Elementais das Trevas - Os Cavaleiros do Inferno #2

31

Ambas as lâminas reluziram e tiniram quando se chocaram, fazendo Selene tencionar os braços para carrega-los com força. Ela odiava comparação, ainda mais com ela mesma. Porém, a força de Kaine em relação à sua era de se invejar, além de movimentos tão graciosos para alguém tão alto.

Logo na manhã seguinte, Selene pedira ao kitsune se poderia treina-la com espadas, antes mesmo de ajudar Alya com a construção de uma nova hélice para um novo moinho de vento. Kaine concordou em treina-la embora perceber que Maze não havia feito o mesmo; ficara de cara amarrada quando chegou ao local de trabalho do kitsune. O Exorcista havia saído da casa de Alya antes mesmo de Selene acordar. Não dirigiu nem uma palavra sequer enquanto ela o observava de esguelha só para ver se ele iria protestar com o treinamento.

Ao terminar de construir um dos lados da hélice, Alya permitiu que Selene fosse ao encontro de Kaine para treinar. Agora, um pouco afastados da casa de Alya, ambos estavam testando a força um do outro.

- Até que você não é ruim, ninfa - disse Kaine com um sorriso provocativo no rosto, o rosto próximo à lâmina em X com a de Selene.

Com um grunhindo, Selene dá impulso para frente com a espada, afastando o kitsune de si. Ele salta em recuo e logo corre em sua direção, passando a ponta da lâmina no chão e a erguendo na tentativa de corta-la ao meio. Selene sobrepõe a espada acima de si, impedindo que ele consiga atingi-la. Trinca os dentes, sentindo o pesar da força de Kaine sobre o cabo. Pôde até ver tênues faíscas alaranjadas saírem da colisão das lâminas.

Selene sentiu o chão afundar sob os pés. Piscou os olhos, o coração acelerando, e quando olhou rapidamente para baixo, avistou dois trincos provocados pela força que Kaine causava na terra. Ela emitiu um ruído impaciente, os braços cedendo com a decadência. O kitsune quase jogou a espada de Selene para baixo, parando com o ataque.

- Você tem uma força incomum para uma humana - disse ele, secando o suor que escoria da testa. Selene notou o divertimento nos olhos violetas dele. - Mas seus ferimentos estão fazendo-a ceder a cada elevação de força que faço. Eles não cicatrizaram mesmo após Alya cuidar deles?

- Não - ela murmurou. Sentia os cortes pulsarem, o sangue latejando em volta, ameaçando sangrar. Selene não conseguia entender o porquê; mesmo com o liquido angelical, mesmo com o remédio do Mundo Sobrenatural, os cortes nunca cicatrizavam. Era impossível Trinity ter colocando alguma coisa na lâmina do Chakram, não era? Compreendia o ferimento causado pela mulher de máscara; era um demônio. No entanto, por este mesmo motivo que a fazia não entender de fato. O liquido angelical servia para isto; curar ferimentos de demônios, dos mais baixos até os mais altos níveis de força demoníaca. Então, por que diabos nunca adiantava passar algo em cima dos cortes? Será que seu corpo estaria rejeitando?

- Esse é o principal motivo para que você não seja tão boa assim com espada - continuou Kaine, cobrindo a lamina da espada com a bainha em um cinto da calça de camponês. - É a razão para que esteja insatisfeita consigo mesma. Sabe que os ferimentos ainda estão abertos e por ter este conhecimento, faz seus pensamentos se voltarem para esse único ponto.

- Mas outros ferimentos virão, certo? - indagou Selene, cerrando os punhos em volta do cabo da espada. - Eu não deveria ficar preocupada com eles enquanto estou no meio de uma batalha. Ferimentos são uma questão quase nula nessa situação.

- Esses ferimentos em seus braços são uma questão indecifrável, não acha? - Kaine aproximou-se dela, tamborilando os dedos sobre os cortes delicadamente. - Por ser assim, você quer saber como decifra-la, a atenção voltada completamente para isto. Tente deixar a mente vazia, Selene. Não direi que a causa é a espada em si; você se sente insuficiente com essa e com a que possuía no Mundo Real.