Elementais das Trevas - Os Cavaleiros do Inferno #2

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O peito de Selene subia e descia com a exaustão. O vento ameno soprava em seu rosto enquanto dava uma grande mordida na fruta brilhante em formato de maçã. A fruta era doce e suculenta, porém o sabor era completamente diferente de uma maçã normal.

Ela e Kaine estavam sentados sob uma das árvores altas próximas a casa de Alya, comendo frutas colhidas pelo kitsune durante a pausa no treinamento com espadas no dia seguinte. E, pela primeira vez após tanto tempo, Selene sentia-se satisfeita por estar sabendo lutar verdadeiramente com uma lâmina. Observava os dedos agora, tão diferentes quando desejava que a espada voasse para os ares quando ficava irritada consigo mesma. As mãos pareciam mais fortes do que nunca.

- Meus braços vão despencar - sussurrou Kaine ao seu lado, a cabeça pendendo para trás no tronco da árvore. A pele dele oscilava com o suor - Você está colocando força demais, ninfa.

- E isso não seria bom? - Selene falou com a boca cheia e quase engasgou. Deu tapas no peito e se recompôs. - Eu ainda quero treinar. Obrigada, Kaine. Obrigada por ainda estar me aguentando depois de tanta raiva.

Kaine sorriu por trás de uma mordida na maçã.

- Não sei como eu tenho paciência para aguentar sua teimosia.

Selene deu uma risadinha. Nem ela sabia como aguentava si própria diante de tantas coisas que fazia. E com o kitsune falando daquela maneira... Lembrava-se de Maze, dizendo sempre "garota teimosa". No entanto, ela tinha ultrapassado os limites de paciência dele.

- Vocês pararam de treinar? - gritou Alya ao descer as escadas da árvore. A mulher e o Exorcista estavam com arcos em volta do peito e flechas em uma aljava na cintura.

- Onde vocês vão com esses arcos? - perguntou Selene, levantando-se rapidamente. Olhou para Maze por um instante, os olhares se encontrando e desviando na mesma velocidade. Ele parecia ter se recordado de algo, subindo de volta para a casa acima.

- Vamos caçar - Alya abriu um sorriso traiçoeiro, pulando ao chão. - Maze compensará o que eu perdi no dia em que vocês chegaram aqui.

- Boa sorte com os cervos demoníacos - disse Kaine ao se aproximar delas.

- Alya, você soube algo da pessoa que irá ao Oráculo? - perguntou Selene com a voz baixa. Embora não fosse todos que pudessem entende-la, talvez conseguissem compreender a palavra Oráculo - Soube algo do mapa?

- Mity está se preparando para ir - respondeu enquanto ajustava o laço grosso e áspero na cintura, onde situava-se as flechas - Ele precisará criar um plano para entrar e sair; há Capitães da Guarda que protegem o Santuário. Por ele ser um ser que possui respostas divinas e ocultas, os Governantes o mantém preso.

- E Mity é um dos poucos Exilados que ainda possui um pouco de magia - falou Kaine, mordendo a metade da maçã - Então ele consegue se misturar às sombras muito facilmente. Só que precisará ter a proteção dos Anjos em caso algum dos Governantes estiver de passagem por lá.

Selene fitou o chão por um breve momento. Certamente o tal Mity estaria indo ao Santuário por motivos pessoais além de pegar o mapa, contudo, ela estaria colocando a vida dele em risco por algo valioso e proibido. Provavelmente Mity irá viajar com Lwyn. Agora não estava tão certa de deixa-lo ir por um motivo dela.

- Podemos ir. - a voz de Maze interrompeu o devaneio, chamando sua atenção. Havia algo diferente nele? Selene percebeu uma leve mudança de expressão; mais sério do que o habitual.

- Ah, claro - Alya olhou para ele e depois voltou-se para Selene e Kaine - Talvez tenhamos o melhor jantar deste mês!

A mulher despediu-se e correu junto a Maze em direção à floresta. Selene acompanhou-o afastar com os olhos, imaginando uma linha que os separara desde a discussão na sacada. De alguma maneira ambos estavam distantes, porém próximos dessa linha.