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Selene e Agatha apenas foram tomar banho e trocar de roupa para voltar a enfermaria. Não se permitiram em deixar a pequena Liz sozinha. Melanie também quando soube da notícia; as três garotas dormiram nas poltronas confortáveis do lugar embora Angelie e os médicos quase não permitissem que ficassem. Ao ver a preocupação, autorizaram.

A garota do minibar permanecia desacordada recebendo soro e sangue, os cortes pelos braços com curativos, ingênua ao não saber que aqueles monstros eram demônios.

Ao amanhecer, Liz acordou e o grupo de garotas conversavam sobre o ocorrido no Six Penn. A pequena garota sorria quando Agatha dizia suas ironias e das pequenas discussões entre esta e Melanie. Selene manteve-se quieta, sorrindo quando fosse necessário para mostrar a Liz que ela não estava triste. Ainda se sentia culpada por ter a deixado no minibar e a confirmação de Maze parecia piorar o sentimento, o coração contraindo ao pensar, fazendo toda sua palavra que havia escutado Trinity gritar desmanchar ao pó. O que ela poderia fazer para proteger? Seu poder e as armas não eram o suficiente?

— O que será que farão com a garota garçonete? – Perguntou Melanie ao finalizar um assunto anterior sobre o quão Vegemite parecia enjoativo quando Trinity falava sobre ele. – Ninguém sabe sobre os procedimentos que a Academia faz quando outra pessoa vê demônios ou algo assim.

— Não sabemos também. Isso aconteceu assim como a sra. Aubrey que fora atacada por um deles em uma escola. – respondeu Liz. Tubos ainda percorriam o corpo pequeno dela e as cores do rosto haviam voltado a dar vida a ela. – E não sabemos dela após o acontecimento.

— O pessoal daqui não faria uma lavagem cerebral, até porque seria maluco se o fizessem. – Agatha gargalhou com sarcasmo. – Talvez tenha algum remédio que os fazem esquecer do que aconteceu, ou até mesmo as próprias vítimas dizerem que tudo não passou de um sonho.

Pesadelo, você quis dizer. – corrigiu Melanie. – Não há como ser um sonho quando entra demônios neles. O próprio planeta deixou de ser um sonho bonito.

— Espero que os demônios não ataquem durante o dia, é arriscado demais para todos. – disse Liz, o semblante carregado de preocupação. Logo em seguida voltou-se para Selene. – Você está quieta. Aconteceu algo?

Selene levou um susto, piscando os olhos. Estava perdida em seus pensamentos, pensamentos culposos e dolorosos. Não protegeu Liz como deveria, não como ela queria que fosse. Levou a mão até o pigente do colar da avó. Aquilo era para ser protegida? Do que adiantava ser protegida quando se quer proteger com as pessoas que se preocupa?

— Não, nada de errado. – Ela sorriu, desconfortável. – Me desculpe, Liz. Eu não queria ter te deixado lá no minibar mesmo quando Trinity negou que não foi ela que gritou. Me desculpe.

— Não há porque se desculpar, Selene. – disse Liz calmamente, os olhos compreensivos. Seus óculos haviam se quebrado e ela havia dito que optaria por usar lentes de contato. – Você agiu de maneira correta, indo até onde Trinity havia gritado; eu a escutei gritar também. Não tiro sua razão em ficar indecisa entre me tirar dali junto com a garota do minibar ou ir até Trinity. Você arriscou sua vida da mesma maneira. Mesmo que não tivesse a encontrado, você passou por onde havia fogo e tudo caindo aos pedaços. E mesmo ferida, você quis salvar quem precisasse, não importa quem seja. Eu acredito na sua palavra, Selene. Eu admiro muito a sua coragem, tanto é que eu queria tê-la um pouco.

Liz tomou as mãos de Selene, afagando-as cuidadosamente, quente ao toque. As lágrimas queimaram por trás dos olhos dela, observando como a pequena garota sorria como se nunca tivesse se ferido um dia. Como se nada tivesse acontecido no dia anterior.

Elementais das Trevas - Os Cavaleiros do Inferno #2Onde histórias criam vida. Descubra agora