Capítulo Oito

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Na quinta-feira de manhã, quando chegou à Pretty in White, Lana estava correndo. Seu despertador decidira não tocar, fazendo-a acordar dez minutos depois do horário habitual, o salto de seu sapato resolvera quebrar, bem na hora que estava saindo de casa, e ela ainda tinha enfrentado um trânsito terrível na Avenida Michigan. Como resultado, estava vinte minutos atrasada para encontrar uma nova cliente.

— Oi, Sue! — exclamou Lana, enfiando as chaves do carro na bolsa, passando pela secretária numa corrida.

Sue ergueu os olhos do computador.

— Espere, Lana, você... — Tentou dizer, mas Lana já havia passado por ela como não mais que um borrão. — Acho que vai ser uma surpresa, então. — murmurou consigo mesma e voltou sua atenção para o computador.

Lana entrou na sala de cabeça baixa, revirando a bolsa em busca de sua agenda. Quando ergueu os olhos, avistou o delicado arranjo de flores sobre sua mesa. Ela parou no meio do pequeno escritório, olhou para os lados, depois por sobre o ombro, como se achasse que veria quem entregara aquilo saindo pela porta. Mas não havia ninguém ao redor. Ela voltou a observar as flores.

O belo arranjo de tulipas vermelhas, mergulhadas num elegante vaso de vidro quadrado, fez Lana sorrir. Ela largou a bolsa numa cadeira e se aproximou. Não precisava ler o cartão para saber quem havia enviado as flores, mas, mesmo assim, pescou-o de entre os ramos verdes.

Queria saber o que ele escrevera dessa vez:

E agora, já teve tempo para pensar?

M.

Ela leu a simples pergunta uma dezena de vezes. Ele estava falando do beijo e, apesar da pergunta, dando espaço para ela decidir o que queria fazer em relação a isso. Era algo que Lana não esperava.

Malcolm parecia o tipo de homem que conquistava o que queria, quando queria. Parecia não, pensou melhor. Sabia que ele era exatamente esse tipo de homem. Lembrou-se do aniversário, do que ele dissera sobre sempre conseguir o que queria na primeira tentativa — a lembrança disso, da promessa sedutora nos olhos dele, ainda a deixava meio trêmula. Somado a isso, tinha o fato de que ele já dissera que a queria.

Sabia que Malcolm era um homem de iniciativa. Ele não seria poderoso e bem sucedido se fosse do tipo que ficava esperando. Mas, ao que parecia, era exatamente isso o que estava fazendo em relação a ela.

Enviar flores, pensou Lana, era um passo dado para seduzir, não simplesmente conquistar.

— Evans.

Ela se virou e fitou Vivian Hamilton parada na soleira da porta de seu escritório

Ah, merda, era só o que faltava!

— Senhorita Hamilton, olá. — Lana recolocou o cartão no envelope e, discretamente, deixou-o sobre a mesa, ao lado das flores.

— A Noiva Collins já está aqui. Faz quase uma hora que ela está à sua espera.

Não fazia nem meia hora, pensou Lana, mas evitou uma discussão com a chefe. As flores tinham melhorado o seu humor. Não o suficiente para querer abraçar Vivian — imaginava que nem todas as flores do mundo fariam isso acontecer —, mas o bastante para fazê-la ignorar o olhar de gato desdenhoso da chefe.

Lana começou a reunir seu material de trabalho.

— Eu estava indo para a sala de reuniões. — disse ela, tirando a agenda da bolsa.

Vivian a fitou com uma expressão carrancuda, como a de alguém que experimentou algo muito amargo e nunca se recuperou da sensação.

— Sabe, nós não promovemos você para que chegasse mais tarde. Um cargo mais alto requer mais comprometimento.

Sombras no SolOnde histórias criam vida. Descubra agora