Capítulo Vinte

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Lana estava em sua sala, resolvendo algumas pendências para o Chá de Amanda. O evento aconteceria no próximo sábado e, apesar de tudo estar indo bem, ela sempre verificava o andamento dos detalhes para que não houvesse nenhuma surpresa desagradável.

O serviço de buffet havia confirmado todos os itens do cardápio que ela e Amanda haviam montado; o serviço de decoração entregaria as peças na sexta-feira à noite; Emily já estava com todos os doces encaminhados; e a florista tinha feito mágica e conseguira camélias saudáveis em pleno verão.

No que dizia respeito ao Chá de Amanda, tudo estava indo bem.

Descartando mais um item em sua lista, Lana recostou-se na cadeira e massageou as têmporas. Estava feliz com o trabalho, mas também estava exausta. Apesar de que sua rotina tivesse mudado um pouco, agora que ela se mudara para a casa de Malcolm, Lana não acreditava que esse fosse o motivo de seu cansaço. Ela estava preocupada e ansiosa com o casamento de Amanda, que cada dia ficava mais próximo, e essa preocupação e ansiedade sempre a deixavam exausta. O tempo que passava com Malcolm e Anthony a ajudava a relaxar. Eles sempre faziam alguma coisa diferente todas as noites, depois das tarefas e do jantar, que ajudavam tanto ela quanto Malcolm a aliviarem o estresse de seus dias de trabalho.

Era uma rotina familiar, em que eles haviam mergulhado natural e inconscientemente. Era uma rotina que eles não conseguiam evitar.

Por mais que Lana dissesse a si mesma que só estava vivendo na mansão porque Malcolm queria garantir sua segurança, ela não conseguia evitar que uma chama de esperança se acendesse cada vez que ia para a mansão e passava seu tempo livre com Anthony, conversando ou brincando com ele, e com Malcolm, ajudando-o com o filho, conversando com ele sobre coisas bobas, ou perdendo-se nele quando faziam amor.

Ela estava mergulhando naquela rotina. Estava começando a acostumar-se com ela, a ansiá-la quando o estresse a dominava. Mas Lana sabia que não era prudente.

Podia estar mergulhando sozinha.

Malcolm, ela pensou, era um homem maravilhoso. Ele se importava com ela, ouvia o que ela dizia e era carinhoso. Mas, agora que vivia com ele, os segredos que ele ainda mantinha tornavam-se ainda mais evidentes.

Havia momentos em que o homem atencioso e carinhoso, que se mostrava para ela e para Anthony cada vez mais, dava lugar a um homem sério, distante e sombrio. E não havia muito que ela pudesse fazer para alcançá-lo nesses momentos.

Malcolm simplesmente não conversava com ela sobre o que ocasionava suas mudanças de comportamento. E, porque prometera esperar, ela não insistia.

Mas, agora que estava vivendo tão próxima a Malcolm, agora que viva e ouvia coisas, ela sabia que estava chegando ao próprio limite de tolerância.

A atitude de Malcolm mudava sempre quando Daniel, às vezes acompanhado de Serena ou de alguém que ela não conhecia, aparecia para reuniões de última hora na mansão. Como naquela noite em que Lana jantara na mansão e depois fora embora porque Malcolm tivera um assunto urgente para resolver. Ou mesmo na noite em que a Eclipse foi incendiada.

Após quase um mês vivendo na mansão, Lana acabou descobrindo que aquelas reuniões aconteciam com frequência. Ela ficava pensando o que era tão importante nos negócios de Malcolm que demandava tantas reuniões de última hora.

Por algum tempo, imaginou que podia estar havendo alguma crise nas empresas de Malcolm, mas logo ela descartou essa ideia, pois, entre um murmúrio e outro, ela ouviu alguém mencionar a Eclipse e a palavra assassinato relacionada à boate. Uma vez que sabia que o incêndio não tivera vítimas, só podia imaginar que, se houvera assassinato, ele fora anterior ao incêndio.

Sombras no SolOnde histórias criam vida. Descubra agora