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Os olhos arregalaram-se lentamente, como se tudo estivesse acontecendo em plena câmera lenta. Selene sentiu algo profundo cortar sua pele, ardendo como fogo, seguido de uma dor insuportável que a fez largar a espada imediatamente. A lâmina retiniu ao encontro do chão.

Ela berrou alto e caiu de joelhos no chão, levando a mão livre até a extremidade do braço direito, sentindo o sangue escorrer, quente. Exatamente todos pararam o Treinamento, o grupo das espadas formando um círculo em sua volta.

— Você está bem? – Perguntou Owen apressadamente, desviando os olhos negros para o braço de Selene. O próprio Exorcista havia dito que manteria cada aluno em uma distância que ninguém atingisse ninguém.

— Acha mesmo que eu estou bem? – Selene disse entredentes, suprimindo a vontade de sair berrando de dor. Apertou a mão conta o corte e depois recuou, olhando para a extensão e profundidade.

— Meu Deus! – gritou uma voz feminina, chamando a atenção de todos. Alguns em volta de Selene haviam corrido para fazer algo. Uma garota abriu uma abertura entre o círculo e ajoelhou ao lado de Selene. – Aí, me desculpe, eu...

Selene ergueu o olhar e visualizou a garota. Por mais que não queria reparar em suas feições enquanto a dor embaçava sua visão, a beleza da garota era perceptível; pele morena, olhos verde-escuros, o cabelo ondulado castanho-escuro caindo em cascata sobre os ombros, vestindo as mesmas roupas do Treinamento e a Marca do Fogo em seu pescoço definido. Novamente, Selene nunca havia visto aquela garota na Academia.

— Dêem licença. – Ela escutou a voz de Maze irromper as vozes preocupadas e espantadas de todos. O Exorcista carregava uma maleta prateada em mãos e logo a abriu, revelando curativos e afins.

— Você... – A voz de Selene falhou, olhando para a garota morena com os olhos semiabertos. – Você fez o que...?

— O meu Chakram acabou escapando da minha mão. – Revelou ela, a preocupação transparecendo em seu rosto. – Por favor, me desculpe, eu não queria te acertar...

Selene ouviu vozes familiares gritarem seu nome, logo em seguida seus rostos aparecendo à meia multidão. Liz, Agatha, Melanie, Alexander e Ethan correram até o círculo, os semblantes assustados. Maze havia limpado o sangue do braço e ela sentiu algo liquido penetrar o corte. Imediatamente ela cravou as unhas no braço do Exorcista, apertando os olhos de dor. Insuportável, insuportável, insuportável!

— Todos afastem-se e voltem para suas atividades. – Ordenou a voz mordaz de Jason. A maioria hesitou, porém, obedeceram às ordens e se dispersaram. – Como estava usando o Chakram, Madison?

— Da maneira que o Exorcista Maze pediu. – Respondeu a garota. – As lâminas estavam unidas para dentro, então não iria ferir ninguém. Não sei o que aconteceu direito, apenas senti uma das partes se soltar e escapar da minha mão...

Selene olhou novamente para a garota. Seu tom de voz era grave e maduro, estranho para o modo com que pronunciava as palavras. Parecia que ela dizia sem emoção alguma, sem preocupação verdadeira.

— Com certeza você usou de maneira errada. – Rosnou Agatha do outro lado de Selene. A dor que sentia era tanta que nem notou o modo que o grupo se pôs ao seu redor. – Porque ninguém mais deixou escapar a arma.

— Ei, Agatha... – alarmou-se Alexander, segurando na mão com sangue de Selene. A energia da mão esquerda dele parecia transmitir uma onda de alivio pelos nervos agitados dela.

— As luvas são capazes de segurar firmemente quaisquer armas. – Jason olhou ligeiramente para Selene. – E você está as usando. Realmente houve uma interferência no modo que a segurou e Maze sabe como manusear um Chakram, temo que ele disse exatamente o que fazer e como se portar.

Elementais das Trevas - Os Cavaleiros do Inferno #2Onde histórias criam vida. Descubra agora