Capítulo Quinze

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- Você tem certeza disso, Cyrus? - perguntou Malcolm ao motorista, o tom calmo na superfície, mas os olhos queimando, furiosos. Um ataque direto, mesmo em forma de perseguição, colocava as coisas em outro nível. E era sempre feio quando ele precisava reagir.

Malcolm segurou Lana pelo braço quando a viu virar a cabeça para trás.

- Não faça isso. Não olhe por sobre o ombro. Eles vão saber que percebemos.

- Está bem. - concordou Lana em voz baixa, sem se importar com o tom imperativo dessa vez. A situação era completamente diferente agora.

- Há quanto tempo eles estão atrás de nós? - quis saber Malcolm, voltando a falar com Cyrus.

- Desde que saímos da rodovia principal.

- Você sabe quem é?

- Não. - Cyrus encontrou o olhar do patrão através do espelho retrovisor. - Não reconheço esse carro.

Malcolm assentiu.

- Siga por uma rota alternativa, Cyrus. - disse ele e fitou Lana. - Desculpe por isso. Eu não queria assustá-la.

- Não peça desculpas. Isso não é culpa sua.

Sim, é sim, pensou Malcolm. Mas não fez nenhum comentário. Ele buscou seu celular quando Cyrus virou uma esquina, mudando a rota deles de surpresa.

O carro que os seguia também dobrou a esquina.

- Phillip. - disse Malcolm ao celular, atento a movimentação ao redor. - Estamos com um problema. Meu carro está sendo seguido. Não, nós estamos bem. Só não sei quem está atrás de nós. Preciso que você reforce a segurança da mansão. Diga a todos para ficarem alertas. Não quero correr o risco de um ataque simultâneo. - Ele fez uma pausa, ouviu o padrasto por algum tempo. - Diga à mamãe que eu entendi e que vou me cuidar. Por favor, fique de olho no Anthony. - pediu ele. Após uma breve despedida, desligou. Então, voltou a falar com o motorista. - Mude a rota de novo, Cyrus.

Lana gostaria muito de entender se essa "rota" a que Malcolm se referia era aleatória - como uma escolha de Cyrus naquela hora - ou se era algo pré-estabelecido e usado em situações como a que estavam naquele momento. Se fosse a segunda opção, ou Malcolm era muito meticuloso e prevenido, ou aquilo acontecia com frequência.

Ela o fitou.

- Isso já aconteceu com você?

- Sim. - Ele assentiu, sucinto, e verificou o retrovisor. O carro continuava a segui-los, agora mais de perto. - Tem um monte de gente que vem atrás de mim, querendo causar algum dano a mim ou à minha família. De novo, Cyrus. - O motorista seguiu a ordem e o carro dobrou a esquina junto com eles, dando a Malcolm a confirmação que ele precisava. - Sem surpresa. Eles conhecem nossas rotas. - observou, enquanto olhava através do retrovisor o veículo às costas do seu.

- E agora sabem que percebemos a presença deles. - murmurou Cyrus.

Malcolm olhou ao redor, para a rua e os conjuntos de prédios que os cercavam. Ele fez uma careta.

- Merda, Cyrus. Não devíamos ter pego esse caminho. Eles estão tentando nos encurralar.

Os olhos de Cyrus adquiriram um brilho sombrio.

- Não vão conseguir, senhor.

Um movimento ao lado de Lana, do lado de fora da janela, chamou sua atenção. Quando seguiu a movimentação, ela arregalou os olhos.

- Eles já fizeram isso! - exclamou ela e, restando-lhe apenas a reação, lançou-se sobre Malcolm quando a pessoa mascarada do outro veículo atirou.

Sombras no SolOnde histórias criam vida. Descubra agora