Capítulo Sete

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Lana estava finalizando os detalhes para um chá de panela, que aconteceria no sábado, enquanto murmurava uma música que acabava de inventar. A canção acompanhava seus pensamentos e, sempre que se distraía, as notas tornavam-se mais agudas, como um alerta, como se ela estivesse obrigando a si mesma a voltar a atenção para o trabalho.

Esse hábito de murmurar músicas era antigo e, geralmente, eficiente em fazê-la se concentrar.

Mas não hoje, pensou.

A mente continuava voltando ao brunch de domingo, à intereção que ela vira entre Malcolm e Anthony, e à conversa que tivera com Malcolm.

Fazia tão pouco tempo que conhecia tanto o pai, quanto o filho. Então, como podia pensar tanto neles? E aí é que estava a questão. Ela pensava nos dois. Tinha imaginado que, com Anthony, desenvolvera uma espécie de afinidade, algo natural quando se tratava de crianças fofas e adoráveis. Simpatizava com Anthony, tinha dito a si mesma. Mas, então, simpatia não levava à fúria que ela sentira e colocara para fora quando vira Malcolm magoar o menino.

Mas, pensava Lana, se aquilo não era simpatia, o que era?

Tinha medo de responder essa pergunta.

E Anthony não era o único Sullivan a ocupar sua mente. O que ela sentia por Malcolm, aquela forte atração. Tudo bem que ele tivesse magoado Anthony, mas, até onde sabia, ele estava tentando consertar seu erro. E isso só tornava a atração mais forte.

Mas ela tentava convencer a si mesma que isso devia ser, tinha que ser, uma dessas reações puramente físicas que atingiam as mulheres vez ou outra. Quer dizer, quem não se sentiria atraída por um homem bonito, altivo, sedutor e que tentava ser um pai melhor? Bem, talvez uma boa quantidade de mulheres não se sentisse, mas, ainda assim, havia aquelas que ficavam mexidas. Ela fazia parte dessa segunda parcela. Era só uma reação física a qual era propensa.

Certo?

Lana pensou na conversa que tivera com Malcolm, no corredor da casa dos pais dele, e a memória disso a fez estremecer. Se a babá não tivesse interrompido, eles teriam se beijado, com certeza.

Ela só não tinha certeza se ficariam só nisso.

O que sentia por Malcolm podia ser uma atração física, mas não se lembrava de já ter sentido algo tão forte, tão apelativo e intenso. O modo como ele a olhava, como sorria, como falava, eram tão desconsertantes que, às vezes, ela precisava admitir, transformava seu cérebro em marshmallow.

Ela nunca tinha encontrado um homem que transformasse seu cérebro em marshmallow.

Talvez isso, também, fosse algo que acontecia com as mulheres, vez ou outra. Algumas conseguiam encontrar um cara sedutor e capaz de virar seus sentidos de cabeça para baixo. Algumas eram ousadas o bastante para embarcar num caso com esse tipo de homem. E a maior parte, provavelmente, saía disso magoada.

Esse era o problema com o que sentia, não era?, pensou Lana. Era o que a preocupava. Uma atração era como uma chama ardendo, mais forte e intensa que o habitual, mas que, eventualmente, se apagava. Ela sabia que, quando se apagasse, alguém sairia magoado.

E era pouco provável que fosse Malcolm.

Por isso tinha fugido, quando Sandy interrompera seu momento de quase beijo com Malcolm.

Tinha medo de ceder àquela atração, mesmo quando a sentia tão forte e intensa. Já passara da época em que mergulhava numa paixão avassaladora, movida por impulso e desejo, aos invés de pensar bem antes de ceder. Uma vez havia sido suficiente.

Sombras no SolOnde histórias criam vida. Descubra agora