maze e Sebastian fizeram suas escolhas quando perguntei se eles poderiam me levar para patrulhar, arcando com as consequências e pôde ver que assumimos com a nossa punição. Eu decidi que não colocaria a vida e a profissão deles em risco, então eles não precisam ser interrogados desta maneira. E, no momento em que fomos escolhidos pelos Anjos para lutar contra demônios, já estamos colocando nossa vida em risco. O aceitamos, assim como aceitamos a nova vida que nos colocou diante das escolhas. De tudo isso.

Selene exalou o ar quente, fazendo uma pausa e prosseguiu:

— Se você, Presidente Chronos, está achando tudo isso muito ruim, não é conosco que deverá interrogar. Interrogue os Anjos que nos escolheram.

Quando terminou, todos ficaram em completo silêncio. Maze a olhava espantado e ela questionou pelo fato de ele não começar a falar também, assim como Sebastian, que colocou a mão em frente da testa, negando com a cabeça. Jason a encarava de forma impassível; Angie engoliu em seco e Angelie parecia compreender e querer sorrir. Selene voltou os olhos azuis obstinados a Chronos.

— Seria injustiça a minha questiona-los. Suas decisões são absolutas. – Ele disse por fim, soltando o ar como tivesse o segurado por um longo tempo. – No entanto, suas atitudes revelam algo suspeito, srta. Midnight. – Chronos sentou-se, entrelaçando os dedos de ambas as mãos, repousando-as em cima da mesa de vidro. – Quando se está em equipe, devemos cooperar com todos, além de protege-los, isto é, seguindo devidamente as regras impostas. Uma vez que as desobedece certamente irá colocar a vida de todos em risco, embora, como você mesma disse, quando os Anjos os escolheram já colocaram a vida diante do risco e de criaturas como os demônios.

Selene teve um flash de memória, lembrando-se de como o demônio quase rasgou Ethan inteiro, de como Maze quase perdeu a vida no dia do cemitério ou quando Agatha estava exaurida no dia anterior. Todos naquele momento fizeram suas escolhas, ela sabia. Ninguém se arriscaria tanto sem refletir, mesmo que fosse por um segundo. Em um mundo como aquele, lutar e se arriscar os fazia levar ao desejo de ter um momento de paz.

— E o que há de suspeito? – Questionou ela, controlando a respiração.

— O seu interesse pela chave.