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Selene franzira o cenho antes de despertar completamente. Abriu os olhos vagarosamente, levantando o tronco do corpo na mesma velocidade, levando as mãos até os olhos para coça-los. Dormira após dez minutos de lágrimas que pareciam que nunca iriam parar de escorrer pelos olhos, um choro silencioso, frio e sem razão alguma. Ou pelo menos era o que Selene presumia em relação àquilo.

Com os cabelos emaranhados e pijama amarrotado, Selene esticou o braço até o celular próximo ao travesseiro, verificando as horas. Permitira a ela mesma que iria acordar tarde no dia do aniversário e o fez com sucesso. Colocou o celular em cima da cama novamente, dirigindo o olhar para a janela semiaberta, a iluminação fraca, as cortinas esvoaçando levemente com a brisa gélida do inverno. Selene recordou-se estranhamente de ontem à noite, de Maze e Trinity. Parte dela quase sabia da razão que chorara, parte não fazia ideia. O sentimento ruim e doloroso ao pensar em Maze voltou outra vez, pensar nele fazia com que o frio esquisito quase a matasse, desejando que isso não acontecesse mais, para que existisse uma razão lógica para aquilo.

Selene olhou para a mão enfaixada. Naquele momento queria vê-lo, porém, algo lhe dizia que sentiria raiva se o visse em algum local da Academia; iria esmurra-lo e ao mesmo tempo desejaria abraça-lo. Todas aquelas emoções a faziam delirar e querer socar o próprio rosto.

Porém, aquele dia era o seu aniversário. Estava fazendo 17 anos agora e deveria preencher a mente com coisas felizes. Aproveitaria o dia para relaxar, rir, se divertir com as amizades feitas na Academia. Selene iria tirar Maze da mente por um dia inteiro. Ou pelo menos tentaria.

Esticou os braços, bocejando e abrindo um sorriso, pulando da cama com um salto animado. Caminhou até o banheiro, fazendo a higiene e banhando-se, voltando até o guarda-roupa e escolheu uma roupa leve. Vestiu uma blusa cinza de frio com mangas longas, calça preta justa, calçou seu tênis e ajustou o colar da avó no pescoço. Verificaria se Cindy ou o pai mandara alguma mensagem, no entanto, não havia recebido nada. Deveriam estar ocupados, pensou ela, despreocupada.

Antes mesmo de ir até a Academia para ver os amigos, Selene decidiu que iria fazer algumas perguntas à Sebastian em relação as pessoas que presenciam lutas de Selecionados contra demônios e como fazem para explicar o que ocorreu em um lugar destruído ou abduzido às autoridades. A curiosidade lhe veio tão depressa que a animou, tendo um objetivo a mais em um aniversário que provavelmente seria diferente dos anteriores.

Ao abrir a porta do quarto, Selene olhou para baixo imediatamente. Algo estava no chão; um papel. Abaixou-se para pega-lo, virando o que era na verdade um pequeno envelope branco. Fazendo uma careta confusa, ela abriu o envelope cuidadosamente; uma carta dentro. Desdobrou-a com ansiedade crescente, tomando cuidado para não rasgá-la. Quando a abriu, um sorriso se formou em seu rosto. Na carta, dizia:

"Espero que você acorde antes que Agatha se irrite e venha até seu quarto para tira-la da cama a força.

Enviar uma carta para você foi ideia de Liz, mas não há muita coisa a dizer. Todos nós sabemos que hoje é seu aniversário de 17 anos e sabemos o quanto uma pessoa fica feliz quando recebe uma surpresa boa.

Então conclua esses tópicos:

· Vá até o seu armário na Academia;

· Surte com o que viu;

· Mesmo se tiver alguma interferência, depois vá até a frente dos dormitórios.

Não pule nenhum deles. Se o fizer, com certeza Agatha irá cumprir o que está adiando há séculos: te matar.

Elementais das Trevas - Os Cavaleiros do Inferno #2Onde histórias criam vida. Descubra agora