Capítulo Vinte e Sete

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Malcolm estava à mesa, com Anthony, tentando convencer o filho de que ele devia beber um pouco de água. Pelas suas contas, Anthony já devia estar no terceiro prato de doces e quinto cupcake. Não compreendia como o garoto conseguia colocar tantos doces para dentro, mas, se isso fosse um esporte olímpico, Anthony certamente seria o orgulho da família.

Por isso ele tentava fazer com que o filho bebesse água. Para amenizar, ao menos um pouco, aquela quantidade absurda de doces que o menino estava comendo e que ninguém, nem mesmo ele, tivera coragem de detê-lo.

Malcolm observou Anthony dar uma mordida num cupcake de chocolate, os cantos dos lábios lambuzando-se no processo. Podia dizer que, apesar de estar se empanturrando, o filho já demonstrava sinais de cansaço. Não faltava muito para o menino reclamar de sono.

Será que assim ele pararia de comer doces?, perguntou-se Malcolm, mas o pensamento era mais de divertimento que de preocupação.

Ele desviou os olhos do filho e observou a mãe se aproximar da mesa. Ótimo, pensou Malcolm. Estivera esperando por ela.

Como a festa estava se encaminhando para o final, havia algo que Malcolm planejava fazer e precisava da ajuda da mãe para isso.

Ele se levantou quando Ellen parou à sua mesa.

- Mãe, você pode ficar de olho em Anthony para mim?

Ellen o fitou e sorriu, o gesto radiante ao encontrar a expressão determinada nos olhos do filho.

- É claro, querido. Você vai procurar Lana agora? - Ela quis saber, empolgada como uma garotinha ansiosa para receber seu presente de aniversário.

Malcolm assentiu em confirmação.

- Sim, vou. Está quase no fim da festa. Acho que é um bom momento.

- É um ótimo momento. Essa noite também é dela. - Ellen surpreendeu o filho atirando-se nos braços dele e abraçando-o com força.

- Mãe. - murmurou Malcolm, dividido entre surpresa, constrangimento e divertimento. - Mãe, isso não é...

- Shh. Estou feliz. Deixe-me ficar feliz.

- Que tal esperarmos e vermos se Lana vai concordar?

- Ah, ela vai. - replicou Ellen, afastando-se para fitar o filho com os olhos verdes e determinados. - Ela seria louca se não aceitasse.

- Ela é algo mais sério que louca. Ela é teimosa.

- Mas não é estúpida. - replicou Ellen. - Você pegou o que precisava?

Malcolm deu um tapinha no peito do smoking, cujo bolso interno continha o objeto sobre o qual a mãe estava falando.

- Está comigo. Obrigado por cedê-lo.

- Eu só fiz isso porque a mulher que vai usá-lo merece.

- Vamos esperar que ela aceite usá-lo.

Ellen lançou mais um olhar na direção do filho. Então, riu.

- Você está nervoso, querido. Nunca o vi inseguro antes.

- Eu só... Ela é teimosa.

- Bem. Então por que não vai procurá-la e confirma se ela é mesmo teimosa ou simplesmente ponderada, inteligente e justa como eu acho que é?

- Excelente ideia. - Malcolm assentiu, respirando fundo e fechando o último botão de seu terno, como um soldado arrumando seu uniforme para partir para a batalha. - Anthony, não saia de perto da sua avó.

Sombras no SolOnde histórias criam vida. Descubra agora