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Selene soube no mesmo instante que aquele tremor era o mesmo do depósito na última Caçada. Lembrou-se do círculo de Leviatãs entoando em alguma língua, uma linha carmesim atravessando o céu e o tremor sob os pés. Ela não notou nenhum círculo até o momento em que um clarão surgiu além das cortinas da sacada do quarto. Sombras de pessoas contornando um círculo bruxuleava como se houvesse fogo ali.

Ela puxou o gatilho do Colt para atirar contra o rapaz, porém antes de fazê-lo, estrépitos violentos e altos ressoaram pelo recinto fazendo o chão tremer novamente.

— Oh, então os demônios saíram de seus Portais. – Disse o rapaz tranquilamente olhando em direção a porta. – Isso é problema para vocês, não? Há muitos humanos aqui. Imagine como ficarão sendo mastigados e engolidos por demônios gigantes? – seus olhos vermelhos-sangue voltaram-se para Selene, o sorriso sombrio no rosto.

— Demônios gigantes? – A voz de Selene vacilou, os olhos arregalando. Não poderia ser...

Quando Selene moveu-se para escancarar a porta, o rapaz surgiu diante de si, as garras foscas e afiadas quase lhe atingindo o rosto; ela esquivou-se rapidamente para o lado.

— Os gritos por misericórdia serão os aplausos desse show. – Seu sorriso alargou-se pelo rosto, indo de orelha a orelha, a íris dos olhos maculadas pelo vermelho-sangue, a pupila em um único ponto preto.

Selene trincou os dentes, sentindo o impacto da mão do rapaz trincar na porta atrás dela. Ela gesticulou o braço e a mão para dar-lhe um murro no rosto, porém, o rapaz a pegou pela jaqueta e a jogou contra um armário próximo a sacada. Logo ao cair no chão após atingir o armário, Selene ouviu a gritaria da multidão do Six Penn. Horror e medo, ela escutou. Permaneceu caída, os olhos semiabertos observando o rapaz atentamente. Havia Maze, Amani, Liz e Trinity para lutar e se esse demônio fosse o causador de tudo isso, ela poderia derrota-lo.

Levantou-se imediatamente e sacou uma adaga. Deixaria as balas do Colt para outro momento. O rapaz avançou até ela com uma rapidez que Selene não conseguia acompanhar direito; lhe deu vários socos e chutes que a deixou completamente enfurecida e além de dolorida. Ela investiu sua força contra o rapaz, no entanto, ele sempre escapava de seus golpes, surgindo subitamente e a golpeando.

— Você é um demônio covarde! – Selene gritou enquanto virava-se rapidamente. Não havia encontrado uma fonte para que pudesse aumentar o poder da água.

— Covarde? – O rapaz surgiu e chutou Selene, fazendo-a cair no chão outra vez e logo após colocou o pé em cima de seu rosto, empurrando-o contra o solo quente. - Você quis dizer de acordo com os termos usados nesse Mundo? Como por exemplo, homens batendo em mulheres?

Selene trincou o maxilar. O rasgo causado pelo rapaz queimava profundamente e deixava seus movimentos lentos demais. Seus dedos foram ligeiros e alcançaram uma das adagas, longa e afiada, no entanto.

— Demônios são terríveis, devo admitir, mas humanos conseguem ser bem piores. Não deveriam ser chamados de humanos, entretanto. Monstros horrendos que matam o próximo. – Ele deu uma risada de escárnio. – O seu Deus havia lhes mandado amar o próximo, não? O que aconteceu? Humanos realmente possuem coração?

Selene levantou a adaga e cravou no pé em que o rapaz amassava-lhe o rosto. Ele berrou; ela pôde sentir a ponta da arma pinicar seu rosto. Cravou fundo demais. Ótimo.

Ela levantou com um pulo, retirando a adaga do pé do rapaz. Um liquido viscoso e escuro escorria pela lâmina reluzente à luz das velas do lustre. Selene viu o rapaz cambalear e olha-la com fúria.

Elementais das Trevas - Os Cavaleiros do Inferno #2Onde histórias criam vida. Descubra agora